Carlos Moreira da Silva, Presidente da associação Business Roundtable Portugal.
Carlos Moreira da Silva, Presidente da associação Business Roundtable Portugal.Reinaldo Rodrigues/Global Imagens

"Grupo de inconformados" acredita que "bastam 10 anos para sermos dos países mais ricos do mundo"

Associação BRP defende que é tempo de aliviar o garrote fiscal sobre o trabalho e as empresas.
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"Somos um grupo de inconformados", que acredita que bastam "10 anos para sermos um dos países mais ricos do mundo", disse esta segunda-feira, 30 de junho, o presidente da associação Business Roundtable Portugal, Carlos Moreira da Silva, na abertura da conferência Crlt alt Portugal - Reiniciar para crescer, que decorreu no Porto.

Perante uma assistência de mais de mil pessoas, Moreira da Silva lembrou que o país tem hoje a seu favor uma população mais qualificada, que fala línguas, usa tecnologia, aprende depressa, mas há que melhorar a capacidade de gestão.

Como sublinhou, "temos de ser exigentes. Começando por nós" e precisamos "melhorar a nossa capacidade de gestão e melhorar de forma muito significativa a nossa criatividade". Para o empresário, só desta forma é que é possível "depois ser exigentes com os políticos nacionais e europeus, e as outras forças sociais".

Na sessão de abertura da conferência da Business Roundtable Portugal (BRP), Moreira da Silva recordou que perdemos 1,5 milhões de portugueses nos últimos 20 anos. Pessoas que deixaram Portugal "desiludidas com um país que sentem que traiu os seus sonhos" e que tem o "elevador social quebrado".

Por isso, defendeu que é tempo de "baixar o garrote fiscal sobre o trabalho" e "alterar a estrutura do IRC, eliminando a derrama estadual". Na sua opinião, "só assim conseguimos quebrar a armadilha de pobreza que criamos em torno do salário mínimo".

Para Moreira da Silva, o caminho para criar riqueza no país já começou. E aproveitou para elencar algumas das iniciativas que a BRP tem dinamizado para responder ao objetivo de pôr o país a crescer, como programas de formação para desempregados e apoio aos gestores de pequenas e médias empresas. Recorde-se que a BRP tem como membros mais de 40 dos maiores grupos empresariais portugueses.

Imigração qualificada

O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, deu nota de ouvir a voz das grandes empresas na matéria do desagravamento fiscal e, na sua intervenção no evento, lembrou que o governo se propõe baixar o IRS até ao 8º escalão, num bolo total de 500 milhões de euros. Este "é o caminho que temos de continuar a fazer", disse. Também recordou a intenção do executivo em mexer no IRC e na derrama estadual. "Está no nosso horizonte do programa do governo, depois de reduzirmos as taxas até 17%, iremos à derrama estadual", afirmou.

Leitão Amaro aproveitou para frisar que o governo quer uma imigração "mais regulada, com controlo de fluxos à entrada" e “redirecionar o fluxo para atração de talento mais qualificado”. Em simultâneo, lembrou a necessidade dos empregadores apoiarem a integração destes trabalhadores e também a sua qualificação através de formação profissional. À margem da conferência, o ex-primeiro-ministro Durão Barroso – um dos oradores -, frisou que sem imigração o país "parava". No entanto, defendeu um “equilíbrio”. Como disse, "portas abertas, sim, portas escancaradas, não”.

O ministro da Presidência defendeu ainda que o país "não tem de ter uma rede social de sociabilização de más decisões de investimento". Essa "atitude paternalista do Estado" implicou apoios a quem fez investimentos errados, afirmou. Como disse, “quando alguém está a fazer o seu negócio deve contar com o país, com a sociedade e com o Estado”, mas não para “amparar as perdas causadas por decisões erradas”. Nos apoios sociais, "devemos amparar o indivíduo e a família que ficou sem emprego", considerou.

Três prioridades

Para colocar o país na rota do crescimento, a BRT defende três eixos de ação. Como descreveu ao DN Pedro Ginjeira do Nascimento, secretário-geral da associação, a primeira prioridade refere-se à necessidade de existir "uma visão partilhada e aglutinadora nas escolhas que fazemos individualmente, coletivamente enquanto empresas ou então até enquanto a sociedade". E "não temos" essa estratégia, "e isso prejudica-nos a todos". A segunda tem por base, a importância e a centralidade da criação da riqueza para o Estado, mas também para os privados. E o terceiro aspecto é a questão da celebração do sucesso das pessoas e das empresas.

Para Pedro Ginjeira do Nascimento, "temos de ter uma visão coletiva de crescimento para o país, de criação de riqueza". E acrescenta: "Sabermos criar riqueza não é um pecado, não é um luxo, tem de ser mesmo uma coisa importante e central para todos nós". E, concluiu, "sabermos celebrar o sucesso das pessoas."

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