Jorge Palma faz setenta anos e os amigos vão-se reunir nas redes sociais para lhe dar os parabéns, numa corrente que tem início hoje pela sete e meia da manhã e se vai prolongar pelo resto do dia, numa celebração da vida e da amizade. Começou por tocar piano clássico, mas algures na adolescência foi "desviado pelo rock para a gandulagem". Foi o próprio que o confessou na biografia oficial Na Palma da Mão, da autoria de Pedro Teixeira, publicada em 2008; E em boa hora o fez, pode-se acrescentar hoje, ao olhar para a obra que o haveria de tornar num dos maiores nomes da música portuguesa. É esse percurso que aqui recordamos década a década, em dia de aniversário redondo, com a certeza de que "enquanto houver estrada para andar", Jorge Palma por aí vai continuar, sempre com uma guitarra às costas ou em frente a um piano..1950 a 1960.Nasce em Lisboa a 4 de junho de 1950 e desde muito novo que é considerado "uma criança dotada" para a música. Aos 6 anos, quando a maioria das crianças ainda está a aprender a ler e a escrever, começou a ter aulas de piano com a professora Maria Fernanda Chichorro, que também foi mestra de muitos outros músicos nacionais. E com apenas oito, teve a primeira audição no Conservatório nacional, onde haveria de regressar muito mais tarde, nos anos 1980, já como o Jorge Palma que todos conhecemos, para concluir o curso geral de piano e mais tarde o curso superior neste mesmo instrumento..1960-1970.No início da adolescência e a par da formação em música erudita, começa a interessar-se cada vez mais pelo rock and roll. Enquanto aluno do Liceu Camões, em Lisboa, e mais tarde no Colégio Infante de Sagres, em Mouriscas, perto de Abrantes, e depois novamente em Lisboa, no Colégio Académico, começa a descobrir nomes Bob Dylan ou Lou Reed, os quais tenta imitar com a guitarra, que aos poucos se torna o seu instrumento de eleição, quase renegando o piano. Como o próprio confessou na biografia oficial Na Palma da Mão, da autoria de Pedro Teixeira, publicada em 2008, foi "desviado pelo rock para a gandulagem", que começou logo no aos 17 anos, quando parte sozinho para o Algarve, para tentar a sorte como músico. È aceite como teclista numa banda chamada Black Boys, mas a experiência, que ainda durou alguns meses, é interrompida de forma abrupta pela visita do pai a um dos bares onde tocava. Resultado: Regressa de imediato a Lisboa para continuar a estudar..1970-1980.Ao mesmo tempo que estuda engenharia na faculdade de Ciências de Lisboa integra também o grupo de Hard Rock Sindicato, do qual fazia também parte Rão Kyao. Tocavam essencialmente versões de bandas como Led Zeppelin, Chigado ou Blood, Sweat and Tears, que misturavam, ao vivo, com um ou outro original em inglês. É com esta banda, entretanto reforçada com uma vigorosa secção de metais, que atua na primeira edição do Festival de Vilar de Mouros, partilhando o palco com estrelas internacionais como Manfred Mann e Elton John. Em 1972 estreia-se finalmente em nome próprio, com o single The Nine Billion Names of God, inspirado no conto de Arthur Clark com o mesmo nome. Nesse mesmo ano realiza uma longa viagem à América do Norte e abandona de vez o curso de engenharia para se dedicar à música. è nessa altura que conhece José Carlos Ary dos Santos, com quem, além de uma forte amizade, estabelece, segundo o próprio, uma verdadeira relação "aluno-mestre", com o objetivo de aperfeiçoar a escrita de canções em português. O primeiro resultado desta parceria surge com o EP A última Canção, composto por quatro composições próprias, duas delas com letra de Ary dos Santos. Começa também a trabalhar como compositor e orquestrador para outros artistas, mas a chamada para cumprir o serviço militar obrigatório, numa altura em que ainda decorria a guerra em