Lena d'Água: "Houve momentos em que me senti um bocado desesperada, a ver a vida passar"
Lena d'Água trocou Benfica pelo Bombarral há 13 anos, não se arrepende, mas sempre que pode vai ao bairro antigo. É num parque do Bombarral que decorre a entrevista, num fim de tarde a lembrar mais o inverno do que o verão. Chega de carro, não o fecha à chave, com a mala e a carteira no interior e à vista. De nada valem os ralhetes da filha. Descontraída, a saber rir-se de si própria com sonoras gargalhadas. Tem 64 anos e algumas das melhoras coisas estão a chegar, como os prémios que recebeu recentemente, da crítica, cuja falta de reconhecimento a fez sofrer nos anos 1980. Não tem saudades, nem de ser "gira e nova", e aos que realçam esse lado, responde: "Desculpem não ter morrido jovem e bela." A pandemia fez que fossem cancelados os concertos para este verão, só voltará em setembro. Um deles na Festa do Avante!, cuja polémica a ultrapassa. "Queremos tocar, precisamos de trabalhar, ganhar dinheiro".
Venceu dois prémios da Prémios da Música Portuguesa 2020 nas categorias de Melhor Artista Feminina e Prémio da Crítica com o álbum Desalmadamente, de 2019. Como é que fica ao fim de tantos anos de carreira?
Um bocadinho aparvalhada. Estava na expectativa em relação ao prémio da Artista Feminina, várias pessoas, até a Ana Bacalhau que estava nomeada, me disseram que era uma injustiça se não ganhasse. Não recebia um prémio há mais 30 anos, ganhei dois anos seguidos o Sete de Ouro, nos anos 1980. Fiquei muito contente e foi logo no início.
Não esperava o Prémio da Crítica?
Não, até me tinha esquecido que existia. Estava a morrer de calor, não se podia ligar o ar condicionado e eu com vontade de ir embora, ainda bem que não fui. Às tantas, meteram-me o microfone na mão, estavam a disfarçar. Sabiam há dois dias quem ia ganhar mas ninguém disse nada. Foi uma surpresa.
Sublinhou no momento da entrega que nunca tinha sido premiada pela crítica.
Nunca. Sofremos com isso, nos anos de maiores êxitos, ignoravam. Digo sofremos, porque o Luís Pedro Fonseca [músico e compositor] e eu fomos uma dupla naqueles anos, durante o Salada de Frutas e depois. É pena ele já não estar cá para ver estes prémios, como não viu uma grande surpresa há três anos, grande alegria. As nossas músicas Jardim Zoológico e Tao, uma de 1983 e outra de 1986, foram descobertas por um neozelandês [Ben Stevens], um arquiteto que gosta de descobrir músicas de todo o mundo, que fez uma edição em vinil dos dois temas [Strangelove Music, 2017].
Do outro lado do mundo ...
Nos antípodas, não podia ser mais longe [gargalhadas]. Quando essas músicas saíram em Portugal não ligaram, o Jardim Zoológico, contra os animais em cativeiro, e o Tao, que fala de meditação. Na Nova Zelândia, fizeram três edições, claro que não foram milhares e milhares de discos, mas esgotaram. Foi tudo tratado como deve ser, com direitos de autor para a família do Luís Pedro, não ganhei dinheiro mas fiquei maravilhada, ao fim de tantos anos, sermos reconhecidos do outro lado do mundo. Recebi feedbacks de Japão, Reino Unido, Brasil, Canadá, de muitos países onde o disco tocava.
Quem mudou: a Lena d'Água ou a crítica?
Se calhar, a crítica. Havia muitos velhos do Restelo. O Rão Kyao teve vontade de bater num crítico, não só por mim mas por certos músicos que não eram da tropa [gargalhadas]. E as canções do Pedro Silva Martins [Deolinda], os arranjos, são espetaculares.
Os prémios são uma distinção, já trouxeram alguma coisa mais?
Na verdade, ainda não. E bem precisávamos, estivemos dois anos a trabalhar para este disco sem receber, não tínhamos editora.
Nem fez "capa de jornal" como diz a canção Grande Festa?
Não [ri-se].
