Em média, o metro quadrado das habitações está a custar 2634 euros em Portugal Continental.
Em média, o metro quadrado das habitações está a custar 2634 euros em Portugal Continental. Gerardo Santos/Global Imagens

Preços das casas dispararam quase 14% no último ano

Vendas estão a crescer impulsionadas pela estabilidade dos juros e da inflação. Falta de oferta sustenta contínua valorização dos imóveis.
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O esforço financeiro para adquirir uma casa em Portugal mantém uma trajetória de forte agravamento. Em fevereiro deste ano, os preços da habitação em Portugal Continental sofreram um aumento de quase 14%. Mais precisamente 13,6%, quando comparado com o mesmo mês de 2024, avança a Confidencial Imobiliária (CI), consultora especializada em dados estatísticos do setor. Esta é “a valorização homóloga mais elevada desde setembro de 2023”, diz em comunicado.

Na comparação em cadeia (ou seja, fevereiro face a janeiro), verificou-se também uma nova aceleração nos preços, registando-se um aumento de 2,1%. É a “maior subida mensal em mais de um ano”, diz a CI, que se baseou no Índice de Preços Residenciais apurado para fevereiro e que reflete a evolução dos preços da habitação através dos valores efetivos de transação.

Este crescimento deve-se essencialmente “ao aumento da procura, também impactado pelo contingente de imigrantes, tendo por base uma oferta escassa”, justifica Ricardo Guimarães, diretor da CI. Como explica, a maior estabilidade das taxas de juro, depois dos cortes do Banco Central Europeu (seis desde junho de 2024 até agora), e uma inflação controlada contribuíram para uma maior confiança das famílias e investidores que recorrem ao crédito. Embora uma nova descida dos juros esteja em dúvida, dada a conjuntura internacional, “não há perspetiva de deterioração”. E conclui: “É todo um cenário para uma aceleração dos preços.”

Uma trajetória que assenta numa subida acumulada extraordinária desde que deflagrou a pandemia. De acordo com o Índice de Preços Residenciais para Portugal Continental, em fevereiro deste ano, os preços das casas estavam 73,9% acima do registado em maio de 2020. Nem a covid, nem os efeitos da guerra na Ucrânia na economia travaram a valorização dos imóveis residenciais.

Segundo a CI, entre dezembro de 2024 e fevereiro deste ano, foram vendidas 42.365 casas no país (não inclui os arquipélagos da Madeira e Açores), um aumento de 2,9% face às 41.150 transações realizadas nos três meses anteriores. A habitação nova valeu cerca de 13% das vendas e os restantes 87% foram transações de casas usadas. Neste período, o preço médio dos imóveis atingiu 2634 euros/metro quadrado (m2), com a habitação nova a custar 3759 euros/m2 e a usada a chegar aos 2747 euros/m2.

Também a DBRS fez ontem saber que “a tendência de subida sustentada dos preços dos imóveis deverá manter-se em 2025, embora a um ritmo mais lento”. Na sua análise ao mercado, a agência de rating defende que esta projeção assenta na resiliência da economia portuguesa, a que acresce a redução dos juros, a falta de casas novas e a procura por parte dos estrangeiros.

É um “desafio” para quem está a comprar casa pela primeira vez, até porque as medidas do Governo para a habitação são “relativamente limitadas”, já que irá demorar até conhecermos os resultados, disse ainda. Neste ponto, Ricardo Guimarães considera que a queda do Governo irá conduzir ao “adiamento de medidas que, mesmo que não sendo uma resposta imediata, iriam contribuir para o equilíbrio do mercado”.

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