Polícia Municipal no autocarro: Carris reforça fiscalização em ano de novos passes

Validação dos passes é crucial para as receitas das transportadoras: só assim serão compensadas pela adesão ao programa de redução de preços.
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O Metro do Porto e a Carris reforçaram o controlo dos bilhetes no ano dos novos passes. Desta forma, as duas empresas tentam baixar os números de fraude e garantir que são devidamente recompensadas por aderirem ao passe metropolitano, a 40 euros, e que entrou em ação no dia 1 de abril.

O caso do Metro do Porto é o mais desafiante. Com todas as estações abertas, isto é, sem cancelas, apenas é possível controlar 5% dos passageiros transportados. Ainda assim, regista-se o "aumento das ações de fiscalização para verificar a validação dos passes", adiantou fonte oficial da empresa ao DN/Dinheiro Vivo. Não foi possível saber até ao fecho desta edição se houve um aumento do número de autos levantados.

É precisamente no norte que até ao final deste mês vai começar a ser testada uma solução para detetar mais pessoas que não validam bilhetes e passes. Na estação da Casa da Música, serão colocados sensores no teto que detetarão os problemas de validação mesmo sem identificar os utentes infratores, por questões de privacidade. Este é um sistema nunca antes utilizado num metropolitano.

No caso da Carris, o controlo foi reforçado logo em fevereiro, quando a Polícia Municipal passou a acompanhar os fiscais da empresa municipal de autocarros de Lisboa. Até então, a PSP já seguia os funcionários da transportadora "apenas em zonas mais críticas", lembra fonte oficial.

Esta parceria, segundo a Carris, "tem sido um grande sucesso e causado um forte impacto na operação, porque as pessoas interiorizam que é fundamental a validação dos bilhetes". Os utentes parecem entender a mensagem: entre abril e agosto deste ano, foram registados 9459 autos, menos 6% do que no mesmo período de 2018.

Sem qualquer reforço de fiscalização, também a CP e a STCP têm detetado menos pessoas sem bilhete ou passes válidos. A CP fala numa redução de 20,9% nos processos levantados (8200 neste ano contra 10 370 em 2018); a STCP não quantifica a redução. Na Transtejo/Soflusa, todos os cais têm cancelas.

A Fertagus foi a única exceção: entre abril e julho deste ano foram levantados 2592 autos, enquanto no período homólogo de 2018 foram levantados 2142 (menos 453), escreveu o DN no início deste mês.

Pode parecer estranho ter de validar sempre um passe mensal depois de ter sido pago. Mas desde 2015 as compensações financeiras que as transportadoras recebem pela venda destes títulos de transporte são calculadas a partir do número de passageiros transportados e do número de utentes por quilómetro.

Só com a validação dos passes é que os operadores sabem exatamente quantas pessoas viajaram com este título de transporte e serem compensados por isso. Controlar é ainda mais necessário porque os utentes usam cada vez mais meios de transporte - os passes metropolitanos são intermodais.

As transportadoras, também por causa disso, podem sancionar os utentes que tenham passe pago mas não validem o bilhete. A coima é de 30 euros e pode ser contestada no prazo de 15 dias úteis. Se pagar de imediato, fica por 15 euros, mas não pode apresentar defesa; se contestar a decisão, o caso será analisado pelo IMT - Instituto da Mobilidade e dos Transportes.

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