Um em cada cinco novos processos de insolvência submetidos em 2024 foram referentes a empresas do têxtil e moda. No total, houve 2080 empresas com novos processos de insolvência nos tribunais portugueses, no ano passado, das quais 412 do setor têxtil e moda. Correspondem a quase 20% do total. Estes são dados provisórios do barómetro do tecido empresarial divulgado pela Informa D&B, referente à totalidade do ano de 2024, e que mostram que o segmento industrial do tecido empresarial é o que apresenta maior número de empresas em dificuldades, registando o maior crescimento no número de novos processos de insolvência: foram 580 processos, um aumento de 25% face a 2023, correspondente a mais 116 fábricas insolventes. Destes 580 processos, 328 são de fábricas de têxtil e moda, com especial prevalência nos concelhos de Oliveira de Azeméis, Guimarães e Lousada. Tiveram um aumento de 26,6%. Mas nem só a indústria da moda foi afetada. O comércio também. Das 164 empresas grossistas insolventes em 2024 e dos 258 retalhistas, 37 e 47, respetivamente, eram do setor do têxtil e moda. Tiveram um aumento de 27,6% no segmento grossista e de 20,5% no retalhista.E se no que às insolvências diz respeito este é o segundo ano consecutivo de crescimento de casos - em 2023 aumentaram mais de 13% -, nos encerramentos a situação parece ter regredido. É verdade que os dados são ainda provisórios, mas a diferença face a 2023 é grande: fecharam em Portugal, no ano passado, 12 818 sociedades, contra as 15 367 que haviam encerrado em 2023. “Esta descida verifica-se apenas no segundo semestre do ano, já que no primeiro semestre os encerramentos aumentaram quase 5%, face ao registado no mesmo período do ano anterior”, destaca a Informa D&B. Os transportes foram o único setor a registar um aumento no número de fechos face a 2023: um crescimento de 2,9%, correspondente a mais 22 empresas encerradas, para um total de 792.Não admira por isso que, no que à criação de novas empresas diz respeito, seja precisamente o setor dos transportes, mais especificamente o transporte ocasional de passageiros em veículos ligeiros, que arrasta os números das novas empresas para terreno negativo.Durante o ano de 2024 foram criadas, em Portugal, 50 705 novas empresas. Diz a Informa D&B que “este registo confirma o elevado empreendedorismo no período a seguir à pandemia e é o segundo mais alto de sempre, ficando 2,6% atrás (-1367 constituições de empresas) do ano de 2023”. Quase mil foram de novas empresas de têxtil e moda.O decréscimo na criação de novas empresas verifica-se em mais de metade dos setores de atividade, mas foi sobretudo marcada pela “queda muito significativa” no setor dos transportes, que regista um decréscimo de 22% correspondente a menos 1324 constituições, e em especial no transporte ocasional de passageiros em veículos ligeiros que cai 28%, equivalente a menos 1370 novas empresas criadas.Mas há setores a crescer, com especial destaque para a construção: nasceram, no ano passado, 6187 novas construtoras, mais 409 do que em 2023. É um aumento de 7,1%. Sinal do dinamismo deste setor é a quebra nos números de encerramentos e de insolvências. No total, em 2024, houve 1265 empresas de construção a fechar a atividade e 264 com novos processos de insolvência, números que representam uma descida face ao ano anterior de 12% e de 4,3%, respetivamente.Destaque, ainda, para as novas constituições de empresas nos serviços empresariais (foram 8739, um aumento de1,4%), nas atividade imobiliárias (5 048, correspondentes a mais 1,2%) e nos serviços gerais (nasceram 7253 empresas, mais 0,4%). “Os distritos de Aveiro (+8,1%), Funchal (+13%) e Viana do Castelo (+19%) são aqueles onde o número de constituições de empresas mais aumentou face ao ano anterior. Pelo contrário, os grandes centros urbanos de Lisboa (-9,3%) e Porto (-2,5%), foram os que registaram a maior queda no número de constituições de empresas no ano, uma queda que está associada sobretudo ao setor dos transportes”, destaca a Informa D&B.