E ganhar um festival está na mira, uma vez que já participou três vezes: no coro dos Gemini, em 1978, e a solo em 1980 e 2017.
Não [ri-se]. Isso são brincadeiras do Pedro.
Como é que se dá o encontro com o Pedro Silva Martins?
Fui convidada para o Festival Alternativo da Canção, em 2015, levei duas músicas instrumentais do disco Rock"n"Roll Station - Carrossel, que gravei com uma banda daqui [Bombarral], Sempre Que o Amor Me Quiser e Demagogia, e o Pedro Silva Martins era membro do júri. As pessoas quiseram ouvir-me mais e cantei A Culpa É da Vontade e Estou Além a cappella, foi um momento de muita intensidade. Tinha morrido o meu querido amigo, se calhar até cantei com mais emoção. Foi aí que conheci o Pedro, antes já me tinha mandado uma mensagem a dizer que tinha visto o documentário Bela Adormecida que tinha ficado muito tocado e que um dia havia de escrever para mim, isto há seis ou sete anos. O documentário são 30 minutos fantásticos de miúdos da Universidade Lusófona que me visitaram durante vários meses. Nesse festival, no meio de uma festa louca, o Pedro voltou a dizer que gostava de escrever para mim. Em finais de 2016, convida-me para o Festival da Canção e eu pergunto se podemos escolher a banda. E digo: "Vamos convidar quem me convidou." O Pedro fez logo três canções, escolhemos Nunca Me Fui Embora, as outras duas eram Queda para Voar e Desalmadamente.
Como é que se chama a banda?
[Ri-se] Os Lena d'Água ou os Desalmados.
Fez parte dos Beatnicks, Salada de Frutas e Atlântida, isto há mais de 30 anos. E nunca mais teve uma banda, como os conheceu?
Em 2016, sou convidada para ir cantar à Casa Independente [Lisboa], num domingo à tarde, com os They"re Heading West, o Serginho, o Joca, a Mariana e a Chica, quem me acompanha agora. Tocaram temas meus e foi lindo de morrer, toda a gente muito comovida, adorámos. Começámos a dizer que precisávamos de um repertório novo.
E, aí, começa a trabalhar com o Pedro Silva.
Ainda esperei um ano e mais dois para editar o Desalmadamente, em 2019.
É um disco biográfico?
É, o Pedro fez imensas canções baseadas no que conhece de mim, desde que nasceu.
Desalmadamente, alguém a viver tudo ao extremo, é assim?
Sou desalmadamente feliz em certos momentos e desalmadamente infeliz noutros.
Mais vezes feliz?
Se tirar do pensamento o que é o mundo em que vivemos, a quantidade de gente horrível e a forma desgraçada como são tratados os animais, a natureza, as crianças, as mulheres, os negros, sou felicíssima. Sou felicíssima quando estou no sofá com a minha cadela Lourinha, a mais velha, está a caminho dos 13 anos. Ainda hoje, enquanto lhe dava uma festa, pensei: "Sou tão feliz contigo."
Tem quatro cães e cinco gatos, a sua companhia durante esta pandemia.
Estou habituada a viver sozinha, essa parte não foi assim tão difícil, por isso, falo muito nas entrevistas, pudera, tenho interlocutor [gargalhadas]. O difícil foi não estar com a minha filha e o meu neto, que tem 7 anos.
E é a partir dos 60 anos que tem tido muitas ocasiões para ser feliz.
Sim. Houve momentos em que estava aqui desterrada, na aldeia, em que me senti um bocado desesperada, a ver a vida a passar. Se tens 30, ainda tens imenso tempo, se tens 50 e tal, não tens tanto tempo assim. E eu, ainda cheia de pica e de voz, via que nada estava a acontecer. Fiz 60 anos em 2016, quando sou convidada para tocar na Casa Independente com os They"re Heading West, um momento mágico. Mas os 60 de hoje são os 45 de há 30 anos. E o público sempre me tratou muito bem, ainda hoje pedem as canções antigas.
Demorou 30 anos para fazer um disco com originais, como é que isso acontece?
