Portugueses divididos até no género quanto a carros autónomos e robôs humanoides
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Portugueses divididos até no género quanto a carros autónomos e robôs humanoides

Confiança na IA para decisões críticas varia entre homens e mulheres, com eles a revelarem-se menos avessos a mudança, segundo estudo da DE-CIX, o maior Internet Exchange do pais.
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Os portugueses estão muito divididos no que toca às aplicações mais avançadas da Inteligência Artificial, como veículos autónomos e robôs humanoides, com diferenças até entre homens e mulheres, conclui um estudo quantitativo encomendado pela DE-CIX -- o maior Internet Exchange do país e um dos maiores do mundo -- realizado pela empresa portuguesa de estudos de mercado Netsonda.

Apesar de 99% dos portugueses já terem ouvido falar de IA, muitos têm dificuldades em explicá-la, associando-a frequentemente a uma "ferramenta facilitadora e rápida que ajuda na vida diária". Lê-se no trabalho que 76% dos inquiridos já utilizaram alguma ferramenta ou serviço com IA, sendo o ChatGPT a mais popular (73%). A IA é vista como relevante para a maioria dos setores (como marketing, serviços ao cliente e cibersegurança), mas a sua utilização nos transportes foi a menos referida (37%).

A divisão de opiniões acentua-se face aos carros autónomos. 39% dos inquiridos revelaram perceções negativas, usando palavras-chave como "falta de segurança", "inseguro", "perigoso", "sou contra" e "não é fiável" para os definir. No entanto, um número muito próximo, 36%, manifestou perceções positivas, associadas a "progresso", "útil" e "prevenção de acidentes".

Num ponto quase todos concordam: 76% dos portugueses acreditam que os carros autónomos precisam de ser testados e devidamente regulamentados.

As diferenças de género são aqui relevantes: as mulheres preocupam-se mais com o desempenho destes veículos em situações imprevisíveis (69%), enquanto os homens tendem a confiar um pouco mais, com 62% deles a falarem em questões de segurança. Face à utilização diária, quase 4 em cada 10 inquiridos a consideram útil, mas as mulheres (31%) estão menos confiantes do que os homens (41%).

Noutra vertente, a presença de robôs humanoides em casa também divide a população. As menções negativas obtiveram 55% das respostas, com 36% a afirmarem que não gostam e são contra. Entre os 42% de menções verdadeiramente positivas obtidas, 16% consideraram mesmo que estes robôs ajudam e reduzem o esforço.

"Falta de intuição" leva a desconfiança

Esta divisão reflete-se na confiança na IA para tomar decisões críticas, com 36% a afirmar que não se pode confiar na IA nestes casos. Aqui, também há uma diferença em relação ao género, com os homens (40%) a confiarem mais na IA do que as mulheres (32%).

As razões para considerar a IA confiável em aplicações avançadas prendem-se com a sua capacidade de analisar dados mais rapidamente que os humanos (71%) e processar dados em tempo real (64%). Por outro lado, a desconfiança advém maioritariamente da sua "incapacidade para lidar com emoções ou necessidades complexas" (59%), falta de intuição humana (57%) e potenciais falhas nos algoritmos (54%).

Segundo Ivo Ivanov, CEO da DE-CIX, o estudo "demonstra claramente que, embora a IA esteja a tornar-se mais comum em Portugal, o público tem opiniões diversas e, muitas vezes, cautelosas sobre as suas formas mais avançadas e autónomas". Para este responsável, "a eliminação das preocupações relacionadas com a segurança e a fiabilidade da tomada de decisões em IA serão cruciais para a sua futura aceitação e integração na sociedade" e só desta forma será possível colher os frutos das oportunidades que a IA representa.

Maior "transparência, segurança e proteção dos dados" são o caminho para as empresas conquistarem "a confiança dos utilizadores", diz.

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O estudo foi conduzido pela Netsonda, a pedido da DE-CIX, através de questionários online. Foram ouvidos 800 indivíduos portugueses com idades compreendidas entre 18 e 64 anos. A recolha de dados decorreu entre 9 e 16 de abril de 2025.

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