António Costa diz que EUA "são amigos da União Europeia", mas "também entre amigos podem surgir problemas"
Foto: Gerardo Santos / Global Imagens

António Costa diz que EUA "são amigos da União Europeia", mas "também entre amigos podem surgir problemas"

Presidente do Conselho Europeu salienta que devem ser encontradas soluções, face às ameaças comerciais.
Publicado a
Atualizado a

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, defendeu esta terça-feira (4) que os Estados Unidos "são amigos" da União Europeia (UE) e que "também entre amigos podem surgir problemas", razão pela qual devem ser encontradas soluções, face às ameaças comerciais.

"Os Estados Unidos são nossos amigos, nossos aliados e nossos parceiros e também entre amigos podem surgir problemas e diferenças de opinião, [mas] quando isso acontece temos de os abordar, de falar e de encontrar soluções", disse António Costa.

Discursando no final da Conferência dos Embaixadores da UE sobre "A política externa europeia que dá resultados", em Bruxelas, o presidente do Conselho Europeu apontou que os blocos europeu e norte-americano "têm sido pilares da ordem baseada em regras, respeitando a soberania nacional, a integridade territorial, a estabilidade das fronteiras e a Carta das Nações Unidas".

"A União Europeia defenderá o respeito universal do Direito internacional e da ordem assente em regras em todo o lado", apontou, numa alusão às investidas do Presidente norte-americano, Donald Trump, sobre a Gronelândia, um território autónomo gerido pela Dinamarca.

O encontro surgiu numa altura em que Donald Trump reivindica um maior acesso ao Ártico e manifesta interesse em adquirir a Gronelândia, possibilidade que os líderes da UE rejeitam.

O Presidente dos EUA também tem ameaçado aumentar as taxas sobre importações de bens do bloco europeu.

Após ter tomado posse no início de dezembro passado, o também antigo primeiro-ministro português disse nesta intervenção que, durante estes dois meses de mandato, tem vindo a manter "contactos estreitos com dirigentes de todo o mundo". Segundo fontes ouvidas pela Lusa, não está para já previsto um encontro bilateral com Donald Trump.

"Foram mais de 30 reuniões e chamadas para melhorar o nosso empenho e proteger os nossos interesses. A União Europeia pode tirar partido dos seus pontos fortes [porque] dispomos dos instrumentos e da vontade política, [mas] precisamos de adaptar as nossas abordagens" e "é por isso que as cimeiras deste ano são tão importantes", vincou António Costa, aludindo aos encontros de alto nível marcados para 2025,com a África do Sul, a Ásia Central, o Brasil, o Reino Unido e o Japão.

"Estamos também a trabalhar em possíveis cimeiras futuras, nomeadamente com a União Africana e a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e das Caraíbas", referiu ainda o líder da instituição que junta os chefes de Governo e de Estado europeus.

As declarações surgem um dia após o primeiro retiro de líderes da UE, iniciativa criada por Costa para debates mais informais entre os chefes de Governo e de Estado europeus e dedicada desta vez à área da segurança e defesa.

Salientando que "a Europa da Defesa deve ser parte integrante do projeto de paz", António Costa disse que foi esse o resultado do retiro de segunda-feira, pois os líderes da UE "já não estão a discutir o 'se', mas 'o quê' e 'como'" reforçar e financiar o investimento em defesa.

Para meados de fevereiro, está prevista a apresentação do programa de trabalho da Comissão Europeia para 2025, bem como uma comunicação da instituição sobre o caminho a seguir para o próximo Quadro Financeiro Plurianual, enquanto em meados de março será publicado um Livro Branco sobre o Futuro da Defesa Europeia.

Cálculos da Comissão Europeia divulgados em junho passado revelam que são necessários investimentos adicionais na defesa de cerca de 500 mil milhões de euros durante a próxima década.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt