Marcelo abre a porta de saída ao ministro Eduardo Cabrita
O recandidato a Belém não quis responder diretamente se o titular da pasta da Administração Interna tem condições para se manter no cargo depois de conhecidos os contornos do caso da morte de Ihor Homeniuk por agentes do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). Mas, nesta segunda-feira à noite, em entrevista à TVI, Marcelo Rebelo de Sousa acabou por fazer um paralelo com o pedido de exoneração da antecessora no cargo, Constança Urbano de Sousa, por causa dos incêndios. "Não conheço pedido de exoneração nem proposta de exoneração", referindo-se a Eduardo Cabrita.
O Presidente explica que, na altura dos incêndios de 2017, "disse que valia a pena pensar se quem, no plano da administração pública, exercia funções que tinham conduzido a certo resultado seria indicada a mudança para essas mesmas pessoas". Agora afirma que fez parecido: "Usei no outro dia uma expressão que era paralela a essa num plano diferente." Um claro recado a António Costa sobre o que pensa da legitimidade política de Eduardo Cabrita para se manter no cargo.
Marcelo voltou ainda a justificar o facto de não ter contactado a viúva do cidadão ucraniano com a sua condição de Presidente da República e por envolver um Estado estrangeiro e um processo criminal.
Ainda sobre o que levou à morte de um cidadão ucraniano às mãos do SEF, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que "houve uma consequência política que foi a saída da diretora do SEF e a reestruturação do SEF".
Na entrevista conduzida por Anselmo Crespo, foi também abordado o caso do roubo de armas de Tancos, processo que ainda se arrasta nos tribunais. Marcelo voltou a garantir que soube que foram achadas as munições através de uma notícia da Lusa e não do chefe da sua Casa Militar, como entende o Ministério Público na acusação que fez a este último. Frisou que nunca se sentiu enganado pelo ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes, que nunca lhe deu qualquer sinal de saber quer do roubo quer da restituição do material roubado.
"Acho que o segundo mandato vai ser mais difícil", admitiu também Marcelo Rebelo de Sousa. Assumiu que desempenhar mais cinco anos de mandato num contexto de pandemia, que não se sabe quando acabará e que gera uma forte crise económica e social não será tarefa fácil. "Quanto mais duradoura a pandemia, mais profunda será a crise económica e social e maior a desigualdade entre os portugueses. E quanto maior for isto tudo maior o stress do sistema político", afirmou. Mas, ainda assim, "não é desejável nem previsível uma crise política em 2021", pelo que um cenário de eleições legislativas antecipadas nem se coloca. "Não me passa pela cabeça."
Marcelo afastou ainda a possibilidade de medidas mais restritivas a dois dias do Natal, mas lançou um apelo aos portugueses para que não estraguem o que foi feito no combate à pandemia. Deu o exemplo dos vários almoços e "ceias" que fará com a sua família e aconselhou a que não se sentem mais de cinco pessoas à mesa.
E porque considera que os "portugueses foram enganados" sobre a vacina da gripe que não chegou na quantidade suficiente para a procura - numa clara responsabilização da ministra da Saúde, Marta Temido, no falhanço do plano de vacinação da gripe -, Marcelo pediu que não se criem "expectativas" quanto à da covid-19 que ainda vai demorar a ser ministrada a todos os cidadãos.
Um nada brando aviso a Marta Temido de que não pode haver erros com estas vacinas.