A Bolsa de Lisboa, hoje, oferece previsibilidade e segurança aos investidores, diz responsável da Maxyeld.
A Bolsa de Lisboa, hoje, oferece previsibilidade e segurança aos investidores, diz responsável da Maxyeld.Arquivo Global Imagens

PSI entrega mais de 3 mil milhões em dividendos

Clube de Pequenos Acionistas antecipa que distribuição agregada de prémioatinja 70% dos resultados das cotadas e se fixe em novo valor recorde.
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Quando só falta a Ibersol apresentar resultados relativos a 2024, a Maxyeld - Clube de Pequenos Acionistas, prevê que as cotadas que integram o principal índice acionista nacional entreguem, entre maio e junho, mais de 3 mil milhões de euros em dividendos aos seus acionistas.

Numa análise a que o DN teve acesso, a Maxyeld nota que “com exceção da Ibersol e da Altri, são conhecidas as propostas de dividendos a submeter às Assembleias-Gerais Anuais” e que, no ano passado, “os resultados [das cotadas] foram influenciados por factos extraordinários, atividades não-recorrentes ou eventos especiais, com impacto negativo no montante dos resultados líquidos agregados (lucros) de 2024, designadamente universo EDP e GALP.”

Mas, não obstante essas questões e também a “desaceleração da evolução dos negócios e lucros de importantes empresas cotadas”, que se refletiram nu- ma diminuição anual agregada dos lucros do PSI em 23,5%, para 4,3 mil milhões de euros, as cotadas estão a remunerar melhor os seus acionistas. O aumento, diz a Maxyeld, deverá rondar os 6%.

A Maxyeld preconiza ainda que “o payout passa de 50%, em 2024, para 70%, em 2025, sendo que apenas duas sociedades apresentaram propostas de diminuição dos dividendos (EDP Renováveis e Jerónimo Martins), podendo vir a ocorrer o mesmo com a Ibersol - as contas da empresa relativas a 2024 só serão conhecidas a 29 de abril.

“A Semapa e os CTT, que baixaram os resultados de 2024, mantiveram o dividendo pago relativamente ao ano anterior”, salienta a mesma análise.

Atualmente, as contas mostram que as empresas que negoceiam no PSI e que já apresentaram resultados, vão entregar 2,89 mil milhões aos acionistas. A Maxyeld garante que 2024 vai ser mesmo de recordes, e assume que fez uma previsão conservadora.

Ou seja, pela primeira vez, as cotadas que integram o PSI deverão entregar, em conjunto, aos seus acionistas mais de 3000 milhões de euros, um valor que Carlos Rodrigues, presidente da Maxyeld, considera ter de ser tido em consideração por três questões “importantes: em primeiro lugar, a manutenção da trajetória crescente da distribuição de dividendos no universo empresarial PSI, num contexto de quebra agregada dos resultados em 2024”, diz o responsável em declarações ao DN.

“Por outo lado, a marca dos 3000 milhões em dividendos corresponde a um novo máximo. E, finalmente, há uma questão psicológica: é que este valor coloca a remuneração acionista num novo patamar quantitativo de referência, pois no último triénio os dividendos das sociedades do PSI estiveram no intervalo entre os 2,5 e o 2,8 mil milhões de euros”, salienta.

No mesmo sentido, e tendo em conta a quebra dos resultados líquidos, Carlos Rodrigues sublinha a importância de estarmos “na presença de uma remuneração acionista sustentável”, que dá sinais claros de solidez aos investidores.

“As maiores sociedades cotadas têm praticado uma remuneração acionista com base em políticas de distribuição de dividendos anunciadas com antecedência ao mercado, através de valores predeterminados, designadamente EDP, GALP, REN e Sonae”, nota.

“E isto tem sido feito num quadro racional de payout (relação entre o dividendo e o lucro). Por outro lado, o BCP já anunciou uma politica estável de payout em torno de 50% dos seus resultados”, explica ainda, lembrando que “a EDP, a Galp e o BCP vão representar, em 2025, cerca de 57% do valor total dos dividendos do universo empresarial PSI”, e que “diversas sociedades têm uma prática variável de remuneração acionista em função dos resultados e dentro de uma faixa estável de payout”.

Todas estas variáveis, sublinha Carlos Rodrigues, são fatores de “credibilidade da bolsa nacional, pois oferecem previsibilidade e segurança aos investidores, cujos atributos são muito importantes para o funcionamento do mercado de capitais”.

Questionado sobre se acredita que o PSI vai voltar a contar com 20 cotadas - atualmente são 15 as que integram o principal índice nacional - o presidente da Maxyeld lembra que “existem sinais que indiciam a possibilidade de crescimento do mercado acionista, embora abaixo do limite de 20 sociedades emitentes”. Entre eles, “a possibilidade de entrada do Novo Banco através de IPO, bem como as referências ao regresso da Luz Saúde ou a abertura de uma parcela do capital da Fidelidade à negociação em mercado regulamentado”. Movimentos que transmitiriam robustez ao mercado, e que podem até aliar-se a um cenário de aumentos de capital de algumas das atuais emitentes, vaticina.

No mesmo sentido, afirma em jeito de desejo, “o processo de privatização da TAP, com reserva de uma parcela para pequenos investidores, é compatível com a escolha de um parceiro estratégico na área da aviação comercial, sendo que uma solução deste tipo oferece um escrutínio público mais forte à Companhia”.

Recorde-se que a privatização da TAP, total ou parcial, é um cenário que está em cima da mesa e que foi deixado em stand-by devido à recente queda do Governo. No entanto, e tal como o DN já noticiou, há vários interessados na companhia de bandeira nacional, nomeadamente os grupos Lufthansa e KLM-Air France.

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