África, interrompe-lhe a vida. Em setembro de 1973 parte com a mulher, Gisela Branco, para a Dinamarca, onde lhe é concedido o estatuto de exilado político. Enquanto trabalha num hotel, em Copenhaga, continua a compor. O regresso a Portugal acontece logo após o 25 de Abril de 1974, retomando de imediato a carreira de orquestrador, colaborando com gente tão diferente como Adelaide Ferreira, Amália Rodrigues, Paco Bandeira ou Tonicha. No ano seguinte participa no primeiro Festival da Canção pós-revolução, com O Pecado Capital, em coautoria com Pedro Osório e cantada em dueto com Fernando Girão, e Viagem, tema da autoria de Nuno Nazareth Fernandes e letra sua, classificadas respetivamente, em 7º e 8º lugar, num total de dez. Pouco tempo depois, lança o primeiro álbum em nome próprio, Com uma Viagem na Palma da Mão, com músicas compostas durante o exílio. O segundo longa-duração, Té Já, surge em 1977. Trata-se de uma trabalho assumidamente influenciado por jazz e blues, que inclui o clássico Bairro do Amor. Ainda nesse ano, depois de regressar de uma digressão no Brasil, parte numa viagem de alguns meses pela Europa, durante a qual ganha a vida a tocar na rua, interpretando clássicos de Bob Dylan, Leonard Cohen, Neil Young ou Paul Simon. Quando regressa a Lisboa, já em 1979, grava de imediato o disco Qualquer Coisa Pá Música, para o qual convida alguns membros do grupo acústico O Bando..1980-1990.No início desta década regressa a Paris, onde já tinha vivido antes, mas agora acompanhado pela segunda mulher, Graça Lamy. Aí permanece até 1982, ano do regresso definitivo a Portugal e do lançamento do álbum Ato Contínuo, do qual faz parte outro grande clássico dos seu repertório: Portugal, Portugal. O primeiro filho, Vicente, que hoje também é músico e até toca com o pai nasce em 1983 - é a ele que é dedicada a música Castor, incluída no álbum Asas e Penas, editado cerca de um ano depois. A cadência de novos discos é contínua e em 1985 edita O lado Errado da Noite, cujo título é inspirado no tema The Wrong Side of the Road, de Tom Waits e que se tornaria num dos seus mais aclamados trabalhos de sempre, à boleia de temas como Jeremias, O Fora-da-Lei, Cara d'Anjo Mau e especialmente Deixa-Me Rir. Um novo disco, Quarto Minguante, surge em 1986, seguindo-se um hiato de três anos sem editar qualquer registo de originais. Já quase na viragem da década lança Bairro do Amor, um álbum inicialmente recusado pela EMI - Valentim de Carvalho, que viria mais tarde a ser considerado, incluindo pelo DN, uma dos melhores discos do século XX da música portuguesa..1990-2000.Na última década do século XX, Jorge Palma não grava qualquer álbum de originais, dedicando-se por completo a um trabalho de reinterpretação da sua obra. Em 1990 concluiu finalmente o curso superior de piano no conservatório e, no ano seguinte, lançou o disco Só, no qual reinterpretava temas antigos apenas ao piano. Em 1992 juntou-se com Kalu e Zé Pedro (Xutos e Pontapés) e Flak e Alex (Rádio Macau) no Palma´s Gang, que apresentou, em formato assumidamente rock and roll, os seus grandes clássicos a toda uma nova geração. Depois do nascimento do segundo filho, em 1995, junta-se, no ano seguinte, a outro supergrupo, os Rio Grande, com Tim, João Gil, Rui Veloso e Vitorino, que viriam a ser outro caso sério de popularidade. Mesmo assim ainda teve tempo para musicar poemas de Regina Guimarães para uma peça de Bertolt Brecht, Lux in Tenebris, levada à cena pela Companhia de Teatro de Braga, e juntar-se a Sérgio Godinho, João Peste, Rui Reininho e Al Berto no espetáculo Filhos de Rimbaud, apresentado no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Pelo meio disso tudo foi ainda diretor musical do espetáculo de teatro Aos que Nasceram Depois de Nós, igualmente baseado em textos de Bertold Brecht, com music ade Kurt Wail, Hans Eisler e do próprio Jorge Palma. Entretanto, em 1997, dá-se o regresso dos Rio Grande, com o disco ao vivo Dia de Concerto, que incluía um tema inédito escrito por Jorge Palma, Quem És Tu de Novo? A década terminaria com uma outra recriação, do tema Nesta Cidade, interpretada a meias com Flak, na coletânea XX Anos XX Bandas, por ocasião do 20.º aniversário dos amigos Xutos e Pontapés..2000-2010.Como consequência da compilação Deixa-me Rir, composta exclusivamente por temas dos álbuns Bairro do Amor e Só e que se manteve nos primeiros lugares do top nacional de vendas durante várias semanas, Jorge Palma entrou no novo século com concertos esgotados um pouco por todo o país. O enorme sucesso do disco leva aliás a que o lançamento de novos temas seja sucessivamente adiado. Ainda em 2000, participa em Ar de Rock, álbum de tributo a Rui Veloso, em mais uma parceria com Flak, com o tema Afurada. Em 2001, mais de doze anos depois do último trabalho de originais, sai finalmente o disco homónimo Jorge Palma, que além da aclamação da crítica chegaria também ao terceiro lugar do top nacional logo na primeira semana. Nesse mesmo ano ainda iria atuar no Festival do Sudoeste e esgotar os coliseus de Lisboa e do Porto. Em 2002, ainda graças a Jorge Palma, o disco, recebe o prémio José Afonso e dá três concertos seguidos no Teatro de São Luiz, em Lisboa, nos quais, pela primeira vez, conta com a presença do filho Vicente. Os espetáculos seriam editados no CD duplo No Tempo dos Assassinos, antes de se reunir de novo com os velhos companheiros de estrada Tim, Rui Veloso e João Gil, mas agora nos Cabeças no Ar. Em 2004, apresenta, ma Associação 25 de Abril, uma trabalho gravado em casa e editado a expensas próprias, na qual junta a sua interpretação ao piano à voz de Ilda Ferreira, numa incursão pela poesia portuguesa contemporânea considerada pelo próprio como "uma obra de culto". E no verão desse ano ruma ao Porto, para gravar Norte, um disco que abre a sua obra a outros universos musicais e talvez por isso ainda seja hoje um pouco incompreendido. Pelo contrário, o álbum seguinte, Voo Nocturno, que incluía o êxito Encosta-te a Mim, trá-lo de volta ao goto do grande público. É aliás ao som dessa música que, a 27 de novembro de 2008, se casa em Las Vegas, EUA, com Rita Tomé, companheira de há longo tempo..2010-2020.Um novo (e último) disco de originais de Jorge Palma chegou em 2011, com o nome de Com Todo o Respeito, numa espécie de ajuste de contas com o mundo, feito de muita ironia e sarcasmo, que de certa forma é reveladora da luta interior que à época travava com o velho vício do álcool, tão bem descrito, alguns anos antes, na letra de À Espera do Fim: "Vou andando por ai, sobrevivendo á bebedeira e ao comprimido". Depois de assumir o alcoolismo nalgumas entrevistas, conseguiu finalmente vencer o vício em 2013. Dois anos depois voltou a reunir-se com Sérgio Godinho, "um amigo de há mais de 40 anos", no projeto Juntos, que resultou numa longa série de espetáculos e num disco ao vivo, em que interpretavam à vez e em conjunto a obra de cada um. Em 2016, quando se cumpriam os 25 anos da edição de Só, deu uma série de seis concertos esgotados em Lisboa (CCB), Porto (Casa da Música), Coimbra (Convento de São Francisco) e Faro (Teatro das Figuras), que mais uma vez confirmaram o carinho e o respeito do público, não só pela obra como especialmente pelo artista. O disco ao vivo que daí resultou foi o último de Jorge Palma até à data, mas para 2020, quando também se cumprem os 45 anos sobre o lançamento do álbum do álbum de estreia Com Uma Viagem na Palma da Mão, está prometido um novo registo de originais. Ainda faltam alguns meses, pelo que "ainda há muita estrada para andar".
