Alarme e preocupação no primeiro rascunho das conclusões da cimeira

Texto desafia os países a rever suas metas de corte de emissões até 2022, três anos antes do previsto.
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Os participantes nas negociações climáticas das Nações Unidas estão a avaliar uma primeira versão de uma conclusão da 26.ª conferência do clima das Nações Unidas (COP26), a decorrer em Glasgow, que destaca "alarme e preocupação" sobre o aquecimento global.

A versão inicial divulgada pela presidência britânica reconhece que o mundo já está sofrer com o impacto das alterações climáticas e reitera o apelo aos países que cortem cerca de metade de suas emissões de gases com efeito de estufa (GEE). O texto desafia os países a rever suas metas de corte de emissões até 2022, três anos antes do previsto, uma vez que os dados mostraram que os planos atuais estão longe de limitar o aquecimento a 1,5ºC.

O texto indica que limitar o aquecimento a 1,5ºC "requer uma ação significativa e efetiva de todas as partes nesta década crítica". Refere ainda que "reduções rápidas, profundas e sustentadas nas emissões globais de gases de efeito estufa" são necessárias para evitar os piores impactos do aquecimento, que já viu países em todo o mundo serem atingidos por enchentes, secas e tempestades mais violentas.

O rascunho menciona a necessidade de reduzir as emissões em 45% até 2030 em relação aos níveis de 2010 e atingir "neutralidade carbónica líquida" em meados do século. Tal implica que os países só emitam para a atmosfera a quantidade de GEE que pode ser absorvida novamente por meios naturais ou artificiais.

O texto pede aos países que "acelerem a eliminação do carvão e dos subsídios aos combustíveis fósseis", mas não faz nenhuma referência explícita ao fim do uso de petróleo e gás.

O projeto também reconhece "com pesar" que os países não cumpriram sua promessa de fornecer 100 mil milhões de dólares por ano em ajuda financeira até 2020 para ajudar as nações pobres com o aquecimento global.

O projeto reafirma as metas estabelecidas em Paris, em 2015, de limitar o aquecimento a 2 graus Celsius desde os tempos pré-industriais, com uma meta mais rigorosa de tentar manter o aquecimento a 1,5 graus Celsius.

Destacando o desafio de cumprir essas metas, o documento "expressa o alarme e a preocupação de que as atividades humanas tenham causado cerca de 1,1 graus Celsius de aquecimento global até o momento e que os impactos já sejam sentidos em todas as regiões".

Propostas separadas também foram lançadas sobre outras questões que estão a ser debatidas nas negociações, incluindo regras para os mercados internacionais de carbono e a frequência com que os países devem relatar seus esforços.

O que quer que saia da reunião em Glasgow tem que ser aprovado por unanimidade por quase 200 nações representadas nas negociações.

Decisores políticos e milhares de especialistas e ativistas reúnem-se até sexta-feira na COP26 para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030 e aumentar o financiamento para ajudar países afetados a enfrentar a crise climática.

A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.

Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.

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