Hitler sobrevive a atentado
"A máquina infernal de Munique explodiu 17 minutos depois de Hitler ter saído da histórica cervejaria", titulava o Diário de Notícias, acrescentando que "nenhuma individualidade nazi em destaque" estava entre as vítimas. A guerra começara há apenas dois meses.
O jornal restituía os passos daquele acontecimento, avançando que a falha se devera a uma série de imponderáveis. Em primeiro lugar, Hitler costumava ficar hora e meia a conversar com os membros "da velha guarda nazi", depois de chegar às 20.30 ao Bürgerbräukeller, "a típica cervejaria bávara, a fim de assistir à comemoração do primeiro Putsch nacional-socialista (rebelião do partido)". Na véspera, porém, alegando múltiplos afazeres, saíra mais cedo, tendo o seu discurso terminado logo às 21.05. "Também ao contrário do que costuma suceder, Hitler apenas se despediu de quem se encontrava na mesa de honra", tendo-se dirigido logo para a estação onde um comboio especial esperava para o levar de volta a Berlim.
"Foi precisamente quando o comboio se pôs em marcha que se ouviu a explosão (...) A bomba rebentou no local onde o chanceler estava a discursar momentos antes." O engenho explosivo, que o DN descrevia como "uma máquina infernal com sistema de relojoaria", marcava as 21.22 como hora do rebentamento que fizera ruir o edifício.
Meia hora antes da explosão, um opositor do regime nazi era detido e mais tarde, em interrogatório conduzido pela Gestapo, Georg Eller era apontado como o responsável por planear e executar o plano para matar Adolf Hitler. O último impulso para o ato foram os acontecimentos na Noite de Cristal, quando milhares de judeus foram arrancados das suas casas pelas tropas alemãs, deixando 91 mortos; 30 mil judeus detidos foram enviados para campos de concentração. Foi num desses campos que veio a morrer Eller: enviado para Dachau, onde permaneceu durante toda a guerra, Hitler deu ordem para a sua execução, concretizada a 9 de abril, semanas antes do fim da Segunda Guerra Mundial.