Exclusivo Carlos Humberto: "Era preciso uma medida disruptiva que trouxesse mais gente ao transporte coletivo"

O novo passe Navegante abriu aos cidadãos da Área Metropolitana de Lisboa a porta de todos os transportes públicos, revolucionando o sistema de utilização dos mesmos. A medida é aplaudida por todos, mas os operadores não estavam preparados para a revolução e agudizaram-se problemas antigos: sobrelotação, tempos de espera, supressão de serviços, degradação de equipamentos.

Passados seis meses desde a criação do passe Navegante na área metropolitana de Lisboa, qual é o balanço?
De acordo com os dados que temos até ao fim de setembro, podemos dizer que é muito positivo e que os resultados ultrapassaram as nossas expectativas. Em setembro de 2019 aumentámos a venda de cartões, comparativamente ao mês homólogo do ano passado, em 33%. A venda de passes em setembro foi de cerca de 723 mil, mais cerca de 147 mil que no mesmo mês do ano passado, o que se traduz numa subida de 25,5%. As pessoas transportadas, isto é a utilização, foram 53 milhões e 760 mil no mês de setembro, mais 21% do que no ano anterior. São dados muito significativos, que nos permitem dizer que o objetivo principal, que era atrair gente para o transporte coletivo, foi cumprido.

Mas esta maior afluência aos transportes públicos agudizou e tornou ainda mais evidentes problemas que já existiam antes da introdução do passe intermodal, nomeadamente o da sobrelotação. Antes de avançar com a medida não deveriam ter sido garantidas as condições para a aplicar?
Tínhamos perfeita consciência, quando a decisão foi tomada, de que poderíamos vir a ter este problema da oferta, porque a procura iria subir, mas a questão que ponderámos foi que, se estivéssemos à espera das condições perfeitas, nunca mais avançaríamos. Reforçar a CP com novos comboios é um processo moroso, significa três, quatro anos à espera, depois do processo iniciado, no Metro de Lisboa, a mesma coisa, e nos barcos da Transtejo e Soflusa não serão três ou quatro anos, mas serão dois ou três. Por isso, era preciso avançar com uma medida que fosse disruptiva, dizemos mesmo revolucionária, que trouxesse mais gente ao transporte coletivo. Ainda assim, criámos formas de incentivo aos operadores, no mecanismo de compensação financeira pelos novos títulos, de forma que eles aumentassem a oferta ajustando-a à nova procura. Por outro lado, acaba também por funcionar como forma de pressão sobre as autoridades, sejam elas o governo ou os municípios, para que garantam que a oferta acompanhe a procura.

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