Há cada vez mais portugueses a trabalhar por turnos e ao fim de semana

Mais de metade dos trabalhadores têm um salário líquido mensal inferior a 900 euros.
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O número tem vindo sempre a aumentar nos últimos anos, pelo menos desde 2011 quando começa a atual série do Instituto Nacional de Estatística. No primeiro trimestre deste ano, mais de cinco milhões de trabalhadores por conta de outrem (TCO) disseram ter feito horários por turnos, à noite ou ao fim de semana.

Face ao mesmo período do ano passado, os maiores aumentos registaram-se no número de pessoas que fazem turnos e que trabalham aos domingos. As subidas rondaram os 5%, em ambos os casos, mostram os cálculos do Dinheiro Vivo com base nos resultados do Inquérito ao Emprego do Instituto Nacional de Estatística (INE).

No primeiro trimestre deste ano, mais de 771 mil trabalhadores responderam que trabalharam por turnos e mais de 1,2 milhões à noite. Mas é ao fim de semana que mais pessoas trabalham: ao sábado são mais de dois milhões, ao domingo ultrapassa um milhão de TCO (o número ultrapassa o total de trabalhadores, uma vez que muitos responderam fazer mais do que um tipo de horário).

Os economistas atribuem estes sucessivos aumentos à evolução dos setores mais dinâmicos da economia portuguesa como os serviços (turismo, alojamento, restauração, etc.). De resto, os dados do INE mostram que é neste setor de atividade que mais trabalhadores fazem serões, noites e fins de semana.

Salários até 900 euros

Pela primeira vez, na atual série do INE, mais de um milhão e meio de trabalhadores por conta de outrem tem um salário mensal entre 600 euros e 900 euros líquidos. Representa mais 18% de pessoas empregadas do que em igual período do ano passado. Um aumento que estará ligado à atualização do salário mínimo nacional no início deste ano para os 600 euros.

Por essa razão também o escalão de rendimento mensal líquido anterior (de 310 euros a menos de 600 euros) teve uma queda acentuada do número de trabalhadores a auferir este rendimento, superior a 35% no espaço de um ano.

Mas há ainda mais de 112 mil TCO que ganham menos de 310 euros líquidos por mês. No extremo oposto estão aqueles que ganham entre 2500 euros e três mil euros ou mais líquidos. No primeiro trimestre deste ano eram perto de 70 mil empregados, representando cerca de 1,7% de todos os trabalhadores por conta de outrem.

Precários em queda

Os contratos precários também estão em queda. Este tipo de vínculo abrange um quinto dos trabalhadores por conta de outrem. O número de pessoas com contrato a termo ou outras situações (substituição, empregos intermitentes) caiu 1% em termos homólogos, quando tinha estado sempre a subir desde 2011. No início deste ano havia mais de 861 mil pessoas com este tipo de vínculo: 724 mil com contratos a termo e 137 mil noutras situações.

O número de trabalhadores com contratos precários representava no primeiro trimestre deste ano cerca de 21% de toda a população empregada por conta de outrem. Do universo, a esmagadora maioria tinha um contrato sem termo, ultrapassando 3,1 milhões de pessoas.

Ainda de acordo com o INE, o desemprego de longa duração caiu 25% no início deste ano face aos primeiros três meses de 2018, representando 166 mil pessoas, quase metade da população desempregada.

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