Os vários restaurantes e salas à disposição dos hóspedes fazem dos cruzeiros uma viagem com pouco espaço para o tédio e a repetição.
Os vários restaurantes e salas à disposição dos hóspedes fazem dos cruzeiros uma viagem com pouco espaço para o tédio e a repetição. Foto: D.R.

MSC Cruzeiros. Líder europeia do setor quer chegar aos seis milhões de passageiros em 2028

Em Portugal, a MSC Cruzeiros já detém 65% de quota de mercado. Momento de euforia do turismo está a ser navegado pela companhia, que perspectiva novo crescimento das vendas em 2025.
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A MSC Cruzeiros quer chegar aos seis milhões de passageiros em 2028, depois de ter atingido no ano passado o recorde de 4,6 milhões de turistas a bordo dos seus navios. Para atingir este objetivo, a líder do setor na Europa, incluindo em Portugal, tem em construção mais dois cruzeiros, projetos orçados em cerca de 2,4 mil milhões de euros. Entretanto, em abril, a companhia lançou ao mar o MSC World America, uma embarcação de grande dimensão, com 22 decks e 2614 camarotes, e inaugurou dois terminais (Barcelona e Miami). Foram investimentos que ultrapassaram os dois mil milhões de euros. A justificar este avultado plano de negócios está o crescimento deste produto turístico no mundo e também em Portugal.

Este ano, a MSC perspectiva transportar mais de cinco milhões de passageiros. A procura “é mais forte do que os navios disponíveis”, frisa Eduardo Cabrita, diretor-geral da sucursal da marca em Portugal. Como salienta, “a percentagem de viajantes de cruzeiro está a aumentar quando se compara com a dos outros turistas”. E a resposta dos estaleiros está tomada para os próximos anos. No mundo, há 16 empresas especializadas na construção de navios cruzeiro, mas só quatro é que constroem navios de grande dimensão, e estão quase todas na Europa, conta. Atualmente, “as slots [capacidade para próximos anos] estão todas ocupadas”. Para crescer neste negócio, é essencial planear. E a MSC ambiciona consolidar a sua posição dominante na Europa e também ganhar espaço no competitivo mercado norte-americano. Segundo revela, “uma das estratégias é estar nos EUA cada vez com mais navios, para oferecer este mercado aos europeus, mas também aos americanos”.

Música em Lisboa

Mas a companhia, com sede em Genebra, Suíça, não descura mercados mais pequenos como o nacional. Até porque “o melhor ano de sempre da MSC Cruzeiros em Portugal e, também, a nível global foi 2024”, sublinha Eduardo Cabrita. No ano passado, a empresa transportou 52.699 passageiros nacionais em cruzeiros regulares, um crescimento de 5,4% face a 2023. Esta performance garantiu à MSC a consolidação da liderança no país, com uma quota de mercado de 64,8%. O setor do turismo “está num momento de euforia”, diz o gestor.

Esta dinâmica deve manter-se ao longo deste ano, As vendas em Portugal “estão com melhores níveis até abril face ao período homólogo”, garante o responsável. Os portugueses voltaram a comprar os itinerários Caraíbas (os voos estão com preços muito competitivos face ao custo para os Emirados Árabes e mesmo para alguns destinos europeus) e também cruzeiros no Norte da Europa. Mas a grande procura mantém-se centrada nas viagens pelo Mediterrâneo e em cruzeiros de sete dias, diz. E, para responder a esta demanda, a MSC Cruzeiros acaba de colocar em Lisboa o MSC Musica. Este navio, que vai ser o motor da operação portuguesa nos próximos meses, arrancou esta semana com um itinerário pela costa mediterrânica, num trajeto que percorre cidades do litoral de Espanha, França e Itália, sempre com a possibilidade de embarque e desembarque em Lisboa.

Entre Maio e Outubro, o MSC Musica tem ao dispor 1275 camarotes, com capacidade para três mil passageiros, para itinerários pelo Mediterrâneo que podem chegar às 12 noites. Já no outono, o navio com quase 294 metros de comprimento, 32 de largura e mais de 59 de altura, e com uma tonelagem bruta de 92.409 toneladas, irá estender a rota mediterrânica ao Funchal e ao arquipélago das Canárias. Em meados de novembro, estará a navegar entre estas ilhas da Macaronésia, num reforço da aposta iniciada no outono de 2024 e que “foi um bom sucesso”, afirma o gestor. É uma âncora para reforçar a quota no mercado português, através da aposta nas partidas e chegadas em portos nacionais.

Segundo Eduardo Cabrita, os navios da MSC Cruzeiros vão fazer um total de 61 escalas em portos nacionais (32 em Lisboa, 26 no Funchal, duas em Ponta Delgada e uma no Porto), um reforço face às 56 realizadas no ano passado, alavancado numa maior presença no Funchal. À oferta disponibilizada a partir de Portugal, a MSC Cruzeiros soma vários outros itinerários ao alcance de um voo. O gestor revela que os portugueses estão já a fazer reservas para o verão de 2026, uma antecipação que permite realizar uma viagem de cruzeiro “a um valor muito mais cómodo”. É uma tendência que se iniciou há cerca de dois anos e que tem vindo a ganhar relevância. Segundo garante, o volume de vendas para 2026 está neste momento acima do registado por esta altura no período homólogo. Para que este movimento não perca dinâmica, a companhia está já a preparar o ano de 2027.

O crescimento do setor dos cruzeiros está a ser acompanhado de uma alteração no perfil dos passageiros. Como diz Eduardo Cabrita, “a ideia que os cruzeiros eram para as pessoas mais velhas está a ser mitigada. Há muitas famílias. Pais e filhos, avós e netos”. A explicação parece assentar no conceito da MSC: trazer o melhor que há em terra para o mar. Como aponta, os camarotes podem ser comparados com quartos de hotel, a gastronomia é variada e há ofertas de nível Michelin, os espetáculos lembram a Broadway, os programas de entretenimento são muitos e diversos. E o passageiro pode sempre optar por ficar simplesmente na varanda do camarote a ler um livro e a ouvir o mar. Em suma, os navios apresentam-se como “verdadeiros resorts flutuantes”, afirma.

A MSC Cruzeiros, a terceira maior companhia do mundo neste setor, só suplantada pelas norte-americanas Carnival e Royal Caribbean, tem uma oferta que abarca os cinco continentes, mais de 100 países e 300 destinos. A companhia é detida pelo grupo MSC, líder mundial no transporte marítimo de carga contentorizada.

A jornalista viajou a convite da MSC Cruzeiros

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