Carlos III não mencionou Trump pelo nome, mas insistiu na soberania do Canadá
O rei Carlos III nunca mencionou o nome do presidente norte-americano, Donald Trump, durante o Discurso do Trono ou a mensagem pessoal inicial, em que lembrou que esta era a sua 20.ª viagem ao Canadá. Mas insistiu várias vezes na soberania deste país.
“O Canadá enfrenta outro momento crítico. A democracia, o pluralismo, o estado de Direito, a autodeterminação e a liberdade são valores que os canadianos prezam e que o governo está determinado a proteger”, disse o rei no discurso no Senado, em Otava, ponto alto da sua visita de pouco mais de 24 horas ao país.
“Todos os canadianos podem dar a si próprios muito mais do que qualquer potência estrangeira em qualquer continente pode tirar”, insistiu o monarca, que terminou o discurso citando um verso do hino nacional canadiano lembrando que “o Verdadeiro Norte é mesmo forte e livre”.
O nome de Trump, que insiste em querer que o Canadá seja o 51.º estado dos EUA, não foi mencionado. Mas a relação entre os dois vizinhos foi, num mundo que, desde a II Guerra Mundial, disse que “nunca foi tão perigoso e imprevisível”.
O monarca, que falou tanto em inglês como em francês, lembrou que o primeiro-ministro do Canadá e o presidente dos EUA começaram a definir uma nova relação económica e de segurança, “enraizada no respeito mútuo e no interesse comum” de gerar benefícios transformacionais para “as duas nações soberanas”.
Carlos III disse que o Canadá tem “os valores que o mundo respeita” e “está pronto para construir uma coligação de países com ideias semelhantes que partilhem os seus valores, que acreditem na cooperação internacional e na troca livre e aberta de bens, serviços e ideias”.
E repetiu que o Canadá “está pronto para liderar”, neste “mundo novo e em rápida evolução”, algo que o primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, tem afirmado, dizendo que, apesar das mudanças drásticas no mundo, também existem “oportunidades incríveis”.
O rei falou precisamente de como o governo está “a trabalhar para reforçar as suas relações com parceiros comerciais e aliados de confiança”, em mais um recado para os EUA.
O Discurso do Trono é escrito pelo chefe do governo e inclui as prioridades do executivo. É apenas a terceira vez que o monarca está presente para o ler — Isabel II só o fez em duas ocasiões, em 1957 e 1977. O discurso marca a abertura do 45.º Parlamento do Canadá.
Antes de deixar o país, o rei ainda prestou homenagem aos soldados mortos nas várias guerras, colocando uma coroa de flores no túmulo do Soldado Desconhecido.