Quando o preconceito ideológico se sobrepõe ao bem-estar das pessoas

Nos últimos dez anos, o Hospital de Braga foi gerido em regime de parceria público-privada. Esta parceria obteve resultados muito positivos: não só permitiu ao Estado uma poupança de 300 a 400 milhões de euros, demonstrada pelo Tribunal de Contas, como conseguiu aliar a eficácia orçamental a um serviço de qualidade, reconhecido pelos utentes da região e pela própria ARSN, tendo recebido o prémio de melhor hospital português, em vários anos, concedido por autoridades independentes e públicas.

Desta forma, seria expectável que, pelo menos, esta parceria em concreto fosse apoiada e mantida, tendo em conta que o objetivo principal do Estado é servir os cidadãos, em particular na área da saúde, garantindo o acesso universal a cuidados de saúde de qualidade.

Contudo, esta PPP chegará ao fim neste ano, ignorando, assim, as evidências de eficácia dadas. O processo que levou a esta decisão foi conduzido pelo Ministério da Saúde de forma pouco clara, com a ministra a afirmar, inicialmente, que não existiria renovação do contrato por vontade da entidade privada, informação que não correspondia à realidade como, posteriormente, ficou demonstrado.

Perante a suposta impossibilidade da entidade privada atual que, na verdade, foi uma incapacidade do Estado em assumir responsabilidades financeiras, o Ministério da Saúde assegurou que seria lançado um concurso público internacional para atribuição da gestão do hospital, algo que não só ainda não sucedeu como foi decretado que não acontecerá, pelo menos, até 2024, passando então, de forma infundada, o Hospital de Braga para a total gestão da esfera pública.

Aqui está um caso em que é evidente que o aqui está em causa não são as imposições da entidade privada ou a falta de confiança nos resultados demonstrados por esta gestão, mas apenas questões ideológicas que em nada contribuem para o que verdadeiramente importa.

Os portugueses, quando estão doentes, não querem saber quem gere o hospital, querem ter acesso a cuidados de saúde de qualidade e em tempo devido. E para tal interessa-lhes apenas que existam condições adequadas e profissionais competentes, pelo que é inaceitável que predomine o preconceito ideológico ao invés do interesse público. Este é um exemplo inacabado de como o preconceito ideológico se sobrepõe àquele que é o interesse público e ao bem-estar das pessoas.

Presidente da JSD

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