Quando a pandemia de covid-19 virou a economia e o mercado de trabalho de pernas para o ar, a tecnológica portuguesa Runtime Revolution experimentou um dos maiores saltos da sua história. A trabalhar de Portugal para os Estados Unidos, a empresa de engenharia especializada em startups teve um salto significativo da procura e das receitas, estando agora com 30 vagas em aberto para contratar mais engenheiros.."Com a pandemia, a maior parte senão a totalidade destas empresas que assentam em produtos digitais tiveram um crescimento brutal", disse ao Dinheiro Vivo Pedro Gama, diretor-geral da Runtime Revolution. "Estivemos totalmente contra-corrente neste período da pandemia", afirmou. Depois de crescer cerca de 30% ao ano, a empresa contratou 50 pessoas no último ano, praticamente duplicando a sua estrutura , e está à procura de mais, porque o ritmo de trabalho não abrandou.."Hoje em dia temos de selecionar com bastante rigor as oportunidades que queremos trabalhar. Gostávamos de trabalhar com todos os clientes, pequenos ou grandes, mas sentimos tanto a nível europeu como no mercado americano uma falta crescente de programadores", sublinhou Pedro Gama.."Com o salto brutal que ocorreu na pandemia para posições relacionadas com tecnologia, estamos a viver claramente uma guerra pelo talento", explicitou. A escassez de mão de obra qualificada na tecnologia de que já se falava há alguns anos agudizou-se e está a fazer-se sentir por todo o lado: "É uma luta global pelo talento.".O negócio da Runtime Revolution é muito específico, e apesar de a empresa se focar na linguagem Ruby on Rails, pela popularidade que tem nos Estados Unidos, também abraça projetos Python on Django, React e React Native..Pedro Gama explicou que a empresa se concentra em startups de produto, que estão a começar com investimentos iniciais, e entra para criar uma primeira base de produto. "Estamos a criar um sonho. Estamos a pegar num conceito que está na cabeça das equipas de produto e a transformá-lo numa visão tecnológica, a garantir que essa visão é clara para todas as equipas e depois todos os passos de desenvolvimento", descreveu o diretor-geral. "Algumas empresas desaparecem, como é muito regular no mercado americano. Há muitos investimentos e alguns resultam, outros não", continuou. "De certa forma, somos a equipa de engenharia dessas empresas, pelo menos durante a primeira fase de crescimento.".A fasquia é, por isso, muito elevada. A Runtime trabalha em produtos que ou têm sucesso ou a empresa fecha. "Está tudo em jogo. Um cliente quando começa a trabalhar connosco quer resultados para ontem.".Com toda a equipa de engenharia baseada em Portugal, o responsável indicou que o foco está mesmo do outro lado do Atlântico. "Não estamos focados em Portugal nem sequer na Europa, queremos combater no mercado dos Estados Unidos", declarou..A trabalhar "no limite da capacidade", a tecnológica tem cerca de 20 a 25 clientes ativos e vai chegar aos cinco milhões de euros em 2021, mais um milhão que no ano passado..Embora não faça uso de quotas, a Runtime Revolution está interessada em contratar mais mulheres para as vagas que tem em aberto. Segundo Pedro Gama, é algo muito valorizado pelas startups com quem trabalham nos Estados Unidos.."Dentro dos nossos clientes americanos há uma exigência de diversidade", afirmou o responsável. "Faz sentido, porque os produtos de software são um produto conceptual da mente de cada um. Cada programador é alguém que está a idealizar um determinado componente e a produzi-lo. Essa concepção e produção tem sempre algum fator da própria sensibilidade de cada pessoa", explicou. Ou seja, haverá múltiplas variáveis envolvidas e ser homem ou mulher é uma delas..Ainda assim, Pedro Gama reconheceu que recrutar mulheres é "um desafio muito grande" no mercado português, onde a esmagadora maioria dos profissionais deste meio são homens.