Autoridades estimam em 380.000 manifestantes em França, CGT fala em mais de 1,5 milhões
O Ministério do Interior francês estimou em cerca de 380.000 os manifestantes que esta quinta-feira saíram à rua em França, na 12.ª jornada de protesto contra a lei das pensões, enquanto a central sindical CGT contabilizou "mais de 1,5 milhões".
Tanto para as autoridades como para os sindicatos, a contestação pareceu hoje registar um recuo na mobilização na maioria das cidades do país, na véspera da muito aguardada decisão do Conselho Constitucional sobre a legalidade do diploma.
A revisão da lei das pensões - um projeto impulsionado pelo Presidente da República francês, Emmanuel Macron, que aumenta a idade de aposentação sem penalizações financeiras de 62 para 64 anos - foi aprovada sem votação na Assembleia Nacional, recorrendo a uma disposição prevista na Constituição francesa que permite fazê-lo.
A Confederação Geral do Trabalho (CGT) tinha inicialmente anunciado num comunicado "mais de um milhão" de participantes nos protestos de hoje, o que teria constituído o menor grau de adesão reivindicado pela central sindical desde o início do movimento de contestação popular, a 19 de janeiro.
A sua secretária-geral, Sophie Binet, divulgou posteriormente uma nova estimativa, segundo a qual "mais de 1,5 milhões de pessoas" se manifestaram hoje em todo o país contra o aumento da idade de reforma e do número de anos da carreira contributiva para se ter uma pensão sem penalizações financeiras.
Os números oficiais (cerca de 380.000 manifestantes) representam a segunda mais fraca mobilização desde o início do movimento, após a de 11 de março, estimada pelas autoridades em 368.000 participantes nos protestos a nível nacional.
Como ocorreu em jornadas anteriores, foram registados confrontos com a polícia em algumas cidades francesas.
Em Nantes (oeste), onde entre 10 mil a 25 mil pessoas terão estado nas ruas (segundo os dados fornecidos pela polícia e pelos sindicatos, respetivamente), os manifestantes atiraram projéteis contra a polícia, que respondeu com granadas de gás lacrimogéneo, de acordo com o relato das agências internacionais.
Em Paris, os manifestantes invadiram por breves momentos a sede do grupo francês de marcas de luxo LVMH, no reconhecido bairro dos Champs-Elysées. No interior, os manifestantes lançaram engenhos de fumo e entoaram fortes assobios.
O edifício do Conselho Constitucional, que fica no Palais Royal, em pleno centro da capital francesa, foi colocado sob forte vigilância. Hoje de manhã, uma tentativa de bloquear o edifício com contentores e bombas de fumo resultou em quatro detenções.
O prefeito da polícia de Paris emitiu entretanto uma ordem a proibir todas as manifestações nas proximidades da instituição, a partir de hoje à tarde até ao início da manhã de sábado.
O Conselho Constitucional francês (um conselho de sábios, o equivalente ao Tribunal Constitucional português) deverá pronunciar-se na sexta-feira sobre a constitucionalidade da nova lei das pensões, aprovada com recurso a uma disposição constitucional e sem votação no parlamento.
Entre os vários cenários possíveis, o conselho poderá validar ou rejeitar, parcial ou totalmente, a nova lei das aposentações que prevê, entre outros aspetos, o aumento dos 62 para os 64 anos a idade de reforma sem penalizações financeiras em França.