Apesar das tendências mundiais mostrarem que os consumidores preferem, crescentemente, vinhos brancos e leves, quase metade do vinho que Portugal exporta é tinto
Apesar das tendências mundiais mostrarem que os consumidores preferem, crescentemente, vinhos brancos e leves, quase metade do vinho que Portugal exporta é tintoFOTO: Artur Machado

Exportações de vinho estão a cair 1,5%, arrastadas pelas quebras nos mercados norte-americanos e na Rússia

EUA e Canadá perdem 7% cada um, em termos homólogos, e a Rússia cai 35,7%. Em conjunto, estes três mercados estão a custar oito milhões de euros às empresas portuguesas. Angola contrabalança perdas.
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Depois de um primeiro trimestre a crescer 1,5%, abril veio estragar as contas às exportações dos vinhos portugueses. No acumulado de janeiro a abril, as vendas ao exterior estão a cair 1,5% precisamente, penalizadas pelos mercados norte-americanos, mas também pela Rússia. EUA e Canadá tiveram um decréscimo de 7%, cada um, mas a Rússia cai 35,7%.

Os dados são do INE, trabalhados pela ViniPortugal, e mostram que Portugal exportou, nos primeiros quatro meses do ano, 110 milhões de litros de vinho no valor de 294,5 milhões de euros. É uma descida de 1,5% em valor e de 1,6% em quantidade. O preço médio está em linha com o ano anterior, nos 2,68 euros por litro.

Em termos de valor, a quebra é de 4,5 milhões de euros, sendo que, só a Rússia, que, em 2024, foi o 11º destino externo do vinho português, triplicando compras face a 2023, perdeu 4,6 milhões de euros, ficando-se pelos 8,3 milhões.

Para os Estados Unidos foram menos 2,3 milhões de euros do que o ano passado, num total de 30,7 milhões de euros, e para o Canadá foram menos 1,1 milhões, não indo, no total, além dos 15 milhões de euros. A ameaça constante de tarifas por parte de Donald Trump ajuda a explicar estes números. Em janeiro, as exportações para os EUA caíram 22%, em fevereiro cresceram 26%, em março a queda foi de 1,5% e em abril o trambolhão foi de 27,2%.

A grande diferença é que a Rússia importa vinhos com um preço médio de 2,17 euros o litro, mesmo assim 3 cêntimos acima do ano passado, enquanto os Estados Unidos pagam 4,02 euros por litro, em média, e o Canadá 3,85 euros.

Já França, que é o principal mercado de destino das exportações, muito influenciado pelo Vinho do Porto, está em linha com o ano anterior, nos 33,7 milhões de euros.

O Brasil, que ocupa o 3º lugar, recua ligeiramente (-0,9%) para 24,9 milhões de euros e a Alemanha, que está na 5ª posição, perde 4,4% para 15,9 milhões de euros.

Do lado das boas notícias, destaque especial para o mercado angolano, que comprou, nestes primeiros quatro meses do ano, vinhos no valor de 15,2 milhões de euros, um aumento homólogo de 33,7%. Em termos absolutos, são mais 3,8 milhões de euros. Angola foi o 6º maior comprador dos vinhos portugueses neste quadrimestre.

O Reino Unido cresceu 4,4% para 20,7 milhões de euros, quase 1 milhão a mais do que em 2024, e os Países Baixos estão em linha com o ano passado, nos 14,9 milhões de euros.

Merece ainda realce o crescimento de vendas de 4,9% para a Polónia, que já nos 13,5 milhões de euros, e para os 12,4% de acréscimo para a vizinha Espanha, correspondentes a quase 1,2 milhões de euros a mais, num total de 10,5 milhões.

Nos países nórdicos, tudo cai: Suécia comprou 7,8 milhões de euros (-1,1%), a Dinamarca 5 milhões (-19,7%), Finlândia 4,1 milhões de euros (-10,3%) e Noruega quase 4,1 milhões também (-3,4%).

Por regiões e denominações de origem, o Vinho do Porto está em linha com o ano passado, nos 83 milhões de euros, enquanto o Vinho Verde cresce 4% para 40,1 milhões de euros. O Alentejo cresce 2,4%, para quase 24 milhões de euros, e Lisboa aumenta exportações em 15,1% para 22,2 milhões de euros. O top 5 é fechado pelo Douro, que cai 10% e se fica pelo18,4 milhões de euros.

Questionado sobre os números, o presidente da ViniPortugal admite que são "preocupantes", mas alerta que é preciso "analisá-los com cuidado", e sobretudo ter em conta que há muita oscilações de uns meses para outros.

Frederico Falcão está no Brasil, onde esta semana a instituição responsável pela promoção internacional dos vinhos portugueses organizou as suas tradicionais provas no Rio de Janeiro, pelo 12º ano consecutivo, e onde conseguiu bater o recorde de pessoas, com 10.500 enófilos a provar vinhos nacionais. Seguem-se as provas em São Paulo, que arrancam nesta sexta-feira e terminam domingo, dia 14 de junho.

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Exportações para os EUA cresceram em abril e atenuaram quebra do 1º trimestre

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