Avozinhas climáticas, a morte de O.J. e a América a olhar o Sol
SÁBADO
Governo au grand complet tira foto de família em Óbidos
Foi na Praça de Santa Maria, em Óbidos, que o primeiro-ministro, os seus 17 ministros e os 41 secretários de Estado tiraram a primeira foto au grand complet do XXIV Governo Constitucional, depois de uma breve viagem a partir de Lisboa em dois autocarros da Rodoviária do Oeste, e de terem sido recebidos por um protesto de agricultores. Um dia depois de o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa ter dado posse aos secretários de Estado, este Conselho de Ministros informal teve como objetivo primeiro preparar o Programa do Governo que seria apresentado na quarta-feira. À chegada, enquanto percorria as ruas do centro da vila do distrito de Leiria, Luís Montenegro reafirmou que os compromissos de campanha “são para cumprir” - e que isso incluía a tão falada mudança de logótipo de que jurou não se arrepender. “Era o que faltava!”, exclamou depois de questionado pelos jornalistas.
DOMINGO
Seis meses e muitas dúvidas sobre a guerra Israel-Hamas
O que se sabe dos reféns israelitas? Que danos é que Israel causou verdadeiramente ao Hamas? Qual a situação humanitária em Gaza? A guerra está mais perto de alastrar à região? É possível chegar a um cessar-fogo? E que cenário para o futuro de Gaza? Seis meses depois do ataque do Hamas que a 7 de outubro apanhou os israelitas de surpresa resultando na morte de 1170 pessoas e com outras 253 a serem levadas reféns para Gaza são mais as dúvidas do que as certezas. A retaliação israelita já terá, segundo números do Hamas, custado a vida a mais de 33 mil pessoas, mais de um terço menores de idade, com a falta de alimentos e medicamentos a agravar-se de dia para dia. Com muitas dúvidas sobre a situação dos reféns - ou sequer se estão vivos -, as famílias têm vindo para a rua juntar-se aos protestos contra o Gverno de Benjamin Netanyahu, cada vez mais isolado internacionalmente. Apesar das perdas, o Hamas parece longe de derrotado e cada vez é mais provável o envolvimento na guerra de grupos apoiados pelo Irão, como o Hezbollah no Líbano. Um conflito que meio ano depois de começar continua sem fim à vista.
SEGUNDA
Olhar o céu sob o fascínio de um eclipse total
Quem vive ou, por coincidência, se encontrava nesta segunda-feira no México, EUA ou Canadá teve a oportunidade rara de assistir a um eclipse total do Sol. Claro que o momento mais alto foi quando a Lua tapou totalmente o brilho do Sol, mas milhões de pessoas (só nos EUA foram 32 milhões) já estavam a olhar para o céu com os seus óculos especiais - evitando assim os danos na retina que podem ser causados pelo facto de se olhar diretamente para o Sol durante o eclipse - enquanto o céu ia ficando cada vez mais escuro e a temperatura caia uns graus. Foram muitos os que se deslocaram especificamente para a rota da totalidade, para se juntarem a algumas das festas organizadas para assistir a este fenómeno. Afinal outra oportunidade não vai surgir tão cedo. Aqui em Portugal teremos de esperar até 12 de agosto de 2026 para podermos assistir a um eclipse total do Sol.
TERÇA
A vitória das avozinhas suíças na luta pelo clima
“Algumas de nós somos assim. Não fomos feitas para estar sentadas numa cadeira de baloiço a tricotar.” Quem o disse à BBC foi Elisabeth Stern, 76 anos e membro da KlimaSeniorinnen, uma associação suíça de Idosos pela Proteção do Clima que viu o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos decidir a seu favor no processo que moveu contra o Estado suíço. O TEDH condenou a Suíça por violar o artigo 8.º da Convenção Europeia dos Direitos Humanos que aborda o “direito ao respeito à vida privada e familiar”, na primeira decisão contra um Estado por falta de iniciativas para combater o aquecimento global. A KlimaSeniorinnen, formada por 2500 mulheres com média de idade de 73 anos, denunciou que as “deficiências” das autoridades suíças em termos de proteção climática “prejudicam gravemente o seu estado de saúde”. Este foi o único dos três casos sobre os quais o TEDH se pronunciou em que deu razão aos queixosos. Já a queixa de um grupo de jovens portugueses contra 32 países por inação no combate às alterações climáticas foi rejeitado. Mas os ativistas não desanimaram e consideram ter aberto “uma grande fenda”, mas ainda é preciso derrubar “o muro”.
