Simão Sabrosa

Após brilhar no Sporting, o avançado não foi feliz na aventura em Barcelona. Chegou a capitão do Benfica e tem no Mundial a ocasião para brilhar na selecção
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É um produto das escolas do Sporting, após ter sido descoberto na Escola Diogo Cão, de Vila Real. Fez todo o percurso dos escalões juvenis em Alvalade, sendo convocado para as selecções nacionais jovens. Em 1996/97 estreou-se na equipa principal do Sporting, quando Octávio Machado era o treinador. Frente ao Salgueiros entrou aos 77 minutos e um minuto depois fazia golo. Rapidamente se tornou uma referência leonina e foi convocado por Humberto Coelho para selecção A de Portugal. Foi mais uma estreia em cheio no particular frente a Israel. Entrou para o lugar de Rui Costa e marcou o segundo golo de Portugal na vitória por 2-0. Em 1999 foi transferido para o Barcelona pelo quivalente a 15 milhões de euros. Na primeira época jogou regularmente, o que não sucedeu na segunda. Regressa a Portugal em 2001 para envergar a camisola do Benfica, o clube que sem- pre teve no coração. Com 22 anos, Simão adaptou-se logo ao clube da Luz e chegou a capitão de equipa, sagrando-se campeão nacional, em 2004/05.

Cresceu na aldeia de Constantim, Vila Real, onde nasceu. Era um miúdo franzino, mas com muita vivacidade. Na infância, era brincalhão, tinha muitos amigos e até namoradas. Tinha apenas 12 anos quando deixou a casa dos pais para ir viver nas escolas do Sporting

Nas terras transmontanas, será sempre o Simãozinho. O uso do diminutivo tem fácil explicação. Afinal, o miúdo de vasto cabelo encaracolado e aspecto franzino saiu de Constantim, terra natal no concelho de Vila Real, cidade onde estudava e jogava nos iniciados da Escola Diogo Cão, em 1992. Tinha 12 anos. E desde aí, Lisboa e Barcelona converteram-se nas terras de Simão Sabrosa e as visitas à região natal são cada vez mais esporádicas.

Simão Pedro Fonseca Sabrosa cresceu no local onde hoje os pais vivem. A casa já não é a mesma. Agora é maior e moderna. Na pequena localidade, com pouco mais de mil habitantes, todos se recordam do futebolista que agora é estrela desportiva e mediática. "Cheguei a tê-lo muitas vezes no regaço. A avó e a mãe trabalhavam numa quinta do meu avô e levavam o pequenito, às vezes, numa cesta", recorda José Oliveira, amigo da família da Sabrosa.

A família era humilde. O pai era operário e a mãe fazia trabalhos agrícolas. Sandra e Serafim são os irmãos mais velhos. Serafim teve uma importante influência na carreira do irmão mais novo. Foi ele que, há 16 anos, convenceu os pais a consentir a ida de Simão para as escolas do Sporting. Hoje, a família vive algumas divergências e, por essa razão, pais e irmãos não quiseram falar sobre o percurso do irmão. "Não é o momento oportuno." A mãe, Ilda Fonseca, sempre se referiu a Simão como "um amor de filho". As comidas caseiras, em especial as pataniscas com arroz de feijão, eram adoradas.

Nos anos 80, Simão Sabrosa já dava nas vistas em Constantim como "um miúdo com grande sede de bola". Francisco Nogueira jogava nos seniores do clube local e lembra-se "perfeitamente" da habilidade do miúdo: "Só queria bola. Como vivia ao lado do campo, estava sempre a saltar o muro para ir aos nossos treinos. Muitas vezes fazia o aquecimento com a equipa."

Na escola, era aplicado. Sandra Ribeiro foi colega de Simão desde a escola primária até ao ciclo, na Escola Monsenhor Jerónimo Amaral, em Vila Real. "Era um brincalhão. Gostava muito de jogar a bola - já era o melhor jogador da escola - e tinha muitos amigos. Até chegou a ter namoradas", conta Sandra.

Rapidamente, despertou as atenções no meio futebolístico e foi jogar para a Escola Diogo Cão. "Era ladino e quando foi jogar federado é que se notou a diferença em relação aos outros", diz Miguel Miranda, vizinho e dirigente da Associação Desportiva de Constantim. "Só é pena que ele não se lembre muito de nós. Enquanto jogou no Sporting e no Barcelona, vinha cá muitas vezes. Fizemos até dois torneios de futebol com o nome dele."

Simão Sabrosa vive hoje em Lisboa, é casado com Filipa, de quem tem dois filhos, a Mariana e o Martim. Dá o nome a uma escola de futebol no Estoril.

"Era fora do comum, parecia que andava com motor às costas"

"No primeiro jogo oficial, veio com aquela voz de menininho perguntar se ia ficar no banco. Respondi que sim, mas garanti que ia acabar por jogar. Era contra o Chaves. Entrou em campo e marcou logo quatro golos." A memória do professor José Maria, hoje presidente do conselho executivo da Escola Diogo Cão, Vila Real, vai aos pormenores. Ele foi o primeiro treinador de Simão Sabrosa e enumera, sem dificuldades, momentos do início de carreira do futebolista. Com um físico "fraquito", Simão foi recomendado à Escola Diogo Cão por um professor. "Já era falado. Era qualquer coisa fora do comum, com um drible e uma rapidez de execução fora do normal. Parecia que andava com um motor às costas." Só ficou duas épocas em Vila Real. Já profissional do Sporting, deixou um lamento. "Disse-me que estava magoado por não lhe oferecermos a camisola preta com que jogava na Diogo Cão. Tratei disso. Era o número dez."

Perfil

Simão Sabrosa, Avançado

Nasceu a 31 de Outubro de 1979

Com 12 anos, vai para Lisboa jogar no Sporting

Em 1996, sagra-se campeão europeu de sub-16

Estreia-se como sénior no Sporting-Salgueiros em 1997 e marca logo um golo

Na selecção pela primeira vez, em 1998, jogou e marcou frente a Israel. Após duas épocas no Barcelona, ingressou no Benfica, em 2001

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