Jorge Palma faz setenta anos e os amigos vão-se reunir nas redes sociais para lhe dar os parabéns, numa corrente que tem início hoje pela sete e meia da manhã e se vai prolongar pelo resto do dia, numa celebração da vida e da amizade. Começou por tocar piano clássico, mas algures na adolescência foi "desviado pelo rock para a gandulagem". Foi o próprio que o confessou na biografia oficial Na Palma da Mão, da autoria de Pedro Teixeira, publicada em 2008; E em boa hora o fez, pode-se acrescentar hoje, ao olhar para a obra que o haveria de tornar num dos maiores nomes da música portuguesa. É esse percurso que aqui recordamos década a década, em dia de aniversário redondo, com a certeza de que "enquanto houver estrada para andar", Jorge Palma por aí vai continuar, sempre com uma guitarra às costas ou em frente a um piano..1950 a 1960.Nasce em Lisboa a 4 de junho de 1950 e desde muito novo que é considerado "uma criança dotada" para a música. Aos 6 anos, quando a maioria das crianças ainda está a aprender a ler e a escrever, começou a ter aulas de piano com a professora Maria Fernanda Chichorro, que também foi mestra de muitos outros músicos nacionais. E com apenas oito, teve a primeira audição no Conservatório nacional, onde haveria de regressar muito mais tarde, nos anos 1980, já como o Jorge Palma que todos conhecemos, para concluir o curso geral de piano e mais tarde o curso superior neste mesmo instrumento..1960-1970.No início da adolescência e a par da formação em música erudita, começa a interessar-se cada vez mais pelo rock and roll. Enquanto aluno do Liceu Camões, em Lisboa, e mais tarde no Colégio Infante de Sagres, em Mouriscas, perto de Abrantes, e depois novamente em Lisboa, no Colégio Académico, começa a descobrir nomes Bob Dylan ou Lou Reed, os quais tenta imitar com a guitarra, que aos poucos se torna o seu instrumento de eleição, quase renegando o piano. Como o próprio confessou na biografia oficial Na Palma da Mão, da autoria de Pedro Teixeira, publicada em 2008, foi "desviado pelo rock para a gandulagem", que começou logo no aos 17 anos, quando parte sozinho para o Algarve, para tentar a sorte como músico. È aceite como teclista numa banda chamada Black Boys, mas a experiência, que ainda durou alguns meses, é interrompida de forma abrupta pela visita do pai a um dos bares onde tocava. Resultado: Regressa de imediato a Lisboa para continuar a estudar..1970-1980.Ao mesmo tempo que estuda engenharia na faculdade de Ciências de Lisboa integra também o grupo de Hard Rock Sindicato, do qual fazia também parte Rão Kyao. Tocavam essencialmente versões de bandas como Led Zeppelin, Chigado ou Blood, Sweat and Tears, que misturavam, ao vivo, com um ou outro original em inglês. É com esta banda, entretanto reforçada com uma vigorosa secção de metais, que atua na primeira edição do Festival de Vilar de Mouros, partilhando o palco com estrelas internacionais como Manfred Mann e Elton John. Em 1972 estreia-se finalmente em nome próprio, com o single The Nine Billion Names of God, inspirado no conto de Arthur Clark com o mesmo nome. Nesse mesmo ano realiza uma longa viagem à América do Norte e abandona de vez o curso de engenharia para se dedicar à música. è nessa altura que conhece José Carlos Ary dos Santos, com quem, além de uma forte amizade, estabelece, segundo o próprio, uma verdadeira relação "aluno-mestre", com o objetivo de aperfeiçoar a escrita de canções em português. O primeiro resultado desta parceria surge com o EP A última Canção, composto por quatro composições próprias, duas delas com letra de Ary dos Santos. Começa também a trabalhar como compositor e orquestrador para outros artistas, mas a chamada para cumprir o serviço militar obrigatório, numa altura em que ainda decorria a guerra em