QUARTA
Um Programa do Governo que vai beber à oposição
Enquanto pelo mundo islâmico se celebrava o Eid al-Fitr, o fim do Ramadão, e em Bruxelas o Parlamento Europeu aprovava o novo Pacto Sobre Migração e Asilo, em Lisboa o ministro da Presidência, António Leitão Amaro apresentava o programa do governo de Luís Montenegro aprovado em Conselho de Ministros. Tendo por base o programa eleitoral com que a AD se apresentou às eleições, mas incorporando “mais de 60 medidas de programas eleitorais de outros partidos”, o documento vai agora ser debatido no Parlamento. Mas algumas medidas já se destacam, como um suplemento remuneratório de desempenho na Função Pública, a recuperação do tempo de serviço dos professores ao longo de cinco anos, assegurar aos utentes, até ao final de 2025, consulta de medicina geral e familiar em tempo útil e atribuir um médico de família a todos os portugueses, a definição de cinco eixos para a habitação. Além de muitas outras. Na oposição, o Chega saudou uma aproximação a algumas das suas propostas, o Bloco avança com uma moção de rejeição.
QUINTA
Morreu O.J. Simpson, mas ficam as dúvidas sobre o seu crime
O primeiro running back a correr mais de duas mil jardas (mais de 1800km) numa temporada, famoso pelo tempo nos Buffalo Bills, a carreira de sucesso no futebol americano fez de O.J. Simpson uma das primeiras estrelas negras nos EUA. Mas o ex-jogador - que morreu aos 76 anos - será sempre lembrado pelo “julgamento do século”, no qual respondeu pela morte da ex-mulher e de um amigo. Em 1995, O.J. foi ilibado do homicídio de Nicole Brown e Ronald Goldman em Los Angeles, um veredito controverso, que continua a gerar dúvidas, quase 30 anos depois. A queda abrupta de O.J. foi seguida por milhões de americanos na televisão, desde a perseguição policial que levou à sua detenção, às incidências do julgamento, com forte componente racial. Apesar da absolvição em 1995, um caso separado condenou-o, dois anos depois, a pagar 33,5 milhões de dólares aos familiares de Brown e Goldman, pela responsabilidade nas suas mortes. Mais tarde, viria a passar nove anos preso no Nevada, por assalto à mão armada e outros delitos, saindo em liberdade condicional em outubro de 2017. “Morreu sem fazer penitência”, disse o advogado David Cook, que representa a família Goldman.
SEXTA
Bélgica abre inquérito a ingerência russas nas eleições europeias
A menos de dois meses das eleições europeias - entre 6 e 9 de junho - a entrada do edifício do Parlamento Europeu em Bruxelas exibe painéis com o slogan “Use your vote”. Mas enquanto as campanhas não arrancam oficialmente, a Bélgica anunciou a abertura de uma investigação às redes pró-russas que tentam influenciar os resultados. O objetivo de Moscovo, explicou o primeiro-ministro belga Alexander de Croo, é trazer mais candidatos pró-Rússia para o Parlamento Europeu, enfraquecendo o apoio da UE à Ucrânia. Depois de denúncias da Polónia e da Chéquia, De Croo confirmou que os serviços secretos belgas descobriram várias redes pró-Kremlin a atuar na Bélgica e noutros países da União, algumas delas pagando a candidatos para emitirem opiniões pró-russas. Um dos receios que o DN ouviu nos corredores do Parlamento Europeu, numa visita esta semana, é o de um aumento maciço da votação na direita radical, alterando o equilíbrio de forças no Parlamento Europeu saído das próximas eleições.