"A Ucrânia faz parte da nossa família europeia"
Os 27 prometem "estreitar os laços com a Ucrânia", dando uma perspetiva europeia, mas sem queimar etapas de um processo longo e burocrático.
Na reunião que terminou esta madrugada em Versalhes, França, os líderes europeus, garantiram fazer tudo o que tiverem ao alcance, ao nível de "sanções" para pressionar a Rússia a parar a "agressão militar não provocada e injustificada da Rússia contra a Ucrânia".
"A urgência, evidentemente é o cessar-fogo, é o empenho em negociações sinceras, e para isso devemos fazer pressão", afirmou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, dando conta dos resultados da reunião informal, organizada pela presidência francesa da União Europeia.
"Foi a ocasião de ter um debate muito intenso, para afirmar a determinação de trabalhar sobre as sanções, para as pôr em prática, para pressionar o regime [de Moscovo] e inverter a posição das autoridades russas", disse Charles Michel, acrescentando que o encontro "foi também a ocasião de mostrar um apoio firme e sem falhas à Ucrânia".
Para já, o apoio passa "pelo reconhecimento das aspirações europeias e a opção europeia da Ucrânia", e no âmbito do "o Acordo de Associação", referem os 27 no texto dividido em cinco parágrafos com as conclusões da cimeira.
Mas a noite de Versalhes ficou também a promessa de uma aproximação a Kiev e de apoio à reconstrução da Ucrânia.
"Certamente vamos trabalhar sobre laços mais estreitos, por exemplo no plano político", apontou o presidente do Conselho Europeu, dizendo que vão continuar a "convidar de forma regular o presidente Zelensky para os nossos trabalhos".
"Vamos trabalhar de forma muito concreta para ligarmos a rede, as infraestruturas, no sentido da União Europeia. E, estaremos também ao lado da Ucrânia para a ajudarmos financeiramente, a fim de podermos reconstruir o que foi destruído", prometeu.
Nas conclusões da cimeira, os 27 reconhecem "as aspirações europeias e a opção europeia da Ucrânia, em conformidade com o Acordo de Associação".
"Em 28 de fevereiro de 2022, o presidente da Ucrânia, exercendo o direito do seu país a escolher o seu próprio destino, apresentou o pedido de adesão da Ucrânia à União Europeia", recordam.
Destacando a "rapidez", da resposta da União Europeia, os 27 "convidam a Comissão a dar o seu parecer sobre esse pedido de adesão, em conformidade com as disposições pertinentes dos Tratados". Ou seja, respeitando todas as etapas de um longo processo burocrático.
Esse processo impõe a convergência do país para os padrões da União Europeia, cumprindo determinadas condições, conhecidas como "critérios de Copenhaga".
O que implica desde logo estabilidade política, respeitando os critérios democráticos, e de um Estado de Direito. O pais candidato deve funcionar como "uma economia de mercado livre", e deve aceitar "toda a legislação e regulamentação europeias, nomeadamente o euro".
Enquanto aguardam pelo parecer da Comissão Europeia, os 27 prometem "desde já reforçar ainda mais os nossos laços e aprofundar a nossa parceria, a fim de apoiar a Ucrânia na sua via europeia".
Os líderes europeus apelaram ainda que "sem demora, sejam disponibilizados fundos", para a que "a UE e os seus Estados-Membros" possam "continuar a demonstrar solidariedade e a prestar apoio humanitário, médico e financeiro a todos os refugiados e aos países que os acolhem".
"Estamos determinados a aumentar ainda mais a nossa pressão sobre a Rússia e a Bielorrússia. Adotámos sanções significativas e continuamos prontos a avançar rapidamente com novas sanções", prometem.
Os 27 responsabilizam a Rússia e a Bielorrússia pela "guerra de agressão", saudando "a decisão de abrir um inquérito tomada pelo procurador do Tribunal Penal Internacional".
"As pessoas responsáveis serão chamadas a prestar contas pelos seus crimes, incluindo os ataques indiscriminados contra civis e bens de caráter civil", afirmam, apelando "a que a proteção e segurança das instalações nucleares da Ucrânia seja imediatamente assegurada com a assistência da Agência Internacional da Energia Atómica".
Concluem dizendo que "a Ucrânia faz parte da nossa família europeia". Ao mesmo tempo convidam a Comissão a apresentar "os respetivos pareceres sobre os pedidos de adesão da República da Moldávia e da Geórgia".