Lucros do Santander Portugal crescem 10,7% para 990 milhões em 2024
O Santander Portugal registou lucros de 990 milhões de euros em 2024, uma subida de 10,7% em relação a 2023. São lucros "históricos" sublinhou o presidente executivo, Pedro Castro e Almeida, em conferência de imprensa esta manhã. Trata-se de uma desaceleração em relação ao crescimento de 57% do resultado líquido em 2023.
"Foi um ano muito bom para Portugal", disse Pedro Castro e Almeida.
Mas mais importante do que a rendibilidade para o banco, sublinhou o CEO, são os 200 mil clientes ativos do Santander em Portugal. Só em 2024 foram mais 78 mil clientes ativos, um crescimento de 4,3% face ao ano anterior. Foram abertas mais 116 mil contas (+20,5%) e atribuídos mais 353 mil cartões de débito e crédito (+13,5%).
Apesar da tendência de descida das taxas de juro, a margem financeira do banco (diferença entre juros recebidos no crédito e juros pagos nos depósitos) aumentou 6,6% para 1590 milhões de euros, e o indicador ROTE (rendibilidade dos capitais próprios tangíveis) caiu 0,5 pontos percentuais para 25,4%.
O produto bancário atingiu 2070,9 milhões de euros, uma subida 5,9% face ao ano de 2023, traduzindo o crescimento da margem financeira.
O crédito total bruto a clientes cresceu 12,9% para 50,3 mil milhões de euros, com o crédito à habitação a aumentar 5,5% para 23,3 mil milhões. O crédito ao consumo subiu 8,1% para 1933 milhões, e os empréstimos a empresas e instituições reforçou-se em 21,6% para 24,9 mil milhõesde euros.
O banco diz que no crédito à habitação conseguiu reforçar a quota de mercado de 17% para 23% em 2024.
Os recursos de clientes aumentaram 5,9% para 45,9 mil milhões de euros, sendo que os depósitos registaram uma evolução positiva de 5,4% para 37,2 mil milhões no ano passado.
As comissões cobradas ao clientes somaram 452,2 milhões de euros, tendo caído 1,1%, face ao ano anterior. A este propósito, o administrador financeiro do banco, Manuel Preto, disse que "não é expectável que venha a haver um incremento nas comissões, o que acontece é que cada vez mais temos mais clientes a utilizarem os nossos serviços, o que implica um crescimento das receitas".
Em termos de solvência, o rácio CET 1 ficou em 16%, uma descida de 0,9 pontos percentuais.
O banco liderado por Pedro Castro e Almeida sublinha o contributo para a economia portuguesa, com o pagamento de cerca de mil milhões de euros de impostos em 2024, cerca de 500 mihões dos quais em IRC.
Crescimento de 1,9% é um "valor muito modesto"
Sobre o contexto macroeconómico, o CEO do Santander Portugal falou de "um ano exigente", mas com "sinais positivos".
"A realidade é que temos muitas notas positivas, e também há um sentimento agridoce. É verdade que a economia portuguesa cresceu 1,9%, acima da média da zona euro, mas é um valor muito modesto", disse Pedro Castro Almeida em conferência de imprensa. "Ainda estamos muito longe do nosso potencial", afirmou.
"Acho que nos falta, talvez, vontade. Temos infraestruturas de alta qualidade, temos talento de alta qualidade, que não consegue encontrar lugar, temos 23 mil milhões de euros do programa 20-30, mais de 16 mil milhões de euros por executar no PRR, portanto, temos todas as condições para que o país possa crescer a 3% e convergir para o que é a média da Europa", disse o CEO do Santander Portugal.
O gestor considera que a criação de emprego é um nota positiva da economia portuguesa: "É impressionante, num país como o nosso, termos aumentado a criação do emprego em 20% desde 2014", frisou.
No entanto, também disse que Portugal não está a conseguir criar emprego qualificado para fixar os jovens no país. "Fala-se muito em salários, fala-se muito em fiscalidade, a realidade é que nós não estamos a conseguir neste país criar emprego qualificado. Portanto, temos cada vez mais jovens qualificados, mas o país não consegue criar um emprego qualificado".
Pedro Castro e Almeida também destacou o aumento do rendimento disponível e a subida da taxa de poupança das famílias, assim como a redução da dívida pública como aspetos positivos da economia portuguesa no último ano.
Sobre o ano de 2025, o CE avançou que "as nossas projeções económicas apontam para um crescimento em Portugal em torno dos 2%, com um nível de desemprego relativamente baixo, e com o Banco Central Europeu a baixar as taxas de juro - achamos que a taxa de depósito vai ficar ao redor de 2%-2,25%, o que vai beneficiar muito famílias e empresas".