1946. Experiências com a bomba atómica no Pacífico
"A explosão da bomba atómica sobre o mar pode provocar uma catástrofe?", interrogava-se o DN na primeira página da edição de 20 de abril de 1946, num texto encimado por uma composição de Stuart com base em testemunhos do ataque a Hiroxima, em agosto do ano anterior.
"Conforme tem sido anunciado, os Estados Unidos preparam atualmente a mais extraordinária experiência bélica de todos os tempos - o ataque com bombas atómicas a uma concentração de navios de guerra e mercantes num total de mais de cem unidades", escrevia o jornal.
Esse grande exercício naval, com o nome de código Operação Encruzilhada, visava encontrar respostas para as dúvidas que o uso da bomba atómica em Hiroxima e Nagasáqui, no verão do ano anterior, colocava ao desenvolvimento da Marinha dos EUA.
O jornal dava conta das "graves apreensões" já expressas quanto aos efeitos das explosões atómicas sobre o Pacífico: "Previu-se por exemplo a formação de ciclones e uma violenta agitação das águas do mar capaz de fazer sentir-se a grandes distâncias." E com um maremoto ocorrido meses antes a provocar três centenas de mortos, deixa-se outra pergunta: "Poderá a operação marcada para o dia 1 de julho próximo produzir efeitos comparáveis aos desse cataclismo natural?"