O interesse do Presidente da República em "dar grande relevo" ao centenário do Dia do Armistício, que simboliza o fim da Grande Guerra, vai transformar a habitual cerimónia evocativa da Liga dos Combatentes num grande evento militar em 2018..O presidente da Liga, general Chito Rodrigues, disse nesta terça-feira ao DN que a cerimónia vai realizar-se no próximo dia 4 de novembro junto do Monumento aos Mortos da Grande Guerra (1914-1918), na Avenida da Liberdade, Lisboa, e incluirá "uma parada militar com grande projeção"..A razão de ser dessa data, uma semana antes do centenário do Armistício de Compiègne, prende-se com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa nas cerimónias oficiais em França, em representação de Portugal, confirmou o DN..Segundo Chito Rodrigues, tanto o Ministério da Defesa como o Estado-Maior General das Forças Armadas "apoiam a realização da iniciativa" e estão envolvidos no "planeamento conjunto" da cerimónia, com a Presidência da República e a Liga dos Combatentes..A parada militar de 4 de novembro vai ser assim mais um significativo evento militar, num ano marcado pela primeira grande celebração pública e mediática do Dia do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), que, nas palavras de um dirigente político ouvido pelo DN, representou uma verdadeira "rentrée política" da instituição militar agora chefiada pelo almirante Silva Ribeiro..Certo é que a visibilidade e divulgação acrescidas que Silva Ribeiro tem dado à atividade das Forças Armadas traduzem um corte com a visão dos antecessores e, num quadro de falta de efetivos face aos números aprovados, a nova política de comunicação relativa à instituição militar é assumida como forma de a mostrar e mais uma tentativa de atrair os jovens às fileiras, reconheceram diferentes fontes ouvidas pelo DN nas últimas semanas..A cerimónia de 4 de novembro, além das tropas da Marinha, do Exército e da Força Aérea, adiantou Chito Rodrigues, também está a ter "um apoio muito grande" da GNR e da PSP, as quais vão igualmente marcar presença - talvez por terem participado em missões de paz no estrangeiro, nos últimos anos, ou como mais um gesto de aproximação entre as Forças Armadas e as de Segurança - na parada militar da Avenida da Liberdade. .A cerimónia representa ainda o encerramento das comemorações oficiais do centenário da Grande Guerra, cujo ponto alto foi até agora o da evocação da Batalha de La Lys, a 9 de abril..Quanto à Liga dos Combatentes, que também evoca em novembro o 97.º aniversário da sua fundação e os 44 anos do fim da guerra em África, os seus 117 núcleos espalhados pelo país e no estrangeiro vão celebrar o centenário do Armistício na data habitual, 11 de novembro..Cerimónia num comboio.Após quatro anos de uma guerra que mobilizou mais de 70 milhões de militares e resultou em quase dez milhões de mortos e o dobro de deficientes militares, as partes assinaram o cessar-fogo a 11 de novembro numa carruagem de comboio a norte de Paris..A reunião teve lugar na floresta de Compiègne - daí o nome por que é conhecido o Armistício - entre as delegações lideradas pelo comandante-chefe das forças aliadas, marechal francês Ferdinand Foch, e pelo ministro de Estado alemão, Matthias Erzberger..O texto, em termos considerados como humilhantes para a Alemanha, determinou o cessar-fogo imediato, a entrega de todo o material de guerra alemão (incluindo aeronaves e navios) e a saída dos países - Bélgica, França, Luxemburgo - e das regiões invadidas (Alsácia-Lorena e margem esquerda do Reno)..Lisboa participou na frente ocidental da I Guerra Mundial ao lado dos aliados a partir de 1917, com o chamado Corpo Expedicionário Português (CEP). Esta força acabaria por ser derrotada na Batalha de La Lys, a 9 de abril de 1918, tendo morrido meio milhar de soldados e sido aprisionados mais de 7000..Em 1923 nascia em Portugal a Liga dos Combatentes da Grande Guerra, que atualmente abrange os que participaram nas guerras posteriores (incluindo as missões de paz iniciadas em 1996)..O Monumento aos Mortos da Grande Guerra, na Avenida da Liberdade, começou a ser construído em 1926. A ideia de homenagear aqueles combatentes portugueses surgiu em 1920, por ocasião do segundo aniversário da Batalha de La Lys..A obra, criada pelos arquitetos Guilherme e Carlos Rebelo de Andrade e do escultor Maximiano Alves, foi inaugurada cinco anos depois, a 22 de novembro de 1931.