A Universidade de Harvard, em Cambridge, Massachusetts.
A Universidade de Harvard, em Cambridge, Massachusetts.DR/Kris Snibbe/Universidade de Harvard

Academia contra-ataca: Harvard processa administração Trump e mais de 100 reitores assinam declaração conjunta

“O que está em jogo é a independência das universidades americanas frente ao uso político da máquina federal”, diz um dos signatários da carta coletiva
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Numa reação conjunta, mais de 100 reitores de universidades e presidentes de sociedades académicas dos Estados Unidos divulgaram uma declaração coletiva em resposta às ameaças da administração Trump contra instituições de ensino superior, classificando as ações governamentais como uma "interferência política sem precedentes".

O contra-ataque académico ocorre após o congelamento de 2,3 mil milhões de dólares (cerca de dois mil milhões de euros) em verbas federais para Harvard, em retaliação à recusa da universidade em aceitar uma série de exigências da administração, incluindo supervisão direta sobre o corpo docente, currículo e admissão de estudantes.

“O que está em jogo é a independência das universidades americanas frente ao uso político da máquina federal”, disse um dos signatários, citado pela agência Reuters, sob anonimato. A carta foi assinada por representantes de instituições como Princeton, Brown e Universidade do Havai, entre outras.

A declaração surge também depois de Harvard ter decidido reagir com um processo judicial, na segunda-feira (21), contra a adminsitração Trump, acusando-a de violar a Constituição ao tentar controlar a sua governança e conteúdo académico por motivos ideológicos.

"Nenhum governo — independentemente do partido que estiver no poder — deve ditar o que as universidades privadas podem ensinar, quem podem admitir e contratar, e quais as áreas de estudo e pesquisa que podem seguir", destaca o processo apresentado pela universidade.

Os advogados da instituição lembram que a tentativa do Governo de "coagir e controlar Harvard" ignora os princípios fundamentais contemplados na Primeira Emenda da Constituição que salvaguardavam a "liberdade académica".

A Universidade de Harvard, em Cambridge, Massachusetts.
O que está por detrás da guerra entre Trump e Harvard?

Numa carta aos estudantes e aos funcionários, o reitor de Harvard, Alan Garber, explicou recentemente que a instituição "não renunciará à sua independência, nem aos direitos que a Constituição garante".

Desde a sua posse em janeiro, Trump tem atacado universidades de prestígio sob a justificação de combater o que chama de “viés liberal”, especialmente após os protestos pró-Palestina em 2024. A retórica presidencial inclui ameaças de retirar estatutos de isenção fiscal, proibir matrícula de alunos estrangeiros e cortar verbas de instituições que mantêm políticas de diversidade e inclusão.

Agora, as universidades contra-atacam com um recado público: “Estamos abertos a reformas construtivas, mas não toleraremos a tentativa de instrumentalização do ensino superior”, afirmam na declaração coletiva.

* com agências

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