"Assassinos!" Rei de Espanha e Pedro Sánchez recebidos com lama e gritos de revolta em Paiporta
Os residentes da localidade valenciana de Paiporta aremessaram este domingo lama e outros objetos na direção do rei Filipe VI, do primeiro-ministro Pedro Sánchez e do presidente da Generalitat Valenciana, Carlos Mazón, durante a visita que estes governantes fizeram àquela que é uma das zonas mais afetadas pelas cheias.
De acordo com o jornal espanhol El País, esta ação de protesto foi espontânea e apanhou de surpresa as forças de segurança. A população gritou ainda palavras de ordem como “Assassinos!", "Pedro Sánchez, filho da puta!", "Peçam ajuda, já!" ou ainda “As pessoas estão a morrer e vocês vêm agora?”.
Pedro Sánchez teve mesmo de ser evacuado daquela zona, assim como a rainha Letícia, enquanto o se aproximou de algumas pessoas para conversar e ouvir as suas queixas. Isto enquanto as forças de segurança tentavam evitar que Felipe VI fosse agredido, tentando ao mesmo tempo conduzi-lo até aos automóveis da comitiva real.
De acordo com a estação de televisão TVE, após alguns minutos a falar com as pessoas, o rei acabou por abandonar Paiporta no seu carro, ao lado da rainha, que já se encontrava no interior da viatura desde que surgiram os primeiros protestos com o aremesso de lama.
A revolta em Paiporta é explicada pelo facto de ser a localidade onde mais pessoas morreram e onde a população está há cinco dias a limpar as ruas e as suas casa, numa tentativa de recuperar a normalidade, acusando por isso as instituições de os terem abandonado.
Visita de Felipe VI, Sánchez e responsáveis locais a Chiva foi suspensa
A visita dos reis e do presidente do Governo de Espanha, bem como do presidente da comunidade Valenciana à localidade de Chiva, uma das mais afetadas pelo mau tempo na última semana, foi suspensa depois dos confrontos em Paiporta.
A decisão foi tomada depois das 15:00 locais (14:00 em Lisboa) e após os reis Felipe VI e Letícia terem abandonado a localidade de Paiporta pouco antes, no seguimento dos protestos com que foram recebidas as autoridades, noticia a agência espanhola Efe.
Número de mortos sobe para 217
Entretanto, o número de mortos das cheias em Espanha subiu para 217, de acordo com o último balanço das autoridades.
O temporal e as inundações de terça-feira atingiram sobretudo a região de Valência, onde estão confirmados 213 mortos, segundo o ministro de Política Territorial, Ángel Victor Torres.
Na região vizinha de Castela La Mancha, as autoridades regionais confirmaram três mortos e há mais uma vítima mortal na Andaluzia.
As equipas de resgate continuam no terreno e as autoridades reconhecem haver ainda dezenas de desaparecidos, sobretudo, na região de Valência.
O leste de Espanha foi atingido na terça-feira por um temporal que causou, provavelmente, as maiores inundações da Europa neste século, disse no sábado o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que reconheceu haver uma "situação trágica" na região de Valência e anunciou o envio de mais 5.000 militares para o terreno e de mais 5.000 elementos das forças de segurança.
Com este reforço, há já mais de 7.000 militares nas zonas afetadas pelas cheias e 10.000 elementos da Polícia Nacional e da Guarda Civil, no maior dispositivo de forças do Estado jamais mobilizado em Espanha em tempos de paz.
*com Lusa