Preço das casas de gama alta aumentou 23% em três anos
O preço médio das casas de gama alta aumentou 23% entre 2021 e 2024, impulsionado pela escassez de oferta face ao crescimento da procura, conclui o estudo “Realty Premium Market” elaborado pela Nova School of Business & Economics, a pedido da imobiliária Porta da Frente Christie’s. "A pressão da procura sobre a oferta duplicou entre o primeiro trimestre de 2021 e o terceiro trimestre de 2023", indica. Um retrato que permite antever que o preço vai continuar a subir, apesar dos promotores estarem focados em disponibilizar mais produto ao mercado premium.
"Os preços dos imóveis em geral e da gama alta em particular, devem continuar a subir em 2025", diz o estudo, coordenado pelos investigadores da Nova SBE Pedro Brinca e João Duarte. Como detalha, há fatores a pressionar esse aumento, como uma procura superior à oferta, a perspetiva do aumento dos rendimentos disponíveis das famílias, a potencial descida das taxas de juro, os custos de construção que deverão continuar altos e a atratividade para residentes e investidores de Lisboa, Porto e Faro.
Os custos de produção, que no período 2021/24 registaram um aumento de 30%, irão também agravar-se. De acordo com os investigadores, é a componente mão de obra, escassa e impactada por projetos de habitação e não residenciais, que mais contribuirá para este agravamento. Ainda assim, o impacto no mercado de gama alta será limitado "devido à sua segmentação e procura resiliente e menor sensibilidade ao fator preço", defende o relatório. Já a construção para a classe média deverá continuar a apresentar "baixa atratividade".
A razão do pouco interesse em responder à classe média é só uma: os preços mínimos com atratividade para investir estão na casa dos 4500 euros por metro quadrado de área bruta privativa. É um valor elevado para a "maioria daqueles que se incluem neste segmento de compradores", diz o relatório. Ainda assim, há possibilidades da oferta ser impulsionada pelo Simplex Urbanístico. A prazo, deverá influenciar o preço final dos imóveis e captar investimento de mais promotores, consideram os responsáveis pelo estudo. Para já, os promotores devem focar-se na Grande Lisboa, Algarve e Grande Porto, regiões que "continuam a ser fortes e racionais apostas no segmento de gama alta".
No horizonte, perspectivam-se alguns riscos para o setor imobiliário. Como adianta o documento, a volatilidade económica, que poderá ser causada por conflitos internacionais, crises energéticas, entre outros, terá influência na confiança dos investidores e poderá influenciar negativamente o mercado imobiliário. "A existência de tais crises poderá levar a períodos de taxas de juro elevadas e prolongadas, que poderão limitar o acesso a financiamento e desacelerar o crescimento" desta atividade, estimam os investigadores. Também o fim dos vistos gold no imobiliário e do regime de Residente Não Habitual "exigem estratégias para mitigar a redução de procura por determinados perfis de compradores estrangeiros".
Neste estudo, os investigadores definiram como gama alta os imóveis novos e usados cujo preço por metro quadrado está entre os 10% mais caros do país e criaram três segmentos: affluent, imóveis que estão entre os 10% e 5% mais caros do mercado; premium, que se situam entre os 5% e os 2% mais caros; e luxo, que estão na casa dos 2% mais dispendiosos. A oferta destas habitações está concentrada nos distritos de Faro, Lisboa e Porto, sendo que as cinco freguesias do país com o maior número de fogos de gama alta eram, em 2023, Cascais e Estoril, Quarteira, Santo António, Avenidas Novas e a União de Freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória. As moradias representam cerca de um terço do produto de gama alta que está no mercado.
No ano passado, a construção de habitação para este mercado terá contribuído com 5481 milhões de euros para a produção nacional, 2509 milhões para o valor acrescentado bruto, gerou 1228 milhões em remunerações e foi responsável por mais de 77 mil empregos, estimam os dois economistas. Já a atividade de mediação imobiliária deste nicho de mercado terá participado com 670 milhões de euros para a produção nacional, 522 milhões para o valor acrescentado bruto, 55 milhões para as remunerações e assegurado 3139 postos de trabalho.