Álvaro Siza

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Já vão distantes os tempos em que o arquitecto Álvaro Siza tinha tempo para ler. Fazia-o durante as viagens de eléctrico que lhe ocupavam várias horas a atravessar o Porto, no percurso entre refeições e as aulas do curso de Arquitectura: “Eu ia de manhã, voltava para almoçar, tornava e voltava para jantar e muitas vezes ainda ia trabalhar à noite e regressava. Sentava-me e lia o que aparecia e me interessava.” Hoje, sem tempo, o seu refúgio é na poesia porque é mais fácil encontrar as horas necessárias, mas confessa: “Leio muito menos do que gostaria de fazer.”


A maior parte do que lê agora é poesia: “Ainda me lembro quando era novo terem aparecido umas colecções sobre a nova literatura americana, tal como muitos franceses traduzidos e de ter lido aquilo tudo.” E antes, a conselho dos pais, tinha sido a vez dos autores portugueses: “O meu pai tinha a colecção completa do Camilo e do Eça.” Quanto às razões para ler poesia, diz, ser “uma razão muito prática. É que não disponho de grandes horas para ler – o romance exige um período longo, não se pode ler aos bocadinhos – e como a maior parte da poesia é curta, pode-se ler num dia um poema só e digeri-lo e no dia seguinte ler outro”.


Quanto à nacionalidade da poesia é-lhe indiferente se é portuguesa ou estrangeira: “Há grandes poetas portugueses mas gosto da grega e da romana, tal como as traduções de poetas da Suécia, da Noruega, dos esquimós, dos peles-vermelhas. É um manancial…” Entre mãos tem um volume de poesia de Arthur Rimbaud que comprou no Brasil, de uma colecção denominada “Obra-prima de Cada Autor”, que contém além da versão original e da tradução, uma pequena biografia e correspondência.


JOÃO CÉU E SILVA

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