A atratividade de Lisboa junto dos investidores internacionais está a dar claros sinais de estabilização. No ano passado, estes compradores gastaram pouco mais de 900 milhões de euros na compra de casas na Área de Reabilitação Urbana (ARU) de Lisboa, num volume que representa uma quebra de 1% face a 2023, revelam os dados da Confidencial Imobiliário. Depois de protagonizarem um investimento histórico de 957 milhões em 2021, as aplicações anuais dos estrangeiros em habitação parecem ter atingido o ponto de consolidação: 910 milhões, em 2022; 912 milhões, em 2023; e 906 milhões no ano passado.Já o investimento dos portugueses na ARU de Lisboa (inclui todas as freguesias da cidade, com exceção do Parque das Nações, Lumiar e Santa Clara) disparou, impulsionado por um ambiente económico favorável sustentado na descida das taxas de juro e na estabilização da inflação. No ano passado, os investidores nacionais aplicaram 2150 milhões de euros na compra de habitação na capital, um montante que traduz um crescimento de 65% face aos 1305 milhões gastos em 2023. É um valor histórico de investimento com assinatura nacional.As estatísticas da Confidencial Imobiliário permitem concluir que Lisboa captou, no ano passado, um total de 3057 milhões de euros de investimento em habitação, mais 38% do que em 2023. Os compradores nacionais representaram 70% deste volume. Foram adquiridas um total de 5899 casas, mais 24%, das quais 4324 por portugueses (73%) e 1575 por estrangeiros. Estes indicadores demonstram que o ticket médio aplicado por nacionais aumentou 21%, para um pouco mais de 497 mil euros. Nos estrangeiros, a variação foi quase nula, situando-se nos 575 mil euros. A diferença entre o gasto médio dos portugueses em comparação com os internacionais reduziu-se, assim, dos 40% observados em 2023, para 16% em 2024.O regresso dos brasileirosExcluindo os portugueses, foram os franceses que mais investiram na aquisição de casas, no ano passado, em Lisboa, num total de 149 milhões de euros (adquiriram 206 imóveis). Estes investidores destronaram os norte-americanos, que aplicaram pouco mais de 142 milhões (197 unidades). As estatísticas do investimento na ARU de Lisboa dão nota do regresso dos brasileiros ao terceiro lugar na lista dos maiores investidores estrangeiros, posição que já não ocupavam desde 2019. Em 2024, despenderam 101 milhões de euros na compra de 158 habitações na capital. Os britânicos foram os senhores que se seguiram, com um volume de investimento da ordem dos 80 milhões (133 casas), e logo atrás encontram-se os alemães, com um gasto de cerca de 45 milhões (98). A encerrar a lista das seis nacionalidades mais ativas na compra de imóveis residenciais estão os chineses, com 36 milhões (86). No total, contabilizaram-se 74 nacionalidades que adquiriram casa na ARU de Lisboa, número em linha com os últimos anos.Mais de metade do investimento internacional ficou concentrado em cinco freguesias: Santo António, Estrela, São Vicente, Misericórdia e Arroios. Nesta lista, há que destacar S. Vicente, que captou um investimento de 104 milhões de euros, um aumento superior a 200% face a 2023. Também a Misericórdia viu a sua atratividade crescer, com um aumento de 39% no capital aplicado em habitação, num total de 100 milhões. As restantes três freguesias verificaram quebras na atração de investimento: 26% em Santo António, para 112 milhões; 30% na Estrela, para 108 milhões; 28% em Arroios, para 82 milhões.A consultora especializada em estatísticas do setor imobiliário destaca o desempenho do eixo oriental da cidade, com as freguesias do Beato e Marvila a registarem um forte crescimento do investimento em 2024. Apesar de representarem entre 1% a 2% do montante investido por estrangeiros, somaram 29,9 milhões de euros, o dobro do valor que atraíram em 2023.