África, interrompe-lhe a vida. Em setembro de 1973 parte com a mulher, Gisela Branco, para a Dinamarca, onde lhe é concedido o estatuto de exilado político. Enquanto trabalha num hotel, em Copenhaga, continua a compor. O regresso a Portugal acontece logo após o 25 de Abril de 1974, retomando de imediato a carreira de orquestrador, colaborando com gente tão diferente como Adelaide Ferreira, Amália Rodrigues, Paco Bandeira ou Tonicha. No ano seguinte participa no primeiro Festival da Canção pós-revolução, com O Pecado Capital, em coautoria com Pedro Osório e cantada em dueto com Fernando Girão, e Viagem, tema da autoria de Nuno Nazareth Fernandes e letra sua, classificadas respetivamente, em 7º e 8º lugar, num total de dez. Pouco tempo depois, lança o primeiro álbum em nome próprio, Com uma Viagem na Palma da Mão, com músicas compostas durante o exílio. O segundo longa-duração, Té Já, surge em 1977. Trata-se de uma trabalho assumidamente influenciado por jazz e blues, que inclui o clássico Bairro do Amor. Ainda nesse ano, depois de regressar de uma digressão no Brasil, parte numa viagem de alguns meses pela Europa, durante a qual ganha a vida a tocar na rua, interpretando clássicos de Bob Dylan, Leonard Cohen, Neil Young ou Paul Simon. Quando regressa a Lisboa, já em 1979, grava de imediato o disco Qualquer Coisa Pá Música, para o qual convida alguns membros do grupo acústico O Bando..1980-1990.No início desta década regressa a Paris, onde já tinha vivido antes, mas agora acompanhado pela segunda mulher, Graça Lamy. Aí permanece até 1982, ano do regresso definitivo a Portugal e do lançamento do álbum Ato Contínuo, do qual faz parte outro grande clássico dos seu repertório: Portugal, Portugal. O primeiro filho, Vicente, que hoje também é músico e até toca com o pai nasce em 1983 - é a ele que é dedicada a música Castor, incluída no álbum Asas e Penas, editado cerca de um ano depois. A cadência de novos discos é contínua e em 1985 edita O lado Errado da Noite, cujo título é inspirado no tema The Wrong Side of the Road, de Tom Waits e que se tornaria num dos seus mais aclamados trabalhos de sempre, à boleia de temas como Jeremias, O Fora-da-Lei, Cara d'Anjo Mau e especialmente Deixa-Me Rir. Um novo disco, Quarto Minguante, surge em 1986, seguindo-se um hiato de três anos sem editar qualquer registo de originais. Já quase na viragem da década lança Bairro do Amor, um álbum inicialmente recusado pela EMI - Valentim de Carvalho, que viria mais tarde a ser considerado, incluindo pelo DN, uma dos melhores discos do século XX da música portuguesa..1990-2000.Na última década do século XX, Jorge Palma não grava qualquer álbum de originais, dedicando-se por completo a um trabalho de reinterpretação da sua obra. Em 1990 concluiu finalmente o curso superior de piano no conservatório e, no ano seguinte, lançou o disco Só, no qual reinterpretava temas antigos apenas ao piano. Em 1992 juntou-se com Kalu e Zé Pedro (Xutos e Pontapés) e Flak e Alex (Rádio Macau) no Palma´s Gang, que apresentou, em formato assumidamente rock and roll, os seus grandes clássicos a toda uma nova geração. Depois do nascimento do segundo filho, em 1995, junta-se, no ano seguinte, a outro supergrupo, os Rio Grande, com Tim, João Gil, Rui Veloso e Vitorino, que viriam a ser outro caso sério de popularidade. Mesmo assim ainda teve tempo para musicar poemas de Regina Guimarães para uma peça de Bertolt Brecht, Lux in Tenebris, levada à cena pela Companhia de Teatro de Braga, e juntar-se a Sérgio Godinho, João Peste, Rui Reininho e Al Berto no espetáculo Filhos de Rimbaud, apresentado no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Pelo meio disso tudo foi ainda diretor musical do espetáculo de teatro Aos que Nasceram Depois de Nós, igualmente baseado em textos de Bertold Brecht, com music ade Kurt Wail, Hans Eisler e do próprio Jorge Palma. Entretanto, em 1997, dá-se o regresso dos Rio Grande, com o disco ao vivo Dia de Concerto, que incluía um tema inédito escrito por Jorge Palma, Quem És Tu de Novo? A década terminaria com uma outra recriação, do tema Nesta Cidade, interpretada a meias com Flak, na coletânea XX Anos XX Bandas, por ocasião do 20.