O roadshow Living in Portugal é organizado pela Open Media.
O roadshow Living in Portugal é organizado pela Open Media.Direitos Reservados

Zona Oeste de Portugal é a Califórnia de há 20 anos para imigração americana

Uma comitiva de 14 empresas portuguesas termina neste sábado o roadshow Living in Portugal na América do Norte, que mostrou a mais de 500 participantes como viver e investir no país. Negócios com clientes norte-americanos na zona de Óbidos e Caldas da Rainha crescem mais de 50%.
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Só no último ano, os negócios da imobiliária Pro Portugal com clientes norte-americanos na zona Oeste aumentaram mais de 50%, disse ao Dinheiro Vivo o CEO Nuno Martins.

“De facto, temos sentido cada vez mais interesse, até porque a zona Oeste, ali na costa de Óbidos e Caldas da Rainha, está a ser uma revelação para eles”, explicou. “Digamos que é uma Califórnia de há 20 ou 30 anos.”

A Pro Portugal foi uma das 14 empresas portuguesas que participaram no roadshow Living in Portugal, organizado pela Open Media e que termina neste sábado em Toronto, depois de ter passado por Nova Iorque e Chicago. No total, teve mais de 500 participantes. Os números partilhados pela imobiliária ilustram porquê: o interesse em Portugal continua a crescer e está a converter-se em mais negócios.

“Já temos clientes que compraram três ou quatro propriedades”, revelou Nuno Martins, indicando que os valores em causa têm crescido de forma significativa. “Até há dois anos, vender casas na zona Oeste acima de um milhão de euros era um recorde. Hoje é quase o prato do dia.”

A imobiliária sempre teve mais clientes vindos do norte da Europa, mas isso começou a mudar. “Agora podemos dizer que o nosso negócio está a direcionar-se para estes clientes americanos”, frisou Nuno Martins.

São clientes entre os 35 e 50 anos - alguns lusodescendentes e outros não - que procuram o ambiente relaxado e aventureiro da zona Oeste, onde podem fazer surf de manhã antes de ir trabalhar para a sua empresa. “Posso dizer que todos os dias somos contactados por pessoas da América com grande poder aquisitivo.”

Estes eventos Living in Portugal, que a Open Media organiza não só nos Estados Unidos, mas também noutros países e até em território nacional, têm especialistas de várias áreas a explicar o que é preciso para que os interessados se possam mudar para o país, desde vistos a impostos. Foi a este tipo de questões que Ana Rita Reis, senior partner do escritório de advogados EDGE - International Lawyers, deu resposta. A advogada referiu que há um aumento do interesse em comparação com o ano passado. 
“Um dos motivos é o medo do que vai acontecer ao nível político, com as eleições de novembro”, disse a responsável. “Outro é o aumento do custo de vida”, continuou, algo muito saliente em Nova Iorque, “e, portanto, procuram Portugal como uma forma de viver melhor por terem ouvido que era mais acessível.”

O escritório sempre teve clientes norte-americanos, mas Ana Rita Reis explicou que o número de pedidos de vistos como o D7 (rendimentos passivos), D2 (empreendimento) ou D8 (nómadas digitais) em cidades como Nova Iorque e Boston tem crescido muito. “Nós temos cada vez mais clientes americanos à procura desse tipo de residências”, salientou.

O organizador e CEO da Open Media, Bruce Hawker, explicou que a segurança e o custo de vida são os principais atrativos. “Mas creio que a situação política nos Estados Unidos também está a fazer com que as pessoas pensem em mudar de ares”, indicou.

Para Miguel Rocha Fernandes, fundador da agência digital Dengun, há ainda espaço para mostrar Portugal como país de inovação e é isso que tem feito nos eventos.

“Estou aqui na representação do ecossistema de inovação, porque acho que não deveríamos querer ser um país que se posiciona só com uma Florida, ou seja, em que as pessoas vão para Portugal para morrer”, afirmou. “Há muitas pessoas que querem ir para Portugal mais novas, querem fazer vida com os miúdos, querem saber sobre escolas.”

Miguel Rocha Fernandes falou dos vários hubs de inovação que existem em Portugal - incluindo no Algarve - e as suas vantagens para os empreendedores. A ideia é desenvolver um ecossistema que vá além dos vistos dourados e do imobiliário, “para atrair pessoas que queiram contribuir e que tenham um efeito mais duradouro e com maior impacto a longo prazo, a nível da economia e a nível cultural.”

Um dos pontos interessantes destes eventos foi o número de participantes que já foram a Portugal ou têm viagens marcadas para breve. Lisette de Almeida, diretora de parcerias e vendas internacionais do Grupo Libertas, referiu que saiu dos eventos “com várias reuniões já mercadas” para Lisboa.

“Há vários anos que temos muitos pedidos, mas a diferença de 2023 para 2024 é que agora começaram a viajar e a comprar”, afirmou. E são negócios que vão além de Lisboa.

“Nós temos projetos grandes na margem Sul, Seixal e Alcochete, e são pessoas que têm uma visão completamente diferente da que o português tem”, revelou a executiva, referindo que ainda existe localmente alguma noção um pouco negativa do que é a margem Sul. “O americano que chega ali e olha para a proximidade de Lisboa, a vista e a qualidade de vida não hesita em investir”, sublinhou.

Apesar da subida generalizada dos preços, o mercado português continua a ser atrativo. Miguel Rocha Fernandes, da Dengun, ilustrou isso mesmo com o exemplo de um contacto em Nova Iorque, cujas despesas mensais são de 14 mil dólares para uma família de quatro. “Acho que isto ajuda a responder e a pôr em perspetiva tudo o que foi dito aqui.”

Próximo eventos

Com um balanço positivo dos eventos, a Open Media já tem datas marcadas para a Costa Oeste, entre regressos e estreias. Bruce Hawker revelou que os próximos eventos serão em setembro: em São Francisco, no Hotel Palace, no dia 7; em Seattle, no Hotel Renaissance a 11; e em Los Angeles, no Sofitel Beverly Hills, a 14. Também já há planos para fevereiro de 2025: Houston, Washington e Filadélfia. E Portland em 2026, apostando que a tendência se manterá imparável.

“Não é só porque Portugal está na moda - e está -, mas tem muito a ver com a qualidade de vida e o custo de vida”, frisou Miguel Rocha Fernandes. “Esse equilíbrio no nosso país continua a ser imbatível.” 

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