Há mais 73 mil precários do que no ano da troika

O emprego tem recuperado, mas também à custa de contratos mais instáveis.
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O número de trabalhadores por conta de outrem com contratos de trabalho precários tem crescido ao longo dos últimos sete anos e atingiu em 2018 o valor mais elevado desde 2011, o início da série calculada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

No ano da chegada da troika existiam 817,6 mil trabalhadores com vínculos laborais instáveis. Neste número estão incluídos os contratos com termo e outros tipos de contratos, denominados muitas vezes de atípicos; no ano passado, o número de trabalhadores com este tipo de vínculo laboral atingiu quase os 900 mil, ou seja, uma diferença acima dos 73 mil face a 2011.

Ao longo de toda a série do INE verifica-se sempre um aumento em termos absolutos do número de trabalhadores com contratos precários. Em termos relativos, a proporção da população empregada com este tipo de vínculos no total dos trabalhadores por conta de outrem tem-se mantido à volta dos 28% desde 2015.

De 2017 para 2018 subiu 2,2%, passando de 728,7 mil para 745 mil. Já em relação a outros tipos de vínculos o aumento foi ainda mais expressivo, com uma subida de 4,8%, passando de 139,7 mil em 2017 para 146,4 mil no ano passado. A boa notícia é que os contratos sem termo também subiram (2,8%).

Serviços lideram

De acordo com o Inquérito ao Emprego do INE, o setor dos serviços lidera, de longe, o número de contratos precários. Neste segmento incluem-se, por exemplo, as áreas do turismo (hotelaria, alojamento e restauração), mas também a saúde.

Os dados do INE revelam que neste setor de atividade trabalhavam mais de 531 mil pessoas com contrato a termo e mais de 116 mil em outras situações de contratos de trabalho, representando mais de 70% do total de trabalhadores por conta de outrem com vínculos precários.

O setor primário, que inclui a agricultura, floresta e pescas, é o que apresenta um menor número de trabalhadores com contratos a termo ou outro tipo de situação.

Mais mulheres

Por género, são as mulheres que têm mais contratos precários. Somando os vínculos com termo e os outros tipos de contratos, no ano passado existiam mais de 458 mulheres nesta situação. Os homens eram 433 mil. Ou seja, há quase mais 25 mil mulheres do que homens.

Em termos de evolução entre 2017 e 2018, registou-se um crescimento muito superior nos contratos a termo para as mulheres (4,2%) do que para os homens (0,3%). E o mesmo se passa para os outros tipos de contratos, com maior prevalência de vínculos atípicos nas mulheres. Num ano subiu mais de 6%, enquanto para os homens o aumento foi de metade, apenas 3,1%.

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