º aniversário dos amigos Xutos e Pontapés..2000-2010.Como consequência da compilação Deixa-me Rir, composta exclusivamente por temas dos álbuns Bairro do Amor e Só e que se manteve nos primeiros lugares do top nacional de vendas durante várias semanas, Jorge Palma entrou no novo século com concertos esgotados um pouco por todo o país. O enorme sucesso do disco leva aliás a que o lançamento de novos temas seja sucessivamente adiado. Ainda em 2000, participa em Ar de Rock, álbum de tributo a Rui Veloso, em mais uma parceria com Flak, com o tema Afurada. Em 2001, mais de doze anos depois do último trabalho de originais, sai finalmente o disco homónimo Jorge Palma, que além da aclamação da crítica chegaria também ao terceiro lugar do top nacional logo na primeira semana. Nesse mesmo ano ainda iria atuar no Festival do Sudoeste e esgotar os coliseus de Lisboa e do Porto. Em 2002, ainda graças a Jorge Palma, o disco, recebe o prémio José Afonso e dá três concertos seguidos no Teatro de São Luiz, em Lisboa, nos quais, pela primeira vez, conta com a presença do filho Vicente. Os espetáculos seriam editados no CD duplo No Tempo dos Assassinos, antes de se reunir de novo com os velhos companheiros de estrada Tim, Rui Veloso e João Gil, mas agora nos Cabeças no Ar. Em 2004, apresenta, ma Associação 25 de Abril, uma trabalho gravado em casa e editado a expensas próprias, na qual junta a sua interpretação ao piano à voz de Ilda Ferreira, numa incursão pela poesia portuguesa contemporânea considerada pelo próprio como "uma obra de culto". E no verão desse ano ruma ao Porto, para gravar Norte, um disco que abre a sua obra a outros universos musicais e talvez por isso ainda seja hoje um pouco incompreendido. Pelo contrário, o álbum seguinte, Voo Nocturno, que incluía o êxito Encosta-te a Mim, trá-lo de volta ao goto do grande público. É aliás ao som dessa música que, a 27 de novembro de 2008, se casa em Las Vegas, EUA, com Rita Tomé, companheira de há longo tempo..2010-2020.Um novo (e último) disco de originais de Jorge Palma chegou em 2011, com o nome de Com Todo o Respeito, numa espécie de ajuste de contas com o mundo, feito de muita ironia e sarcasmo, que de certa forma é reveladora da luta interior que à época travava com o velho vício do álcool, tão bem descrito, alguns anos antes, na letra de À Espera do Fim: "Vou andando por ai, sobrevivendo á bebedeira e ao comprimido". Depois de assumir o alcoolismo nalgumas entrevistas, conseguiu finalmente vencer o vício em 2013. Dois anos depois voltou a reunir-se com Sérgio Godinho, "um amigo de há mais de 40 anos", no projeto Juntos, que resultou numa longa série de espetáculos e num disco ao vivo, em que interpretavam à vez e em conjunto a obra de cada um. Em 2016, quando se cumpriam os 25 anos da edição de Só, deu uma série de seis concertos esgotados em Lisboa (CCB), Porto (Casa da Música), Coimbra (Convento de São Francisco) e Faro (Teatro das Figuras), que mais uma vez confirmaram o carinho e o respeito do público, não só pela obra como especialmente pelo artista. O disco ao vivo que daí resultou foi o último de Jorge Palma até à data, mas para 2020, quando também se cumprem os 45 anos sobre o lançamento do álbum do álbum de estreia Com Uma Viagem na Palma da Mão, está prometido um novo registo de originais. Ainda faltam alguns meses, pelo que "ainda há muita estrada para andar".