Biden alerta: a América não esqueceu o Indo-Pacífico

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Joe Biden foi à Ásia Oriental relembrar que, apesar do empenho atual dos Estados Unidos na frente europeia ao apoiarem a Ucrânia contra a invasão russa, o Indo-Pacífico não deixou de estar nas prioridades de Washington. Numa das poucas linhas de continuidade com Donald Trump, o seu antecessor, o presidente americano quis mostrar que mesmo com o choque com Moscovo, a América não deixa de ver a ascensão da China como uma séria ameaça e nomeadamente não está disposta a que a superpotência emergente transforme os dois oceanos seus vizinhos numa espécie de mares chineses.

Se durante a visita à Coreia do Sul a questão da ameaça norte-coreana foi o tema principal, com Biden e o novo presidente Yoon Seok-youl a coincidirem num tom mais duro com Pyongyang do que foi norma na fase final da anterior dupla Trump-Moon Jae-in, o anúncio do reinício de manobras militares conjuntas, mesmo que destinadas a manter em guarda a Coreia do Norte, não deixa de ser também uma mensagem à China. Já em Tóquio, nas conversações com o primeiro-ministro Fumio Kishida, a contenção da China foi o tema dominante óbvio, com Biden visivelmente satisfeito com o seu grande aliado asiático, à imagem dos parceiros europeus na NATO, se proclamar adepto do investimento de 2% do PIB em defesa, o que no caso do Japão significa quase uma duplicação.

A capital japonesa foi igualmente palco de uma cimeira Quad, a aliança informal que junta os Estados Unidos ao Japão, à Índia e à Austrália no âmbito da tal estratégia de limitar as ambições chinesas no Indo-Pacífico. E em Tóquio, Biden declarou ainda que os Estados Unidos defenderão Taiwan, em caso de ação militar chinesa, o que foi depressa relativizado pela diplomacia americana, dizendo não haver mudança no compromisso histórico com a ilha, mas as palavras do presidente não deixaram de irritar Pequim, que vê a reunificação com a província rebelde como um assunto interno.

Contando com a solidariedade de Seul e Tóquio nas sanções económicas e financeiras à Rússia, arma americana de excelência, Biden fez também questão de reafirmar o compromisso dos Estados Unidos com o novo IPEF (Indo-Pacific Economic Framework), que envolve 12 países da região e que serve para relembrar à China que a América conta, além do vastíssimo poderio militar, com uma grande capacidade de influenciar a economia mundial contra quem quer que desafie os seus interesses, como Moscovo está a comprovar desde que, a 24 de fevereiro, as suas tropas entraram na Ucrânia.

Diretor adjunto do Diário de Notícias

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