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Qual a importância estratégica do Estreito de Ormuz? Por ali passa 20% do comércio mundial de petróleo e gás

O preço do crude já aumentou 20% desde o início de junho, e há já analistas que alertam para a possibilidade das cotações, que estão acima dos 70 dólares, escalarem para os 100 dólares por barril.
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O Parlamento iraniano recomendou o fecho do Estreito de Ormuz, na sequência do envolvimento militar dos Estados Unidos no ataque às instalações nucleares do país, mas a decisão final será do líder supremo da república islâmica, o ayatollah Ali Khamenei. Qual é a importância estratégica desta decisão? É que, pelo Estreito de Ormuz passa cerca de 20% do petróleo mundial, além de uma parte significativa do gás natural.

Significa isto que, o eventual encerramento do Estreito, um pedaço de oceano entre o Golfo de Omã e o Golfo Pérsico, cuja largura varia entre um mínimo de 54 quilómetros e um máximo de 100 quilómetros, teria graves implicações ao nível do comércio mundial e em termos energéticos, já que há vários países europeus que dependem fortemente do petróleo e do gás natural que por ali passa.

A navegação comercial no Estreito é monitorizada pelo EUA, através da Quinta Frota, estacionada no Bahrein. O seu encerramento prejudicaria outros países da região, designadamente a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, o Iraque e o Kuwait, que por aí fazem passar, também, o seu petróleo.

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São 20 milhões de barris de crude que, a cada dia, por ali passam e que se destinam aos EUA, à Europa, mas também à China, Índia e Japão. E a China é um dos países que não quer ver o Estreito fechado e que tem forte poder sobre o tema, na medida em que compra cerca de 90% do petróleo iraniano. Além disso, o Qatar, o maior exportador mundial de gás natural, envia quase tudo o produz por ali.

Factos que ajudam a explicar porque é que, por várias vezes, o Irão recorreu já à ameaça de encerramento do Estreito, mas nunca a executou. Mas se o fizer agora, as consequências far-se-iam sentir sobretudo através do disparar do preço do crude, com repercussões transversais a tudo o resto na economia mundial, por via do agravamento dos custos logísticos e de transporte e, por consequência, aos produtos transportados.

As cotações internacionais do petróleo dispararam logo a 13 de junho, quando Israel atacou o Irão, e, desde então, têm vindo a escalar à medida que as tensões no Médio Oriente se agravam.

Comparativamente ao início de junho, os preços do crude estão 20% acima. Com esta intervenção americana na destruição de três instalações nucleares iranianas, os especialistas espera, agora, que as cotações abram em alta, amanhã, quando as bolsas abrirem.

Na sexta-feira, o barril de Brent, que serve de referência ao mercado europeu, fechou a cotar 77,2 dólares (cerca de 67 euros), mas há analistas a admitirem que possa escalar rapidamente para os 100 dólares (87 euros) se o Irão responder aos ataques.

Portugal não importou, nos últimos anos, nem petróleo nem gás natural proveniente do Estreito de Ormuz, mas está sempre exposto ao escalar das cotações internacionais.

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