Crise política coloca privatização da TAP no limbo, mas eleições podem trazer clarificação
A provável queda do Governo coloca a privatização da TAP num limbo, mas a Parpública e os assessores financeiros deverão continuar os trabalhos técnicos com vista à realização da operação, apurou o DN. Porém, o compasso de espera até à realização de eleições poderá permitir clarificar algumas questões que se colocam neste momento e que dizem respeito às divergências entre PSD e PS em torno do futuro modelo de governação da companhia aérea, segundo as fontes ouvidas pelo DN.
O Governo tenciona avançar com o processo de privatização durante este mês, mas se a moção de confiança que pretende apresentar for chumbada no Parlamento, a operação ficará mais uma vez congelada.
Este eventual compasso de espera permitirá, no entanto, clarificar alguns aspetos. Tal como o DN noticiou, as exigências que o PS colocou em cima da mesa dificultam a concretização da privatização nos moldes que o Governo pretende. O líder socialista, Pedro Nuno Santos, tornou claro que o partido apenas aceitará uma privatização parcial e num cenário em que o Estado mantenha um papel ativo na gestão da companhia, criando alguma incerteza junto dos potenciais investidores. A concordância do PS é fundamental para dar confiança ao grupo que vier a investir na TAP, até porque na última privatização os dois principais partidos não estiveram alinhados e, quando António Costa chegou ao poder, reverteu o negócio e a companhia voltou a ser controlada pelo Estado.
Neste contexto, se das eleições resultar uma clarificação em termos do que se pode esperar por parte do Estado, será mais fácil avançar com a operação de venda.
O DN tentou obter esclarecimentos de fonte oficial do Ministério das Infraestruturas e Habitação, mas até ao fecho das edição tal não foi possível.
Trabalhadores têm direito a 5% do capital, mas experiência anterior não ajuda
De acordo com a lei das privatizações, os funcionários da empresa têm direito a ter a oportunidade de comprar 5% das ações da companhia. Porém, de acordo com as fontes ouvidas pelo DN, a experiência anterior dificulta o interesse por parte dos trabalhadores, uma vez que a operação harmónio realizada na TAP SGPS levou à diluição das participações dos funcionários da companhia.
Outro tema que suscita interrogações é o da continuação de um representante dos trabalhadores no conselho de administração da empresa. A TAP é uma das poucas empresas em que um dos administradores é indicado pelos trabalhadores (atualmente João Duarte, que está em final de mandato). O DN questionou fontes ligadas aos três consórcios que são apontados como favoritas na privatização (Air France-KLM, Lufthansa e Iberia - British Airways), sobre se o modelo é para manter, mas até ao momento não foi possível antever as suas posições sobre o tema. “Ainda é prematuro”, disse um dos responsáveis contactados.