Aumento do número de incêndios florestais pode despertar a radiação de Chernobil
Com novos incêndios nas florestas perto de Chernobil, a radiação retida no solo pode ser libertada e espalhada.
Novos incêndios nas florestas perto de Chernobil podem voltar a espalhar nuvens radioativas pela Europa. Os fogos na área têm espalhado, ao longo do tempo, alguma da radiação libertada no acidente de 1986 pela Europa. Com as alterações climáticas a situação pode vir a agravar-se, alerta uma equipa do Norwegian Institute for Air Research (NIAR).
As simulações desta equipa preveem um maior número de incêndios entre 2023 e 2036 e estimam que até 2060 grande parte da radioatividade desapareça. Até porque a zona de exclusão à volta da central nuclear tornou-se, nas últimas três décadas, numa área densamente florestada e as previsões do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas das Nações Unidas apontam para uma maior frequência de eventos extremos, como secas e grandes incêndios.
Através de imagens de satélite dos incêndios de 2002, 2008 e 2010, Nikolaus Evangeliou e os seus colegas do NIAR analisaram o seu impacto na zona e fizeram previsões quanto à regularidade e intensidade de futuros incêndios, explica a New Scientist.
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Estima-se que 2 a 8 petabecquerels, do total de 85 petabecquerels de césio radioativo libertados pelo incidente de Chernobyl, ainda estejam retidos na camada superior do solo. Segundo Evangeliou, as árvores absorvem os iões radioativos e as suas folhas, ao cair no solo, devolvem essa radioatividade à origem. Esta característica do ecossistema dificulta todo o processo de recuperação do solo contaminado.
A equipa calcula que os três incêndios registados em 2002, 2008 e 2010 tenham libertado entre 2 a 8% do césio, em fumo, espalhando-o sobretudo pela Europa de Leste. Mas vestígios deste fumo chegaram a ser detetados na Turquia, na Itália e na Escandinávia.