Cresci com o Homem-Aranha e com o Super-Homem. Mas o segundo não é para aqui chamado... Que graça tem um super-herói que não se pode magoar?.Bem, na realidade também o primeiro não é para aqui chamado, porque a dimensão heroica que trago pouco (ou nada) se relaciona com a Marvel ou com a DC..Falo sim das personagens que criamos nas redes sociais..Somos todos o máximo. Criticamos tudo. Não fazemos nada..Vivemos dos rótulos. Sim, dos rótulos que criamos para nós próprios. Vivemos a vida das personas que idealizamos e que conseguimos criar. Vivemos numa espécie de universo paralelo tipo Sims, ou Farmville, para os mais novos, se preferirem... Construímos as nossas quintas, plantamos os nossos vegetais e oferecemo-los em doses industriais com rotulagem em que apregoamos "sem corantes nem conservantes". Não. Os vegetais estão claramente manipulados!.Vivemos das imagens que colocamos no Instagram, vibramos com as bocas (pseudo)intelectuais que publicamos no Facebook, e rimos da crítica, muitas vezes absurda, que deixamos escorregar no Twitter..A primeira pergunta é saber se banimos, irradiamos e ignoramos estes novos super-heróis, ou se os aceitamos, integramos e aprendemos a viver com e como eles..A segunda é perguntar, de forma fria e pragmática, é se devemos desconsiderar e desprezar estes novos jovens que nos entram na sala de aula e que querem ser tudo menos médicos e engenheiros, preferindo apostar numa carreira como influencers ou youtubers, ou se devemos olhar, absorver e aprender com eles. Adaptarmo-nos a eles. E que tal fazer da sala de aula o espaço deles? E que tal tentar entrar e fazer parte do mundo deles?.O mundo digital manipula francamente as nossas vidas, como já se disse o sobre "o caixote plantado no meio da sala" do qual se tentou adivinhar que ia emburrecer as nossas vidas. "Vade retro a caixa que cospe imagens e que nos vai, ou ia, atrofiar o cérebro!" Falamos e criticamos os alunos que não largam os smartphones nas aulas quando nós, os adultos, fazemos o mesmo nas reuniões. Ralhamos com os filhos para não usarem iPad, tablets e outros que tais durante a refeição, quando somos nós que deixamos o dedo em cima do vidro e controlamos os gostos e as partilhas das nossas redes..Tudo mudou..A televisão perdeu importância e o direto foi trocado por programas on demand. O computador desapareceu dos escritórios nos anos 1990 e deu lugar a máquinas finas e portáteis que carregamos a toda a hora e onde guardamos uma vida inteira..O telefone agora compila nele próprio inúmeras doses de pequenas coisas e que, imagine-se, também dá para fazer chamadas..Felizmente não tenho resposta para nada. E é isso que me agrada..Esta grande (senão a maior) dose de incerteza de que as perguntas que fazemos nos vão levar a um futuro que ainda não compreendemos, que não conhecemos e que temos de ir construindo com base na incerteza..Arrisco dizer que se o presente é estranho, o futuro é imprevisível..E a imprevisibilidade é algo de extraordinário..Designer, director do IADE - Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia
Cresci com o Homem-Aranha e com o Super-Homem. Mas o segundo não é para aqui chamado... Que graça tem um super-herói que não se pode magoar?.Bem, na realidade também o primeiro não é para aqui chamado, porque a dimensão heroica que trago pouco (ou nada) se relaciona com a Marvel ou com a DC..Falo sim das personagens que criamos nas redes sociais..Somos todos o máximo. Criticamos tudo. Não fazemos nada..Vivemos dos rótulos. Sim, dos rótulos que criamos para nós próprios. Vivemos a vida das personas que idealizamos e que conseguimos criar. Vivemos numa espécie de universo paralelo tipo Sims, ou Farmville, para os mais novos, se preferirem... Construímos as nossas quintas, plantamos os nossos vegetais e oferecemo-los em doses industriais com rotulagem em que apregoamos "sem corantes nem conservantes". Não. Os vegetais estão claramente manipulados!.Vivemos das imagens que colocamos no Instagram, vibramos com as bocas (pseudo)intelectuais que publicamos no Facebook, e rimos da crítica, muitas vezes absurda, que deixamos escorregar no Twitter..A primeira pergunta é saber se banimos, irradiamos e ignoramos estes novos super-heróis, ou se os aceitamos, integramos e aprendemos a viver com e como eles..A segunda é perguntar, de forma fria e pragmática, é se devemos desconsiderar e desprezar estes novos jovens que nos entram na sala de aula e que querem ser tudo menos médicos e engenheiros, preferindo apostar numa carreira como influencers ou youtubers, ou se devemos olhar, absorver e aprender com eles. Adaptarmo-nos a eles. E que tal fazer da sala de aula o espaço deles? E que tal tentar entrar e fazer parte do mundo deles?.O mundo digital manipula francamente as nossas vidas, como já se disse o sobre "o caixote plantado no meio da sala" do qual se tentou adivinhar que ia emburrecer as nossas vidas. "Vade retro a caixa que cospe imagens e que nos vai, ou ia, atrofiar o cérebro!" Falamos e criticamos os alunos que não largam os smartphones nas aulas quando nós, os adultos, fazemos o mesmo nas reuniões. Ralhamos com os filhos para não usarem iPad, tablets e outros que tais durante a refeição, quando somos nós que deixamos o dedo em cima do vidro e controlamos os gostos e as partilhas das nossas redes..Tudo mudou..A televisão perdeu importância e o direto foi trocado por programas on demand. O computador desapareceu dos escritórios nos anos 1990 e deu lugar a máquinas finas e portáteis que carregamos a toda a hora e onde guardamos uma vida inteira..O telefone agora compila nele próprio inúmeras doses de pequenas coisas e que, imagine-se, também dá para fazer chamadas..Felizmente não tenho resposta para nada. E é isso que me agrada..Esta grande (senão a maior) dose de incerteza de que as perguntas que fazemos nos vão levar a um futuro que ainda não compreendemos, que não conhecemos e que temos de ir construindo com base na incerteza..Arrisco dizer que se o presente é estranho, o futuro é imprevisível..E a imprevisibilidade é algo de extraordinário..Designer, director do IADE - Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia