Será logo a seguir a um programa sobre as marchas populares (junho aproxima-se). A jornalista Maria Flor Pedroso, diretora de informação da RTP, vai moderar o último debate entre os cabeças-de-lista das candidaturas que já têm assento no Parlamento Europeu. A saber: Pedro Marques (PS), Paulo Rangel (PSD), João Ferreira (CDU), Marinho e Pinto (PDR), Marisa Matias (BE) e Nuno Melo (CDS). O DN avalia como chegam os candidatos a este que pode ser o momento decisivo da campanha..Pedro Marques (PS).Dos seis cabeças-de-lista, é o menos treinado de todos em debates e confronto político direto. Tem pouca ou nenhuma experiência parlamentar - a sua vida política fez-se no governo, como secretário de Estado ou ministro. A última semana não lhe correu mal - António Costa "pegou" na campanha e levou-o praticamente ao colo. Nas sondagens chegou a ver o PSD muito perto, mas entretanto as coisas parecem ter melhorado para o seu lado, fruto do envolvimento do líder do partido. Tem de explicar porque é que, sendo candidato a eurodeputado, já foi apresentado por António Costa como futuro comissário europeu, para substituir Carlos Moedas (PSD). Mais do que vencer, precisa de não perder e manter o embalo que a campanha ganhou nos últimos dias. Sabe que nas eleições europeias o partido do governo é geralmente penalizado. Nas europeias de 2014, o PS venceu, elegendo oito eurodeputados, com um milhão de votos (31,46%).Paulo Rangel (PSD).Se quiser vencer as eleições, terá provavelmente neste debate a última ocasião para uma estocada final sobre o seu principal opositor, Pedro Marques. É provável que tenha na manga uma qualquer carta escondida, para marcar a agenda dos últimos dias de campanha e condicionar o PS. Com vasta experiência parlamentar, em Lisboa e em Bruxelas, tem todo o treino necessário para debates deste género. A sua campanha estava em alta até ao momento em que António Costa desencadeou a chamada "crise dos professores". Aí as eleições europeias desapareceram do radar. E a crise acabou, uma semana depois - só que o país manteve-se indiferente à campanha. Tem procurado fazer passar uma imagem de mobilização crescente da campanha, por exemplo com incursões no Minho. Hoje ao almoço terá consigo em Cascais a companhia de Pedro Passos Coelho. Também já teve Montenegro na campanha - sinal de que está acima das fações internas. Em 2014, o PSD concorreu coligado com o CDS e obteve seis eleitos (o sétimo foi do CDS, Nuno Melo)..João Ferreira (CDU).Em 2014, foi uma das surpresas da noite eleitoral das europeias. A CDU obteve então três eleitos, resultado que já não tinha há muito tempo. Os comunistas tornaram-se a terceira maior portuguesa no Parlamento Europeu, ultrapassando o Bloco de Esquerda. O ambiente político e social de então estava ainda muito marcado pela dureza das medidas de austeridade que o governo PSD+CDS liderado por Passos Coelho havia posto em prática a partir de 2011, sob tutela da troika. Agora, o ambiente está mais distendido e não se sabe se o PCP conseguirá partilhar com o PS (e com o BE) as vantagens eleitorais de todas as medidas de recuperação de rendimentos e de direitos implementadas a partir de 2015. João Ferreira tentará fazê-lo passando a mensagem de que o PCP teve um papel primordial não só na atual solução política como nas suas medidas concretas. Ao mesmo tempo, tentará argumentar que a representação portuguesa no Parlamento Europeu nada irá ganhar se a representação dos partidos pró-UE (que para o PCP são o PS, o PSD e o CDS) crescer..Marinho e Pinto (PDR).Há cinco anos, o ex-jornalista e ex-bastonário da Ordem dos Advogados foi outra das surpresas da noite eleitoral, conseguindo dois eleitos, ao encabeçar uma lista do Partido da Terra. A ligação de Marinho e Pinto a esse partido rapidamente se desfez, criando depois o advogado um partido novo, o Partido Democrático Renovador (PDR). A sua "estrela" está longe de ter o brilho que tinha em 2014. Um debate televisivo é sempre uma maneira de compensar perdas de uma campanha que tem sido praticamente invisível. Sem a direita no poder em Portugal, Marinho e Pinto parece não ter contra quem se afirmar. Há cinco anos parece ter-se afirmado à custa do eleitorado do Bloco de Esquerda..Marisa Matias (BE).Com grandes almoços e jantares-comício, o Bloco de Esquerda tem conseguido passar uma imagem de dinâmica eleitoral crescente. Marisa Matias precisa disso como de pão para a boca: há cinco anos, o BE ia praticamente desaparecendo do Parlamento Europeu, passando de três eleitos (em 2009) para um (a própria Marisa). Nessa altura, as perdas pareceram ter ido para a candidatura de Marinho e Pinto. Agora o BE ambiciona recuperar esses votos de novo. Enfrenta o problema da abstenção - que historicamente atinge muito mais o seu partido do que o PCP. Marisa Matias disputa com o cabeça-de-lista da CDU o lugar de líder do bloco eurocético de esquerda no PE - mas tradicionalmente os dois partidos, nestes debates, procuram não se antagonizar (porque não se procura eleitorado alheio agredindo-o)..Nuno Melo (CDS).Em 2014, o CDS, envolvido numa coligação com o PSD - que resultava da aliança de governo que os dois partidos então mantinham -, teve o seu pior resultado de sempre em eleições para o Parlamento Europeu: um eleito apenas, Nuno Melo. Agora, o cabeça-de-lista do CDS tem por dever aumentar essa representação. Procurará - como Cristas tem feito na política parlamentar - afirmar-se como o líder da oposição à esquerda que governa, suplantando Paulo Rangel nesse papel. É uma tarefa difícil: Paulo Rangel é tudo menos um político distraído.