Faltou-me um Pedro da Silva Martins. Com o Luís Pedro Fonseca tivemos a nossa fase, e cada um seguiu o seu caminho. De vez em quando, chegavam-me algumas canções, mais dos fãs, nada que me tocasse, que tivesse vontade de gravar. Não sou compositora, não tenho escrito grande coisa.
Mas publicou um livro de poesia, A Mar Te.
Em 1984, foram os meus poemas de juventude. E ainda escrevi um livro sobre o meu pai [José Águas, O Meu Pai Herói], em 2011. Falta-me escrever o livro da vida, tem de ser.
Uma autobiografia, já tem título?
Não, para já é O Livro da Minha Vida.
Uma vida que começou cedo no mundo do espetáculo.
Quando fiz 20 anos, com os Beatnicks, apaixonei-me pelo Ramiro [Martins, baixista] à primeira vista e só depois é soube que ele era músico, foi muito engraçado. Eu não sabia nada dele e ele não sabia nada de mim. Eu já tinha a minha violinha, desde os 14 anos.
Os outros amores foram à primeira vista?
Tive imensas paixões fulgurantes e rápidas [ri-se], imensas. As minhas amigas diziam: "Quem me dera ser como tu." Mas dá imenso trabalho, há mais de 20 anos que não me apaixono, a última vez em que me separei foi em 1999. Tenho amigos bons, homens, um grande amigo que foi meu namorado, talvez o meu melhor amigo, o Pedro Paixão. Tive uma paixão muito grande por ele, em 1985, mas ele estava a sofrer de amor por outra pessoa. Os principais namorados, porque tive muitos namorados, é com quem mantenho mais ligação. Foi quem melhor me tratou e não estava apaixonado por mim.
Qual foi a paixão que durou mais tempo?
Nenhuma durou muito tempo, as principais foram três, o casamento durou três anos e as outras duas pessoas com quem vivi foi de três para quatro anos.
Algumas situações de violência doméstica?
Levei uns sopapos. Ao primeiro sinal que as coisas começavam a desandar "tchau". Mandava-os embora, a casa era minha, nunca saí da minha casa para viver com alguém, só quando me casei, tínhamos um apartamento na Amadora, éramos miúdos, eu tinha 19 e ele 21 anos.
Há "o homem da sua vida"?
O homem com quem me casei e pai da Sara, o Ramiro, que também já morreu; o Luís Pedro Fonseca, nunca vivemos juntos, mas tivemos uma relação fortíssima; e o meu Pedro Paixão [gargalhadas].
De alguma forma, as paixões foram direcionando o seu percurso musical?
Aconteceu tudo muito naturalmente. Conheço o Ramiro no meio de uma grande confusão, numa festa de Carnaval. Um dos meus amigos, que começava a entrar nas drogas pesadas, o Manel, disse que ia a um lado e percebi naquele dia que não ia acabar bem, morreu meses depois. Fiquei sozinha, num cantinho, a chorar. Passa um gajo giríssimo, olhos escuros, cabelo comprido, barbas, com umas garrafas de cerveja, para, olha, eu pergunto-lhe o signo, ele responde que é Leão e diz : "Anda lá para fora." Quando lá chegámos, estavam os amigos dele, da Amadora, com os meus amigos, de Benfica, só depois soube que estava a formar uma banda.
Os Beatniks.
A Sara nasce em dezembro de 1975 e durante a gravidez ia aos ensaios dos Beatnicks para estar com ele, a fazer as minhas malhinhas e os coros, sempre adorei fazer coros. Um dia alguém diz para ir com eles aos concertos e, em maio do ano seguinte, faço o primeiro concerto com eles, tinha duas ou três canções que cantava a solo. Sou ouvida e começam a chamar-me para fazer trabalho de estúdio, publicidade, conheci toda a gente. Encontro-me com o Luís Pedro Fonseca e o Zé da Ponte, que eram criativos em publicidade, e aí começa o Salada de Frutas. E o meu casamento não estava bem, ficava em casa com a Sara e não via o Ramiro.
Beatnicks, Salada de Frutas e Atlântida, qual a banda que deixou mais saudades?
