Desígnios de um país "doente"

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As altas figuras do Estado vão ser vacinadas a partir da próxima semana. Defender o contrário para ser popular, irreverente ou jogar no campo das demagogias ou ideologias não é sério. Quem lidera, dirige, administra um país em pandemia tem de estar sempre na linha da frente. Não se trata da mesma linha da frente em que estão médicos, enfermeiros e auxiliares - que, obviamente, devem todos ter via verde para a vacinação, no público e no privado, bem como bombeiros e forças de segurança envolvidas no combate à covid-19. Mas, cada um, na sua missão, precisa de continuar a lutar. Sem parar. O Diário de Notícias revelou ontem, em primeira mão, o despacho assinado pelo primeiro-ministro, bem como as cartas enviadas aos órgãos de soberania no sentido de começarem a ser definidas as prioridades de vacinação, consoante as disponibilidades.

De imediato, surgiram deputados da oposição e outras personalidades a contestar que sejam incluídos nesta fase representantes da nação que não os titulares dos principais órgãos de soberania: Presidente da República, presidente da Assembleia da República e primeiro-ministro. Há vários dias, defendi neste mesmo espaço que a vacinação destes cargos deve ser imediata, por razões óbvias de proteção das cadeias de comando do país, o que deveria incluir altas chefias militares. Ao mesmo tempo, os ministros de Estado e outros ministros (cujos casos de covid-19 já somam pelo menos sete) não podem ficar de fora da lista. Num cenário de pré-catástrofe, tem de haver um critério de equidade e de utilidade, pelo que funções como as dos bombeiros deveriam ter estado sempre na primeira fase do plano de vacinação.

Tal como a saúde, a política vive tempos exigentes neste ano. Os desígnios são difíceis e não foram discutidos na campanha para as presidenciais. Não se vislumbra luz ao fundo do túnel nem respostas políticas rápidas que tranquilizem os portugueses perante o agravamento da crise. Atento aos sinais de "ingovernabilidade", Luís Marques Mendes, analista político, escreve um ensaio exclusivo sobre os desafios para o país na política, à esquerda e à direita - com fortes avisos ao PSD -, na economia e no segundo mandato do Presidente da República. Intitulado "Novo ciclo político - um desafio e um impasse", Marques Mendes elenca os grandes temas para um Portugal de futuro.

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