Greve nos Silos de Leixões com 90% de adesão, trabalhadores pedem reunião à empresa

A paralisação afetou todas as cargas e descargas de cereais, nomeadamente o abastecimento à indústria alimentar, de moagens e panificação, e a descarga de navios, desde as 00.00 horas de sexta-feira até às 8 horas desta terça-feira acabando por se prolongar até final da manhã devido ao plenário.
Publicado a
Atualizado a

Os trabalhadores dos Silos de Leixões, Matosinhos, que terminaram esta terça-feira uma greve de quatro dias, com uma adesão de "cerca de 90%", decidiram em plenário propor à administração uma reunião para tentar chegar a acordo relativamente às suas reivindicações.

"No final dessa reunião, que, caso seja aceite, se realizará na próxima semana, os trabalhadores realizam novo plenário para decidir sobre um eventual acordo ou sobre novas formas de luta, caso a empresa mantenha a sua irredutibilidade perante as reivindicações apresentadas", disse à Lusa José Eduardo, do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB).

O dirigente do SINTAB referiu que em cima da mesa estarão aumentos salariais, melhores condições de trabalho e o direito a contratação coletiva, depois de a empresa ter afastado o Acordo Empresa da Silopor, após o início da concessão.

À porta da empresa, às 9 horas, estavam estacionados cerca de duas dezenas de camiões, a aguardar carregamento.

A paralisação afetou todas as cargas e descargas de cereais, nomeadamente o abastecimento à indústria alimentar, de moagens e panificação, e a descarga de navios, desde as 00.00 horas de sexta-feira até às 8 horas desta terça-feira, acabando por se prolongar até final da manhã devido ao plenário.

No que se refere à descarga de cereais no Porto de Leixões, Armando Santos, da Comissão de Trabalhadores da empresa, afirmou à Lusa que "há um navio de trigo na doca para descarregar desde segunda-feira".

Nestes dias de greve, dos 25, "apenas quatro trabalhadores temporários, um trabalhador do quadro há três meses e um engenheiro técnico da sala de comando, estiveram em funções", disse Armando Santos.

"Não há entregas para as grandes empresas que dependem dos cereais para rações ou para a indústria agroalimentar porque não há ninguém para fazer as descargas", sublinhou.

Segundo o SINTAB, os trabalhadores estiveram 12 anos sem aumentos salariais nem direito a contratação coletiva, depois de a empresa ter afastado o Acordo Empresa da Silopor, após o início da concessão.

"Perante a luta dos trabalhadores, e em resultado desta, a empresa processou, no ano passado, e à margem das negociações, aumentos salariais residuais, bem longe da reivindicação de 200 euros que os trabalhadores apresentaram", afirma o sindicato.

O SINTAB refere ainda que os aumentos aconteceram antes do atual momento de subida do custo de vida, que veio prejudicar "ainda mais" o poder de compra dos trabalhadores.

"Já este ano, perante a insistência do SINTAB, a empresa declarou não querer sequer discutir aumentos de salários e muito menos a aplicação de contratação coletiva", afirma o sindicato, acrescentando que a administração da empresa tentou, nos últimos dias, impedir a realização da greve, considerando-a ilegal.

A Lusa tentou obter uma reação às revindicações dos trabalhadores, mas tal não foi possível, uma vez que a administração "está fora", não se encontrando ninguém disponível para prestar declarações.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt