O preço médio do metro quadrado em Vila Nova de Gaia disparou nestes últimos cinco anos para 2197 euros. É um valor que traduz aumentos anuais sucessivos e que quase duplicou (subiu 96%) quando comparado com os 1122 euros praticados em 2019. Esta linha ascendente é acompanhada pelo forte crescimento da promoção imobiliária no concelho, muito direcionada para o segmento médio-alto. Entre 2019 e até à data, foram licenciados 2307 edifícios habitacionais, num total de 11 488 fogos..A forte valorização dos ativos habitacionais em Gaia prendeu-se com o “desvio de procura para geografias mais baratas, no contexto de aumento dos juros e da inflação” e, também, por “ser um território que estava disponível para receber uma onda de promoção imobiliária”, justifica Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliária. Ricardo Sousa, CEO da Century 21, lembra que o crescimento dos preços reflete também “a evolução dos custos associados à construção, aos projectos e aos licenciamentos”, a que se soma a “aposta dos promotores imobiliários em imóveis direcionados para os segmentos médio e médio-alto”..Não é necessário um olhar muito atento para se verificar a dinâmica construtiva nas zonas ribeirinha e marítima de Gaia, territórios de características mais premium. E a visão empírica é comprovada pelos números. Segundo a Câmara de Vila Nova de Gaia, na freguesia de Santa Marinha e S. Pedro da Afurada (território com frente de rio), foram licenciados 167 edifícios nos últimos cinco anos, que integram 2563 fogos. Em Canidelo, freguesia com forte densidade urbanística e frente de mar, obtiveram licença de construção 427 empreendimentos, para um conjunto de 2400 habitações..Este movimento, que teve especial concentração em 2022 e 2023, ditou uma subida dos preços. Em Santa Marinha e S. Pedro da Afurada, o preço médio de venda do metro quadrado saltou dos 1272 euros, em 2019, para os 2882 euros (acumulado dos últimos 12 meses terminados em outubro), revela a Confidencial Imobiliário. São mais 126,6%. Em Canidelo, a realidade é semelhante: de 1263 euros/m2, em 2019, para 2725 euros/m2, em outubro, isto é, mais 116%..Para Ricardo Guimarães, estes preços justificam-se por “uma promoção dirigida para as zonas de maior valor, junto à marginal do rio Douro e junto ao mar”, resultado “do refúgio do mercado, em termos de promoção, nas gamas mais elevadas”. Ricardo Sousa também considera que a forte presença de projetos nos segmentos sócio-económicos mais altos “deve-se às características únicas do concelho”, que combina “uma posição geográfica privilegiada na área metropolitana do Porto com condições naturais excepcionais, como a frente de rio e a frente marítima”. O líder da Century 21 frisa ainda que “a regeneração urbana tem valorizado significativamente o território, tornando-o mais atrativo para este tipo de construção”..Para estes dois especialistas do mercado residencial, a atratividade do concelho não se limita às zonas ribeirinha e marítima. Gaia, com cerca de 168 quilómetros quadrados, muito superior aos 41 do Porto e aos 62 de Matosinhos, oferece “excelentes oportunidades para o desenvolvimento urbano”, nomeadamente em zonas beneficiadas pelas ligações de metro e comboio, direcionadas para a classe média, sublinha Ricardo Sousa..Na freguesia de Mafamude e Vilar do Paraíso (a mais central e populosa), já se verifica esse interesse dos promotores. Nestes últimos cinco anos, foram licenciados 194 edifícios, que integram 2346 habitações. Os preços também acompanharam este interesse e escalaram de 1222 euros/m2 (2019) para os atuais 2227 euros, um aumento de 82%..Como também afirma o diretor da Confidencial Imobiliária, Gaia tem “muitas oportunidades de aumento de promoção em geografias de zonas menos prime”, com “menor potencial de valor e, nessa medida, mais dirigida para a classe média”. Por sua vez, Ricardo Sousa frisa que “Gaia tem um enorme potencial de desenvolvimento urbano, especialmente na criação de soluções habitacionais para a classe média”, segmento onde se regista “elevada procura”, mas que “não encontra resposta suficiente no mercado”. A procura deverá crescer ainda mais (e os preços deverão acompanhar) com o desenvolvimento da nova linha do metro - a Rubi - e com a construção da estação ferroviária de alta velocidade, em Santo Ovídio..De acordo com as informações prestadas pela autarquia de Gaia, foi atribuída licença de utilização a 1476 edifícios nestes últimos cinco anos, que englobam um total de 5322 habitações prontas a habitar.