Festas ilegais. Ministro da saúde alemão preocupado e governo das Baleares cria multas até 600 mil euros
Foram recebidos há um mês com pompa e circunstância os primeiros turistas a chegar a Maiorca para a reabertura, todos alemães, mas depois do descontrolo deste fim de semana já há quem só os queira ver pelas costas, incluindo o ministro da saúde alemão.

Os alemães são os principais clientes do turismo das Ilhas Baleares e de Palma de Maiorca em particular. Platja de Palma foi este fim de semana cenário de festas ilegais e alguns incidentes com turistas alemães.
© i-Stock
Em declarações a propósito do perigo de uma segunda vaga da pandemia de covid-19 no outono e inverno, Jens Spahn, ministro da saúde daquele país, afirmou que esta era uma possibilidade, mas poderia ser evitada e apontou o dedo com maior veemência aos grupos de turistas alemães que nas Ilhas Baleares este fim de semana protagonizaram comportamentos de risco, registados em vídeos e fotografias que rapidamente se difundiram nas redes sociais. Grandes aglomerações de gente em festa, a partilhar álcool e copos e sem observarem quaisquer medidas de contenção do contágio.
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Apelando a que os alemães evitassem ajuntamentos e respeitassem as regras de distanciamento, o ministro afirmou aos jornalistas que estava particularmente preocupado depois de ver as imagens de turistas alemães em Maiorca no fim de semana.
"Percebo a impaciência, mas onde existem festas o risco de infeção é mais alto. Ballerman [zona de diversão noturna em Palma de Maiorca muito frequentada por turistas alemães e conhecida pela confusão e distúrbios] não pode tornar-se uma segunda Ishgl", disse, citado pelo Deutsche Welle, referindo-se à estância de esqui austríaca que foi tida como um dos primeiros e maiores focos de contágio de covid-19 na Europa.
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Estas declarações acontecem quase um mês depois da chegada dos primeiros turistas, todos alemães, a Maiorca, a 15 de junho, para marcar a reabertura das Baleares ao turismo numa espécie de programa piloto acordado entre a Alemanha e a região autónoma espanhola e largamente noticiada.
Não era para menos. O turismo representa 35% do PIB das Baleares e os alemães são os principais clientes. Quase 5 milhões deles visitaram-nas em 2018 e há até quem chame ao arquipélago o 17º estado da Alemanha.
Depois de meses de confinamento, negócios encerrados e muita gente desempregada, os turistas representavam uma espécie de salvação.
As ilhas foram relativamente poupadas à hecatombe que se abateu sobre Espanha com a pandemia, tendo tido até agora 2.228 casos e 224 mortes, os números mais baixos do país, que já conta com 253.908 casos e 28.403 mortes.
A Alemanha também tem os números controladas e é tida como um exemplo no combate à pandemia. O governo das balneares pôs em marcha uma série de medidas de segurança, sendo uma das mais importantes a não reabertura de bares e discotecas. Parecia ter tudo para correr bem. Até este fim de semana.
De acordo com o La Vanguardia, várias centenas de turistas sem máscara e sem respeitar as normas de distanciamento social "provocaram incidentes em dois dos pontos quentes de Maiorca em matéria de turismo de excessos: Magaluf e Platja de Palma", o que está a preocupar não só o ministro da saúde alemão como o governo das Baleares, que teme que a necessária abertura dos aeroportos para que a economia, essencialmente ligada ao turismo, possa começar a funcionar acabe por provocar novos surtos de covid-19 numa comunidade que até agora conseguiu manter-se com a mais baixa incidência de Espanha.
As festas ilegais, que têm proliferado pelo arquipélago, são uma das maiores preocupações e para acabar com elas, as autoridades apertaram a vigilância e aprovaram recentemente um duro regime de penalizações com multas de até 600.000 euros para os organizadores e sanções que vão de 3.000 a 60.000 euros para os participantes.
O verão promete ser quente.
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