Gostei de cantar nas três, o Salada de Frutas deixou um sabor amargo, não quiseram pôr a cantora à frente, mas o Luís Pedro saiu comigo, era o compositor principal. Com a Atlântida, com o Luís Pedro, participei na criação das canções, fizemos muitas canções e que as pessoas estão sempre a pedir.
Antes da música, estudava Sociologia, porque é que deixou o curso?
Houve o 25 de Abril e não havia professores, eram passagens administrativas, não estava ali a fazer nada. Conheci o Ramiro e passado pouco tempo estava à espera de bebé. Nos meus 18 anos, achava que era quase pecado usar a pílula naquela coisa maravilhosa que me estava a acontecer [gargalhadas].
Acaba por fazer o magistério primário.
Fiz a admissão ainda a Sara não tinha nascido, tinha Psicologia, Sociologia, Música, Movimento e Drama. Era um curso muito completo e estava a ser reestruturado, muito fixe, e ficava ao pé de casa dos meus pais. Entro na escola em 1975, de barriguinha, mais porque gostava de estudar, de aprender e todas aquelas matérias me interessavam. Ainda estagiei em duas escolas, os putos chamavam-me a Lena da Música, dava Música, Movimento e Drama, adoravam, mas os professores nem tanto, era um alvoroço.
As drogas marcam um período da sua vida. Não se pode dizer que tenha sido por desconhecimento.
Não, tinha 33 anos e tinha perdido um amigo por causa das drogas. Achei que já era crescida e que podia experimentar. Não se deve, ainda por cima, com um namorado. Quando é uma pessoa, é difícil, quando são duas, é muitíssimo difícil. Esse foi um a quem disse "tchau". Mudei a fechadura de casa e disse adeus. É uma porta fechada, há mais de 20 anos. Comecei a consumir em 1989 e fiz duas desintoxicações, em 1997 e 1998.
Andava em digressão com As Canções do Século, alguma vez, a s drogas a a impediram de atuar?
Houve um concerto em que pensei que não ia conseguir acabar. Foi a única vez em que estive em palco quase a desmaiar, por falta da droga - quando tens consegues fazer as coisas, quando não tens é pior, é terrível.
A Helena Vieira e a Rita Guerra eram as companheiras de palco, aperceberam-se?
Sabiam de tudo, também o Pedro Osório.
O que é que a levou a deixar de consumir?
Estava farta, cansada, e decidi não acabar como a Billie Holiday e a Elis Regina, elas não conseguiram sair e morreram, novas.
Entra, depois, na fase do Hot Clube, mais jazzística.
O Hot Clube começa em 1999, quando faço a primeira vez a Billie e repito em 2001. Fiz a Billie durante vários anos com os músicos de jazz do Hot, depois ainda faço a Elis Regina, lá está, as minhas inspiradoras. E faço um o disco ao vivo, com todos aqueles músicos, gravado ao primeiro take [Sempre, 2007].
Entra no Big Brother, em 2002, arrepende-se?
Não, porquê? Fui ganhar mil contos em duas semanas [o equivalente a quase 6500 euros hoje]. E estava a fazer a Billie Holiday, ganhávamos muito pouco, ali não era obrigada a fazer nada e recebia 500 contos por semana.
Chegou a ganhar muito dinheiro com as canções?
Ganhei muito dinheiro, mas gastava-o, foi uma estupidez. É talvez a única coisa de que me arrependo, foi ter experimentado aquilo [heroína].
Disse uma vez que fumou o seu apartamento durante esse período.
Foi [ri-se], mas pronto, já passou.
Até porque é público que nem sempre tem tido dinheiro para os bens essenciais.
Este ano iria correr bem, não íamos ter os 60 concertos do Toni Carreira [gargalhadas] mas ia dar para tirar do sufoco uma data de gente, somos 14. Teríamos uns 20 concertos, o que é muito bom para música que não é romântica ou fado. Tudo cancelado.
Já começaram a reagendar?
Temos duas confirmações em setembro. No jardim da Penha de França, dia 4, estivemos lá no ano passado, espetacular. E a Festa do Avante!, onde estarei com a Capicua e a minha banda no dia 5. Em outubro, vamos ao Porto no âmbito do programa Cultura em Expansão, vamos tocar num dos bairros periféricos do Porto, com entrada livre.
A Festa do Avante! vai realizar-se quando todos os festivais foram cancelados, fazem-se uns espetáculos e outros não, não parece haver uma certa incoerência?
Então eu não sei? Tínhamos outros concertos agendados, há pessoas que voltaram, a nós, disseram que iam marcar outra data e estamos à espera, outros foram cancelados.
Pensaram em não ir à Festa do Avante!?
Não. Queremos tocar, precisamos de trabalhar, de ganhar dinheiro, o resto ultrapassa-nos. Gravei um espetáculo para o TV Fest [posteriormente cancelado], não fui das que levaram pedradas, mas levei ricochetes, porque os que não foram convidados - nem sabiam se iam ser ou não porque ainda estava no princípio - disseram de tudo, ainda chorei à pala disso. Era uma iniciativa do Ministério da Cultura, em parceria com a RTP, o Júlio Isidro indicou umas pessoas, depois estas indicaram outras e assim sucessivamente, achei giro o critério, eu convidei pessoas do jazz. Quando o Wallenstein [Tomás] me convida, fiquei toda contente por ter sido aquele puto que admiro tanto, depois, quando me dizem que é com dinheiro do MC, fiquei contentíssima: "Pela primeira vez na minha vida, em 44 anos de carreira, vou receber dinheiro de um cachet pago pelo meu ministério". Fiquei tão triste, só não fiquei completamente triste porque ao fim de quatro meses pagaram aos que já tinham gravado. Fiz uma cena muito fixe, com o Tahina.
Como é que tem conseguido passar estes meses do ponto de vista financeiro?
Com a ajuda de amigos, neste ano ainda não fiz um concerto.
E os apoios à cultura?
Chegou uma bolacha da GDA [fundação de apoio aos artistas], de resto, mais nada.
Do que é que tem mais saudades?
Tenho imensas saudades do meu pai e da minha mãe. A nível profissional, não tenho muitas saudades. De ser gira e nova [gargalhadas]?
Vi alguns títulos nessa direção, por exemplo, "O 'avião' dos anos 80 que nunca nos deixou". Como é que reage?
Sim, pois ... Os meus títulos são diferentes. Também já foi título "Desculpem, não ter morrido jovem e bela". Não era muito feliz nessa a altura, e as minhas relações amorosas também não correram bem.
Lida bem com as mudanças físicas à medida que avança na idade?
Tem dias [gargalhadas], de vez em quando faço umas dietas, agora estou outra vez em dieta, porque me sinto melhor. E, como costumo dizer, os 64 já ninguém mos tira.
E os momentos que gostava de apagar?
Sou uma pessoa como as outras, gostava de apagar as mortes dos meus queridos, perdi vários amigos importantíssimos, músicos fantásticos, o meu pai, a minha mãe... Em termos profissionais, não me lembro de nada que tenha feito sem querer e, a partir de certa altura, comecei a dizer não com mais convicção. É muito importante dizer não, não fazer algo que vai contra mim.
Veio viver para o Bombarral em 2007, as casas eram acessíveis e havia esse desejo de viver no campo. Alguma vez se arrependeu?
Comprei a minha pequena moradiazinha a pronto, com o dinheiro da venda da nossa casa de família, no bairro de Santa Cruz, em Lisboa, quando os meus pais morreram, adorava aquela casa. Fiz o que pensava fazer desde miúda: morar no campo. Nunca me arrependi. Mas devo dizer que, cada vez que vou a Lisboa, passo por Benfica, vou tomar um café, vou à loja dos produtos naturais ao lado da igreja, mas não passo em frente da nossa casa, faz-me impressão. Adorava aquela casa, fui para lá com 2 anos.
O que espera do futuro?
Quero é fazer concertos, tocar o Desalmadamente ao vivo, como devíamos estar a tocar e não podemos. Quero fazer um disco ao vivo com esta banda, para isso, temos fazer mais concertos. Um projeto para o futuro, não muito longínquo, é fazer o Coliseu, já lá cantei ene vezes, nunca num concerto só meu. O Coliseu para mim é a sala de Lisboa.