O Governo deve aprovar esta quinta-feira, em Conselho de Ministros, a reforma da supervisão financeira, reforçando a relação entre supervisores e criando uma entidade de resolução de bancos, autonomizando-a do Banco de Portugal..Segundo informação a que a Lusa teve acesso, essa autoridade será administrada por cinco membros, dois do Banco de Portugal (BdP), um da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), outro do Autoridade dos Seguros e Fundos de Pensões (ASF) e outro cooptado entre todos no Conselho Nacional de Supervisores Financeiros..Apesar de, nesta autoridade de resolução de bancos, o Banco de Portugal ter mais membros do que os outros supervisores financeiros, a alteração à lei impede-o de decidir sozinho sobre resoluções de bancos..Outra das alterações é deixar claro que a Inspeção-Geral de Finanças pode fiscalizar a gestão financeira do Banco de Portugal, à exceção das ações que estão relacionadas com as funções monetárias..O diploma altera ainda as incompatibilidades e os ‘períodos de nojo’ dos membros de órgãos de administração dos supervisores financeiros..Será impedida aos administradores a tomada de decisões sobre empresas com que tenham tido relação (vínculo ou relação contratual) nos três anos anteriores ao início do seu mandato e é reforçado para dois anos o período que tem de ser cumprido entre a saída de um administrador de um supervisor e a ida para uma empresa sujeita a esse supervisor..Este último ponto terá impacto sobretudo no Banco de Portugal. Em 2017 foi polémica a ida para administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD) do ex-diretor do Departamento de Supervisão Prudencial do BdP Carlos Albuquerque, seis meses depois de sair do supervisor bancário..A reforma da supervisão financeira reforça ainda o Conselho Nacional de Supervisores Financeiros (CNSF), com personalidade jurídica e recursos próprios, e fica ainda com a supervisão macroprudencial (que salvaguarda a estabilidade de todo o sistema financeiro e previne riscos sistémicos)..O CNSF terá presidência rotativa entre os três supervisores..A reforma da supervisão financeira faz parte do programa do Governo, de finais de 2015, e desde então que o ministro das Finanças, Mário Centeno, falou várias vezes da sua necessidade para que a supervisão do setor financeiro "funcione melhor", considerando que "a experiência recente do sistema financeiro [português] é dececionante".