Ministro da Educação quer melhorar literacia financeira dos alunos
FILIPE AMORIM/LUSA

Ministro da Educação quer melhorar literacia financeira dos alunos

"Globalmente os resultados não nos devem deixar satisfeitos", disse Fernando Alexandre sobre os resultados do estudo do PISA 2022, onde os portugueses obtiveram 494 pontos numa escala de zero a mil.
Publicado a
Atualizado a

O ministro da Educação defendeu esta quinta-feira que é preciso melhorar os conhecimentos dos alunos sobre literacia financeira, considerando que "estar na média da OCDE é pouco" e reconhecendo a importância das escolas e professores neste processo.

"Globalmente os resultados não nos devem deixar satisfeitos", disse Fernando Alexandre, durante a apresentação do estudo do PISA 2022, que voltou a avaliar o desempenho de milhares de alunos de 15 anos e concluiu que os portugueses tiveram piores resultados do que em 2018.

Numa escala de zero a mil, os portugueses obtiveram 494 pontos, ficando em linha com a média de 498 pontos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), revelou Anabela Serrão, do conselho diretivo do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), durante a apresentação do estudo em Lisboa.

Estes resultados colocam Portugal em 9.º lugar numa lista de 20 países.

"Não temos razões para estar entusiasmados ou muito satisfeitos com o resultado", disse o ministro da Educação, Ciência e Inovação (MECI), defendendo que ainda há "muito para melhorar" e que os portugueses estão "longe daquilo que é o objetivo de estar acima da média da OCDE".

Fernando Alexandre lembrou que está a decorrer um "processo de revisão das aprendizagens" e, nesse sentido, "a literacia financeira será reforçada", até porque se os alunos "não estão tão mal" nas atitudes e comportamentos, o mesmo não se poderá dizer em relação aos conhecimentos, onde ainda existe "um enorme espaço para melhorar".

O estudo da OCDE revelou que os jovens portugueses têm menos contacto com produtos e atividades financeiras -- apenas 38% tinham conta bancária (a média da OCDE é 63%) e apenas 27% tinham cartão de débito ou crédito (contra 62% da OCDE) -, mas destacam-se quando toca a comparar preços.

"Portugal deteriorou um pouco a sua posição em termos absolutos, caímos mais do que a média da OCDE. Estamos na média da OCDE e Portugal nunca pode estar satisfeito quando está na média da OCDE. Temos de ser mais ambiciosos e temos de fixar objetivos mais ambiciosos", disse aos jornalistas no final da apresentação dos resultados.

Sobre as estratégias para melhorar o desempenho e conhecimento dos alunos, o ministro reconheceu que "no final, acontece tudo na sala de aula", onde são precisos professores sensibilizados e com formação adequada, assim como instrumentos que envolvam os alunos.

Eulália Alexandre, subdiretora-geral da Direção Geral de Educação, explicou que a literacia financeira já se aprende nas aulas de cidadania e desenvolvimento, sendo um tema obrigatório ao longo dos anos e havendo até alguns conceitos que começam a ser trabalhados logo no pré-escolar.

"Os nossos alunos dizem ter falta de saber coisas, como fazer um contrato", exemplificou Eulália Alexandre.

Segundo o PISA 2022, 32% dos alunos têm contacto com atividades de literacia financeira nas aulas de Matemática e 30% nas aulas de Cidadania, mas confrontam-se, mais frequentemente, com tarefas que exploram a diferença entre gastar dinheiro no que se precisa ou no que se deseja.

Inês Drumond, vice-presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), lembrou que "literacia financeira é a primeira linha de defesa do consumidor".

Na visão de Carlos Morais Pires, representante da Comissão Europeia em Portugal, "os portugueses sabem fazer contas à vida", mas são "avessos ao risco".

Segundo Anabela Serrão, do conselho diretivo do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), os rapazes têm mais conhecimentos do que as raparigas e o estatuto socioeconómico tem forte influência no desempenho: os mais pobres ficaram, em média, 74 pontos abaixo dos alunos mais favorecidos.

Os portugueses destacam-se por terem por hábito comparar os preços em diferentes lojas antes de comprar, sendo que 70% preferem esperar e comprar quando fica mais barato, um comportamento só acompanhado por cerca de metade dos jovens da OCDE.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt