Portugal sobe para 15º lugar no Índice de Transição Verde com aposta na agricultura biológica
Portugal ocupa a 15ª posição na segunda edição do Índice de Transição Verde (Green Transition Index, GTI) da consultora Oliver Wyman, tendo subido duas posições no ranking geral em relação à primeira edição, de 2022, em que ocupava a 18ª posição. O GTI avalia o desempenho em matéria de sustentabilidade e emissão de gases com efeito de estufa (GEE) em 29 países (27 Estados-membros da União Europeia, mais o Reino Unido e a Noruega), e Portugal ficou acima da média europeia na avaliação global, tendo ultrapassado Espanha que caiu cinco lugares.
A liderar esta lista estão a Dinamarca (1º), Áustria (2º) e Suécia (3º), que também melhoraram o desempenho em relação a 2022. A Suécia foi o país que mais progrediu nestes anos, com uma subida de três posições.
Apesar da evolução do país em matéria de transição verde, "Portugal tem ainda assim muito a melhorar em relação aos países líderes", frisou Joana Freixa, principal da Oliver Wyman em Portugal, num webinar de apresentação dos resultados do GTI. O índice atribui 100 pontos ao melhor desempenho e zero ao pior e Portugal acumulou 49 pontos, ligeiramente acima da média europeia de 48,6 pontos, mas ainda distante dos 60 pontos da Dinamarca.
O Índice de Transição Verde avalia sete categorias - Economia, Natureza, Resíduos, Edifícios, Transporte, Energia e Indústria Transformadora - e Portugal melhorou nas categorias Economia (13º lugar), Natureza (14º) e Edifícios (1º lugar), manteve o desempenho na Indústria Transformadora (21º), Transporte (19º) e Resíduos (28º), mas piorou no campo da Energia (9º).
Na Economia, o progresso resultou da "redução significativa" das emissões de GEE, tanto em valor absoluto como relativo", sublinha a Oliver Wyman. O país subiu da 10ª para a 6ª posição neste indicador. No entanto, ainda nesta categoria, aponta Joana Freixa, "Portugal registou uma diminuição dos gastos públicos, em percentagem do PIB, em Investigação & Desenvolvimento com objetivos ambientais".
Foi na categoria Natureza que houve mais avanços em comparação com a edição anterior do índice. "Portugal sobe 11 posições neste ranking, devido principalmente à melhoria do indicador agricultura biológica" , avança a consultora. "Na agricultura biológica, Portugal foi o quarto melhor país europeu, com 19% de área de agricultura biológica", sublinha Sofia Cruz. A Associate Iberia da Oliver Wyman aponta para dados da Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, segundo os quais Portugal triplicou, entre 2020 e 2022, os prados e pastagens permanentes de produção biológica.
Ainda na categoria Natureza, o calcanhar de Aquiles nacional é na exploração de água, "com o setor agrícola a consumir uma das taxas mais altas da Europa. No entanto, existiu uma melhoria no índice refletindo avanços na gestão hídrica versus o GTI anterior", avança a consultora.
Portugal lidera o ranking na categoria Edifícios, "principalmente devido à utilização de energias renováveis para aquecimento doméstico", o que pode ser reflexo, admite Sofia Cruz, de em Portugal haver "menos necessidade e menos capacidade de aquecer as casas".
Na Energia, Portugal continua no top 10 europeu (9º posição), sobretudo devido ao "peso das energias renováveis e biocombustíveis na produção de eletricidade (8ª posição, acima da média do GTI, mas longe dos líderes)", diz a OliverWyman, mas o país desceu cinco lugares em relação ao ranking anterior. Portugal acumulou 25 pontos nesta categoria, acima da média de 18,7 pontos dos 29 países, enquanto a Dinamarca somou 60 pontos.
As categorias onde Portugal fica pior colocado são as dos Resíduos, Indústria Transformadora e Transporte. "Estamos na cauda da Europa na utilização de transportes públicos, apesar do aumento na percentagem de automóveis com baixas emissões ", destaca Joana Freixa.
Nos Resíduos, Portugal ocupa o "penúltimo ligar do índice, com uma elevada produção de resíduos, baixa taxa de circularidade e resíduos depositados em aterros per capita significativamente superior à média".
Segundo a OliverWyman, em Portugal são depositados em aterros 273 kg de resíduos per capita, 89% acima da média dos países europeus.
Na categoria Indústria Transformadora, Portugal melhorou nos indicadores de "intensidade de emissões na indústria transformadora" e no "consumo de energia por valor acrescentado", que caíram 30% e 18%, respetivamente, mas os outros países também progrediram, o que resultou numa queda neste ranking, da 18ª para a 21ª posição.