As principais confederações patronais portuguesas estão unidas na busca de uma solução que assegure a estabilidade política. O presidente da Confederação Industrial Portuguesa (CIP), Armindo Monteiro vai mais um pouco mais longe e diz que agora é o “tempo dos moderados”, vendo com bons olhos um entendimento entre a AD e o Partido Socialista (PS).“A decisão deve ser entre moderados. Em termos de pontos em comum, de projeto europeu, de uma economia de mercado com preocupação social, a AD e o PS estão mais sintonizados entre si do que com outros partidos”, disse Armindo Monteiro ao Diário de Notícias. O presidente da CIP referiu ainda a Iniciativa Liberal (IL) entre essas “forças moderadas” de quem espera que assegurem “estabilidade e previsibilidade” para o país, de modo a que seja possível fazer reformas que tornem possível um “choque de produtividade” que permita melhorar as condições de vida dos portugueses.Fundada em 1974, a CIP é a maior confederação patronal portuguesa. Representa mais de 150 mil empresas, com um total de 1,8 milhões de trabalhadores e uma faturação que, em conjunto, equivale a cerca de 70% do Produto Interno Bruto (PIB).“Portugal precisa que as forças políticas moderadas, responsáveis e comprometidas assumam as suas responsabilidades. Pois são essas forças políticas que melhor podem, devem e sabem separar o seu interesse partidário daquilo que é o basilar, fundamental e preponderante interesse nacional. Exige-se às lideranças partidárias critério, sensatez, ponderação, compromisso, discernimento”, acrescentou o presidente da CIP.Questionado pelo DN sobre o papel do Chega, Armindo Monteiro respondeu que a CIP teve oportunidade de ouvir as propostas económicas de todas as forças políticas que participaram nas legislativas, com a exceção do partido de André Ventura, que não reuniu com a confederação patronal. “Temos todo o interesse em conhecer essas propostas”, acrescentou.AEP apela à “convergência”Por sua vez, o presidente da Associação Empresarial de Portugal, Luís Miguel Ribeiro, disse ao DN que “mantém o que disse aquando da queda do Governo: o importante é a necessidade de estabilidade política no país.”“Num contexto externo particularmente adverso, apenas com um cenário político estável será possível implementar medidas capazes de assegurar a robustez económica que Portugal precisa”, acrescentou Luís Miguel Ribeiro, frisando que, para a associação que lidera, a “prioridade” dos dirigentes políticos, inclusive do Presidente da República, deve ser “assegurar a estabilidade governativa por forma a que seja possível implementar as reformas que o país tanto necessita.”“Apesar de os resultados preliminares destas eleições não configurarem um cenário ideal de estabilidade, a AEP apela às forças políticas para a convergência numa solução governativa capaz de assegurar previsibilidade às empresas e investidores, bem como a execução dos Fundos Europeus”, salientou. Por sua vez, o presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros, disse ao DN que esta entidade que representa as empresas dos sectores turístico e hoteleiro está a analisar internamente os resultados eleitorais e só depois comentará os mesmos “com mais especificidade”. Para já, refere “que a CTP deseja que o País possa vir a ter estabilidade governativa, com um governo para os próximos quatro anos”.Nuno Amado: país precisa de estabilidade mas também de fazer reformasIgualmente ouvido pelo DN, o chairman do Millennium bcp e vice-presidente da Business Roundtable Portugal (associação que inclui as 50 maiores empresas nacionais), Nuno Amado, frisou que a “incerteza não é amiga do investimento e do crescimento”, mas ressalvou que não é apenas de estabilidade de que o país precisa. O país, disse o banqueiro, “precisa também de fazer reformas no enquadramento em que temos vivido ao longo de muitos anos”.“Mais importante de saber já quem vota contra e quem se abstém nos próximos orçamentos é, havendo estabilidade governativa como seguramente vai existir, haver uma saudável mas intensa oposição democrática, em simultâneo com a capacidade para efetuar acordos amplos entre governo e oposição para alterar condicionantes estruturais que têm sido, há dezenas de anos, barreiras ao desenvolvimento e ao bem-estar dos Portugueses”, defendeu Nuno Amado.“A capacidade de haver uma oposição ativa com a de ter convergências construtivas na revisão do sistema deve ser a prioridade. O voto popular também teve este sentido. O de mudança, o de fazer evoluir a nossa sociedade e não o de a manter estagnada”, concluiu.