Fundos Apax e Bain dão 7,075 mil milhões pela PT Portugal

A PT Portugal já tem mais um interessado. Os fundos de investimento Apax Partners e Bain avançaram com uma oferta de 7,075 mil milhões de euros pela dona do Meo. Cinquenta milhões os separam da oferta da Altice. [Porém, os termos podem mudar. Duas fontes contactadas pelo DN dizem que não é certo que a oferta seja vinculativa, portanto pode ser alterada ou cair.] "A proposta final está sujeita à aprovação final pelo comitê de investimentos da Apax e da Bain Capital, bem como de conclusão por Apax e Bain Capital de alguns pontos de diligência legal", lê-se no comunicado enviado à CMVM.
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"A oferta do grupo Altice a 3 de novembro é uma oferta totalmente financiada, incondicional, um projeto industrial e um investimento de longo prazo para a Portugal Telecom", disse fonte oficial do grupo de Patrick Drahi, marcando a diferença da sua oferta da dos fundos de capital de risco.

No mercado, a expectativa é que o grupo francês apresente nova proposta. "Acredito que a Altice vai ripostar, aumentando a parada para poder concretizar os seus objectivos de consolidação em Portugal", diz Steven Santos, da XTB. E o mesmo argumenta Octávio Viana, presidente da Associação de Investidores e Analistas Técnicos do Mercado de Capitais (ATM). "A Altice está em melhor posição para oferecer mais, já que tem mais sinergias, quer em termos operacionais quer financeiras, para retirar da operação", diz. O grupo francês controla em Portugal a Cabovisão e a Oni, mas fonte da Altice não quis comentar.

Além do preço, mais 50 milhões, pouco mais distingue as duas ofertas. Ambas consideram um pagamento diferido de 800 milhões, dependente da geração de receitas e caixa libertados no futuro. Nenhuma inclui a dívida da PT Portugal - que deverá rondar os 6,5 mil milhões de euros -, nem os 897 milhões de dívida da Rioforte. Fora das propostas estão também os ativos em África, inclusive os 25% detidos na angolana Unitel. No caso da oferta da Apax/Bain, a Oi alerta para o facto de esta ter ainda de ser aprovada pelo comité de investimento dos dois fundos, estando dependente da conclusão de "alguns pontos de diligência legal" entre os dois parceiros.

Nada que entusiasme particularmente os trabalhadores da PT Portugal. "Tudo o que é propostas de fundos deixa-nos muitas dúvidas", diz Jorge Félix, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Portugal Telecom. "Independentemente de a Apax e o Bain terem maior capacidade financeira do que a Altice", acrescenta. Os fundos gerem carteiras de investimento de 32 e 64 mil milhões de euros, respectivamente. Na área das telecomunicações, a Apax, por exemplo, comprou a dinamarquesa TDC (de onde já saiu), a Orange Switzerland ou a israelita Bezeq.

Para Jorge Félix, isso não é suficiente. "Não se trata de um projeto industrial que tenha capacidade para o desenvolvimento e evolução da PT Portugal", lamenta. "São fundos de investimento que entram nas empresas e depois seguem o seu percurso: rentabilizam posição e depois saem", descreve.

Em termos de "desenho teórico de projeto", seria preferível a OPA de Isabel dos Santos sobre a PT SGPS, defende o sindicalista. "É um projeto teoricamente mais consolidado - que mantém PT Portugal, Oi e África - e próximo do projeto inicial de fusão entre a PT e a Oi", defende.

"A melhor proposta do ponto de vista acionista da PT SGPS, ainda que desajustada em termos de preço, é a OPA de Isabel dos Santos", diz Octávio Viana. "O ideal era uma OPA concorrente à de Isabel dos Santos e não uma oferta concorrente para a PT Portugal", diz. A OPA é sobre a cotada - que tem como ativos os 25,6% na Oi e a dívida da Rioforte - enquanto uma oferta sobre a PT Portugal representa um encaixe direto para a brasileira Oi. Mas a OPA já foi "rechaçada" pelos acionistas brasileiros, embora a empresária angolana admita rever as condições. Na sexta-feira será analisada pela PT SGPS, bem como a oferta da Altice, caso os acionistas recebam da Oi informação sobre a estratégia de consolidação no Brasil, que continua a pressionar uma venda da operação em Portugal. Enquanto isso, a Oi reorganizou a sua estrutura e reduziu 150 diretores. Tem 18 mil trabalhadores. com J.P.

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