Rui Miguel Nabeiro, presidente executivo do Grupo Nabeiro.
Rui Miguel Nabeiro, presidente executivo do Grupo Nabeiro. Pedro Granadeiro/Global Imagens

Vendas do Grupo Nabeiro crescem para 570 milhões

Empresa está preocupada com o aumento do preço do café nos mercados e com a crise política que não é “amiga da economia”.
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O grupo Nabeiro registou um volume de negócios de 570 milhões de euros no ano passado, um crescimento de 14% face ao exercício anterior, anunciou ontem o presidente executivo, Rui Miguel Nabeiro. A operação em Espanha teve o melhor desempenho “de sempre”. O negócio apresentou “um crescimento robusto”, com destaque para o país vizinho onde, “de facto, foi o melhor ano de sempre”, sublinhou ontem o gestor no lançamento do café Amboim pela Delta The Coffee Experience, em Lisboa.

Um dos focos atuais do grupo é o preço do café, que tem registado contínuas subidas. Segundo a Organização Mundial do Café (OMC), os preços nos mercados internacionais aumentaram 14,3% em fevereiro face ao mês anterior, atingindo novos máximos históricos. Para Rui Miguel Nabeiro, esta escalada “é outra preocupação” para o grupo, que já no ano passado teve de aumentar duas vezes o preço no consumidor. Segundo frisou, é com “alguma preocupação que vemos a situação internacional do preço do café, podemos falar se é especulação, já ouvi muitas teorias, o que é facto é que há pouco café para comprar no mercado, e isso tem impactado os preços”. No entanto, apontou Rui Nabeiro, “o consumo de café a nível global cresceu relativamente”, o que significa que esta evolução pode ter vindo para ficar.

O gestor também recordou que o café é apenas uma das várias matérias-primas que regista uma evolução em alta dos preços. “Vemos que todas as ‘commodities’, ouro incluído, têm sido um refúgio de investidores financeiros”, apontou. “Quero acreditar que o café não vai continuar a subir muito mais, mas há um ano dizia isto” e, “de repente, o café subiu 50% na origem” num ano, salientou. Quanto ao custo que os consumidores irão pagar nos cafés ou restaurantes, Rui Nabeiro preferiu não avançar com estimativas. “Não falarei sobre o preço de retalho do produto. Esse é um preço que os retalhistas praticarão, não sei qual o preço a que o café irá chegar à bica”, disse na ocasião.

Segundo o gestor, o grupo que detém a Delta “trabalha sempre com seis a nove meses de ‘stock’”. Até junho, o grupo está coberto, mas a partir dessa altura o panorama é ainda de incerteza. Para já, a OMC prevê uma boa colheita no Vietname na época 2024/25, o que a concretizar-se retira preocupação com a falta de oferta. São também esperadas boas condições meteorológicas com o fenómeno La Niña, o que pode reduzir a pressão sobre os preços.

Outra das preocupações do gestor, atualmente, é a incerteza política que se vive no país. “Olho para isso com alguma preocupação, no momento em que a Europa atravessa um momento de bastante incerteza, até na relação com os Estados Unidos”, disse. Na sua opinião, “a instabilidade não é muito amiga da economia” e “tudo aquilo de que não precisamos no nosso país neste momento era uma situação como esta”.

Com Lusa

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