Presidente chinês  diz que não haverá vencedores em guerra comercial com os EUA

Presidente chinês diz que não haverá vencedores em guerra comercial com os EUA

As exportações chinesas aumentaram 6,7% em novembro, bem abaixo dos 12,7% registados em outubro. Esta resistência pode ser explicada, em parte, pelo facto de as empresas estrangeiras terem acumulado produtos chineses, face à perspetiva da entrada em vigor de novas taxas, após a tomada de posse de Trump.
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O Presidente chinês avisa que “não haverá vencedores” numa guerra comercial entre Pequim e Washington, quando o regresso de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos faz antever um agravamento das tensões bilaterais.

Pequim está a preparar-se para o regresso do magnata republicano à Casa Branca, em janeiro.

O seu primeiro mandato ficou marcado por uma guerra comercial com a China, que ele acusou de usurpação de propriedade intelectual e de outras práticas comerciais injustas.

Trump prometeu durante a campanha impor taxas alfandegárias ainda mais elevadas sobre as importações chinesas, correndo o risco de paralisar um motor de crescimento crucial para a segunda maior economia do mundo, já afetada por uma crise imobiliária persistente e débil consumo interno.

“As guerras tarifárias, as guerras comerciais e as guerras tecnológicas vão contra as tendências históricas e as regras económicas e não haverá vencedores”, afirmou Xi Jinping, durante uma reunião com os dirigentes de várias instituições financeiras, citado pela televisão estatal CCTV.

A declaração do Presidente chinês surge pouco depois da publicação de dados oficiais que revelam um crescimento contínuo das exportações chinesas em novembro.

As vendas ao estrangeiro aumentaram 6,7%, em termos homólogos, de acordo com os dados em dólares publicados pelas alfândegas chinesas - um aumento sólido, embora abaixo das previsões dos analistas consultados pela Bloomberg (+8,7%) e muito abaixo do desempenho de outubro (+12,7%).

Esta resistência pode ser explicada, em parte, pelo facto de as empresas estrangeiras terem acumulado produtos chineses, face à perspetiva da entrada em vigor de novas taxas, após a tomada de posse de Trump.

Zichun Huang, economista da Capital Economics, salientou que esta expectativa sugere “uma aceleração das exportações nos próximos meses”.

O comércio externo tem sido um dos poucos pontos positivos da economia chinesa este ano. É “uma das principais razões pelas quais a China deve atingir o seu objetivo de crescimento de cerca de 5%”, argumentou Lynn Song, economista do banco ING.

Xi afirmou hoje que o seu país tem “total confiança” na sua capacidade de atingir o objetivo de crescimento para 2024.

A esperada intensificação das tensões comerciais com Washington está a preocupar Pequim, que recebeu esta semana os líderes das principais organizações económicas multilaterais.

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, alertou na segunda-feira para o facto de a economia mundial estar a enfrentar desafios crescentes devido a uma tendência para a “desglobalização”.

Em novembro passado, o Governo chinês anunciou uma série de medidas para estimular o comércio, incluindo a extensão do seguro de crédito à exportação e a facilitação de acordos comerciais transfronteiriços.

No entanto, desde o primeiro mandato de Trump, a China reduziu a percentagem das suas exportações para os EUA, aligeirando potencialmente o impacto de um novo confronto comercial.

“A procura de outros destinos deve manter-se relativamente estável e pode ajudar a compensar parte do impacto”, confirmou Lynn Song.

Mas o país asiático registou outra queda inesperada das importações em novembro, um barómetro do consumo interno persistentemente fraco.

As importações chinesas caíram 3,9% em termos homólogos, acentuando a queda registada em outubro (-2,3%).

Perante a débil situação económica, que pode ser agravada por uma guerra comercial com Washington, o Partido Comunista Chinês afirmou na segunda-feira que vai adotar “uma flexibilização adequada da política monetária” e “uma política fiscal pró-ativa”.

“O volume das importações deve aumentar a curto prazo graças a uma aceleração das despesas públicas, o que estimulará a procura por matérias-primas industriais”, afirmou Zichun Huang.

A Conferência Central sobre o Trabalho Económico, uma reunião crucial que Pequim está prestes a iniciar, pode lançar esta semana as bases para novas medidas de estímulo.

Estes sinais são aguardados pela comunidade empresarial, que ficou desapontada nos últimos meses com a falta de apoio financeiro direto às famílias para as encorajar a consumir.

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